Falência de operadora gigantesca, bem similar à TIM, é marcada pela crise e calote de R$100M na ANATEL
Quando falamos em operadoras de celular, nomes como Vivo, Claro, Tim e Oi vêm imediatamente à mente.
No entanto, poucos se lembram de outras empresas que, apesar de prometerem revolucionar o mercado, acabaram desaparecendo da noite para o dia.
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Uma delas foi a Unicel, carinhosamente conhecida como Aeiou, que iniciou suas atividades em 2008 com a ambição de se tornar a “Gol da telefonia móvel”.
Infelizmente, ela que era tão popular quanto a TIM, não só sumiu do mapa, como também deixou um calote milionário com a ANATEL e clientes abandonados.
A situação era tão absurda, que em agosto de 2011, o Diário Oficial da União publicou um comunicado declarando que a Aeiou estava em “local incerto e não sabido”.
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Sendo assim, a partir de informações dos portais Valor Econômico e Wiki, a equipe especializada em economia do TV Foco traz toda linha dos acontecimentos e os impactos gerados após isso.
Uma promessa de sucesso
A Aeiou chegou nos anos 2000 ao mercado com um modelo de negócios inovador para a época:
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- Limitada inicialmente à região metropolitana de São Paulo, a operadora adotou uma estratégia de “soft launch” (lançamento suave), focando em estabelecer uma base sólida antes de expandir nacionalmente.
- Seu modelo era 100% digital, algo revolucionário em 2008.
- A empresa oferecia chips gratuitos, exigia uma recarga mínima de R$ 20 e operava exclusivamente no sistema pré-pago, sem vender celulares.
Outro diferencial era o portal online, onde os clientes podiam:
- Acompanhar em tempo real o consumo de créditos;
- Solicitar atendimento de suporte;
- Acessar outras informações.
Apesar de ser algo comum em nossa era, naquela época, essa praticidade foi considerada um avanço significativo.
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Além disso, a Aeiou oferecia tarifas competitivas:
- Ligações entre números da operadora custavam R$ 0,14 por minuto;
- Chamadas para outras operadoras a R$0,63 por minuto.
Expectativas x triste realidade
Apesar do modelo inovador, a Aeiou enfrentou desafios desde o início:
- A meta da empresa era atrair 500 mil clientes no primeiro ano e alcançar 2 milhões até 2010.
- No entanto, ao final de setembro de 2008, a operadora tinha apenas 3.649 usuários.
Apesar do número ser considerado consistente pelos executivos da empresa, que defendiam a estratégia de lançamento gradual, a infraestrutura de internet precária do Brasil na época e a baixa penetração de acesso à banda larga dificultaram a adesão em massa.
A situação ficou tão crítica que a Aeiou cogitou vender chips e recargas em casas lotéricas para atingir consumidores sem cartão de crédito ou conta bancária.
Mas, em 2011, a empresa simplesmente “virou fumaça”, deixando clientes e credores no vácuo.
Além disso, ações judiciais, incluindo pedidos de falência, tramitaram lentamente, já que os oficiais de Justiça não conseguiam notificar a empresa.
Escândalos e dívidas milionárias
A Aeiou pertencia à família do empresário José Roberto Melo da Silva e entrou no mercado após uma longa disputa com a Anatel, prometendo investir U$ 120 milhões ( cerca de R$500 milhões na época).
No entanto, o investimento nunca se concretizou, e a empresa acumulou calotes de aproximadamente R$ 100 milhões para com a ANATEL.
Em 2010, autoridades acusaram a operadora de receber favorecimento da então chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, para obter licenças de operação, envolvendo a empresa em um escândalo político.
José Roberto Camargo Campos, marido da ministra, era consultor da Aeiou.
A situação financeira da empresa piorou ainda mais quando ela deixou de prestar contas à ANATEL a partir de maio de 2010.
Naquele mês, a Aeiou tinha apenas 14.565 clientes, o que representava 0,007% do mercado de telefonia móvel no país.
Por fim, como resultado, a Unicel foi inscrita no cadastro de inadimplentes do governo federal (Cadin).
Toda essa situação configurou a sua situação como uma operadora em falência.
O abandono dos clientes
Com o desaparecimento da Aeiou, os clientes ficaram completamente abandonados.
O atendimento da operadora simplesmente parou de funcionar, e os consumidores que conseguiam contato eram orientados a migrar para outras operadoras por meio da portabilidade.
A ANATEL chegou a exigir a devolução de 48 dos 50 prefixos de celular da Unicel em julho de 2011, alegando subutilização.
Ao procurar declarações sobre o ocorrido, as mesmas não foram encontradas. No entanto, o espaço permanece em aberto.
Mas o que causou o fracasso da Aeiou?
De acordo com o portal Minha Operadora, o fracasso da Aeiou pode ser atribuído a uma combinação de fatores.
A operadora surgiu em um momento em que a infraestrutura de internet no Brasil ainda era precária, o que limitou sua capacidade de atrair clientes.
Além disso, a gestão da empresa mostrou-se despreparada para lidar com os desafios do mercado, não cumprindo as promessas de qualidade e revolução que haviam sido anunciadas.
Hoje, com a internet mais desenvolvida e a maior penetração de smartphones, é possível que a Aeiou tivesse um destino diferente.
No entanto, sua história serve como um alerta sobre os riscos de inovações mal planejadas e a importância de uma gestão sólida em um mercado tão competitivo quanto o de telecomunicações.
Conclusões:
Em suma, a operadora Aeiou, lançada em 2008 com um modelo inovador 100% digital, prometia revolucionar o mercado, mas enfrentou problemas como infraestrutura precária, baixa adesão de clientes e escândalos políticos.
Por fim, acumulando dívidas de R$ 100 milhões e sem honrar compromissos com a Anatel, a empresa desapareceu em 2011, deixando clientes abandonados e um legado de fracasso.
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