Gigante do setor de eletrodomésticos, rival da Brastemp, acabou tendo sua falência decretada após se afundar em dívidas e atuar por 21 anos no mercado
Ao longo de toda a nossa história, inúmeras varejistas, empreendimentos importantes e indústrias no país sofreram um fim inesperado e por vezes decadente.
Fato esse que acabou causando surpresa e até mesmo uma certa tristeza por parte de muitos consumidores fiéis.
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Como ocorreu no ano de 2016, quando uma gigante do setor de eletrodomésticos, rival da Brastemp, teve sua falência decretada pela Justiça de São Paulo, após 21 anos investindo pesado no varejo em território brasileiro.
E nem mesmo o faturamento de cerca de R$ 1,2 bilhão, computado no ano de 2007, conseguiu salvar a empresa que na época possuía 17% do mercado nacional de linha branca, fazendo com que esse valor tenha praticamente ido pelos ares.
Sendo assim, a partir de informações coletadas no portal TMA e Gazeta do Povo, a equipe especializada em falências do TV Foco traz mais detalhes sobre esse colapso e até mesmo fim decadente.
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Uma das mais conceituadas:
Estamos falando da fabricante mexicana Mabe, que em meio ao caos, acabou executando a demissão de 1,5 mil funcionários.
Fora isso, ela ainda fechou as portas de suas 2 fábricas localizadas no interior de São Paulo, mais precisamente em Campinas e Hortolândia.
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Conforme mencionamos, ela era uma das principais frentes da linha branca de eletrodomésticos atuando no Brasil.
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Para quem não sabe, esse segmento de bens de consumo envolve a comercialização de eletrodomésticos de grande porte — que assim como a Brastemp — produz:
- Refrigeradores;
- Fogões;
- Lavadoras de roupa;
- Secadoras;
- Fornos;
- Micro-ondas;
- Ar condicionado.
Funcionários na rua …
De acordo com o TMA Brasil, em janeiro de 2016, pouco tempo antes da sua falência, a companhia já havia demitido outros 342 profissionais por conta da baixa demanda pelos produtos das marcas Continental e Dako.
Para piorar, os trabalhadores foram dispensados sem receber a devida rescisão trabalhista por conta das dificuldades de caixa apontados pela companhia.
Com intuito de protestar contra essa situação, os trabalhadores chegaram a acampar em frente às fábricas, como podem ver no vídeo abaixo:
Vale mencionar que no fim do ano de 2015, os funcionários estavam sofrendo com calotes trabalhistas, uma vez não haviam recebido sequer o 13º salário.
Mabe se manifesta:
Porém, conforme exposto pela Gazeta do Povo, antes da falência, a Procuradoria do Trabalho tentou um acordo com a Mabe, mas sem sucesso.
Em nota oficial, o administrador da massa falida informou que: “todos os trabalhadores conseguiriam assinar as demissões e acessar o FGTS, bem como o seguro-desemprego”.
Entretanto, nenhum representante da Mabe no Brasil quis se manifestar sobre o assunto.
A produção nas duas fábricas da empresa estava parada desde o dia 18 de dezembro de 2015.
Dívidas:
Antes do decreto da falência, a fabricante já havia pedido recuperação judicial em maio de 2013, alegando dificuldades para pagar fornecedores e funcionários.
Inclusive, naquele mesmo ano, a companhia decidiu fechar uma fábrica na cidade de Itu, demitindo cerca de 1,2 mil pessoas. Posteriormente, a unidade acabou sendo vendida para enxugar dívidas:
- Na época, as dívidas da companhia somavam R$ 490 milhões;
- No entanto, o plano aprovado pela Justiça no começo de 2014, contemplava um valor menor, entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões.
Sendo assim, o plano de negócios elaborado pela consultoria Galeazzi & Associados previa um período de 10 anos.
Mas, no fim do ano de 2015, o administrador judicial informou à Justiça que o plano não estava sendo cumprido, o que acabou levando à sua decretação de falência no dia 10 de fevereiro de 2016.
Vale mencionar que na época a dívida chegou a R$ 1,1 bilhão.
Ainda mais embaixo:
Para piorar um pouco mais a situação, anos após a sua falência, mais precisamente no ano de 2019, um escândalo envolvendo a Mabe veio à tona.
Segundo o que foi apurado com exclusividade pelo portal Istoé Dinheiro, uma investigação sigilosa, apontou que a fabricante de eletrodomésticos Mabe, não havia fechado suas portas em razão da crise econômica (como argumentado por sua diretoria à época).
Ao que tudo indica, a investigação apontou que, na verdade, a falência foi causada pela insolvência premeditada pela Matriz da marca, localizada no México e seus sócios no Brasil.
Entre eles, a subsidiária da gigante americana General Electric (GE), maior conglomerado industrial do mundo, com faturamento de US$ 121,6 bilhões no ano de 2018.
Além dos empresários Gabriel Penteado e José Roberto Moura Penteado, ex-donos da Dako.
Bens bloqueados:
O mais surpreendente e decisivo capítulo dessa “novela mexicana”, cujo desfecho ocorreu no dia 02 de abril de 2019, foi o bloqueio de bens em até R$ 1,1 bilhão entre os bens e as contas bancárias da GE no Brasil e dos seus executivos da família Penteado, bem como os controladores da Mabe México, os irmãos Jose Luis e Francisco Berrondo.
Na época, ao ser procurada, a GE informou que não comentava a ação judicial em andamento.
O grupo Mabe também não quis se manifestar e a defesa da família Penteado informou não ter sido notificada.
Desenrolar:
Ainda de acordo com o Istoé Dinheiro, a documentação era extensa e substanciosa. Além disso, todos os elementos carreados para estes autos eram fortes.
O que roborava todas as suspeitas levantadas pela administradora judicial, de:
- Confusão patrimonial;
- Gestão fraudulenta;
- Desvios de recursos financeiros;
- Apropriação de ativos;
- Controle de operações da falida;
- Desvios de equipamentos.
Um fato ainda mais curioso é que, de acordo com o portal Wiki, ainda em fevereiro de 2016, a Mabe decretou falência também no México e chegou a pedir ajuda para as filiais brasileiras, porém sem sucesso diante de tudo que ocorria por aqui.
Conforme dissemos acima, a empresa e os envolvidos não quiseram se manifestar na época. Porém, o espaço permanece em aberto caso a mesma queira expor a sua versão dos fatos.
Qual a origem da Mabe e sua importância para o Brasil?
De origem mexicana, a Mabe começou a operar no Brasil no ano de 2003 com a aquisição da Dako.
Em 2009, ela comprou, por R$ 70 milhões, as operações das BSH, uma joint venture entre as alemãs Bosch e Siemens, que fabricava no país produtos com as marcas Bosch e Continental.
Com cinco marcas no varejo (Mabe, Dako, GE, Bosch e Continental), a companhia chegou, naquele momento, à segunda posição no mercado brasileiro de eletrodomésticos, possuindo uma fatia de 25%, atrás apenas da Whirlpool, dona da Brastemp e da Consul, que tinha 36,5%.
O Brasil também passou a ser o principal mercado da companhia, respondendo por 18% da receita. Porém, mercado não cresceu como esperado e os planos tiveram que ser revistos.
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Considerações finais:
A Mabe, gigante mexicana de eletrodomésticos, encerrou suas operações no Brasil em 2016 após acumular dívidas de mais de R$ 1 bilhão.
A empresa, que chegou a ser a segunda maior do setor no país, demitiu milhares de funcionários e fechou fábricas.
Investigações posteriores revelaram um esquema de desvio de recursos e gestão fraudulenta, indicando que a falência pode ter sido intencional.