Concorrentes da Volkswagen e Fiat acabaram se despedindo após enfrentarem cenário adverso e até mesmo falência
Montadoras como Fiat, Volkswagen, Ford, entre tantas, sempre foram vistas como as mais queridinhas quando falamos em referências na hora de escolher um carro.
Porém, ao longo dos anos, muitas dessas montadoras acabaram se despedindo para sempre do mercado automobilístico, o que foi um grande choque para milhares de motoristas.
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Sendo assim separamos 2 desses casos, envolvendo dois fins decadentes de gigantes do setor, como a falência da Gurgel, montadora tradicional brasileira e rival da Fiat, e a despedida oficial da Chrysler no Brasil, após cenário adverso.
1. Chrysler
De acordo com o portal Auto Papo, o caso da Chrysler foi um dos mais conturbados da indústria automobilística nacional.
Afinal, a multinacional fechou plantas no país não apenas uma, mas duas vezes, até que acabou dando um adeus definitivo para a tristeza de muitos entusiastas da época.
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Sua história começou aqui no ano de 1967, quando a empresa adquiriu as instalações da francesa Simca, incluindo a fábrica localizada em São Bernardo do Campo (SP), mesmo município onde, coincidentemente, a Ford também operou.
Ela que foi considerada uma rival da Volkswagen, remodelou o sedã Chambord, da Simca, e lançou uma linha composta pelos modelos Esplanada e Regente.
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Porém, a partir de 1969, começou a produzir por aqui uma gama própria, formada por modelos como Dart, Charger, D100 e Polara, entre outros.
Sua decadência começou em meados dos anos 70, causado, em especial, pelas crises do petróleo.
Em 1979, com vendas em baixa, a Chrysler vendeu suas operações no Brasil para justamente a sua maior rival, a Volkswagen.
Interessada no know-how da concorrente estadunidense no segmento de caminhões, a empresa de origem alemã manteve a linha de automóveis somente até 1981.
A fábrica de São Bernardo do Campo produziu veículos pesados por mais algum tempo até ser fechada, ainda naquela década.
Houve uma tentativa de retorno ao país em 1998, quando a empresa passou a montar a icônica pickup Dakota em uma nova fábrica em Campo Largo (PR).
Porém, essa unidade industrial encerrou as atividades precocemente, no ano de 2001. Com isso, o imóvel foi repassado à empresa Tecomseh, que passou a utilizá-lo para produzir pequenos motores a combustão, destinados a exportação.
Contudo, a história ainda teria mais um retorno ao país, já pelas mãos da FCA (Fiat Chrysler Automobiles), que em meados de 2021 se uniu ao Grupo PSA, criando a Stellantis.
Em uma nova fábrica erguida em Goiana (PE), são produzidos, desde 2015, veículos da marca Jeep.
2- Gurgel
Já a Gurgel Motors, rival da Fiat, surgiu em 1969, ano marcado pela obstinação por parte do governo em criar um parque industrial nacional, pautado em atrair indústrias estrangeiras.
Inclusive os anos 60 e 70 marcaram a ascensão dos primeiros grandes subsídios para a indústria automotiva nacional, além de um aumento expressivo nas obras faraônicas que levariam ao chamado “milagre brasileiro”, marcado pelos poucos anos nos quais o PIB brasileiro cresceu até 14% ao ano.
No início dos anos 80, com mais um choque do petróleo, a Gurgel colocou em seu portfólio ao menos 10 veículos, todos movidos a gasolina ou álcool. Neste período a empresa lançou um veículo civil de passeio, com 2 portas e 3.18m de comprimento.
Como os demais veículos, o preço e o fato de o veículo ser extremamente pequeno e sem condições de carregar bagagens, acabaram afastando Gurgel dos consumidores que, devido a esse fato, perdiam o interesse no mesmo.
Carro popular
Vale dizer que o custo elevado de seus veículos dadas as entregas, foi motivo da criação do CENA, o “Carro econômico nacional”, projetado para ser um veículo extremamente barato.
Conflitos com a família de Ayrton Senna, porém, levaram o carro a ser rebatizado de “BR800”.
Com preço de $3 mil, o veículo podia ser comprado apenas adquirindo ações da própria Gurgel. Na prática, a empresa buscava meios de se capitalizar, algo que ocorreu com as 8 mil unidades vendidas.
Para os compradores iniciais foi uma boa novidade, dado que 1 ano depois o veículo tinha até 100% de ágio. Ainda assim, o veículo durou pouco.
Porém, nos anos 90, a aposta da Gurgel em “carros populares” encontrou a sua devida concorrência, isso porque o governo de Fernando Collor abriu o mercado isentando de IPI veículos 1.0, atraindo fabricantes como justamente a sua maior rival, a montadora alemã Fiat.
Vale dizer que a empresa bateu seu recorde de vendas, quando comercializou 3.746 carros em 1991, mas caiu para 1.671 em 1992 devido a greve de funcionários da alfândega brasileira em 1991, que impediu a chegada de componentes da Argentina.
Segundo a Wikipédia, devido a quebra no ritmo de produção quebrou o fluxo de caixa da empresa e as dívidas só se acumularam.
A produção do X12 (único utilitário remanescente desde a abertura das importações no Brasil) foi reduzida drasticamente por conta de abalo entre a concorrência,
Afinal de contas a Volkswagen contava com o modelo 181, similar ao X12, que saiu de linha porque o segundo vendia tão bem que roubou espaço do primeiro. A marca também priorizou a fabricação dos seus carros populares (BR-800 e Supermini).
Foi no ano de 1993, que a Gurgel Motors tentou um acordo com o governador do estado do Ceará, na época, Ciro Gomes, para salvar conseguir salvar a empresa. Mas, foi em vão, e sem apoio do governo, a Gurgel pediu concordata em junho daquele mesmo ano.
Mas de acordo com o portal Blocktends, Ciro afirma que a a história é diferente. A Gurgel Motors tomou um empréstimo de $3,5 milhões no Banco do Nordeste e não pagou, deixando o débito para o governo do estado quitar.
Falência
A Gurgel Motors ainda tentou mais uma vez se salvar, no ano de 1994, quando pediu ao Governo Federal para um financiamento o valor de 20 milhões de dólares à empresa, mas este foi negado, sendo assim, a fábrica foi declarada falida ainda naquele ano.
Em meio à declaração de falida pelo governo, a empresa conseguiu recorrer da decisão de decretação de falência e ficou ativa até setembro de 1996.
Seus últimos projetos foram:
Supermini 1995: Uma versão com traseira mais reta que o Supermini anterior e seria lançado nesse mesmo ano.
Motomachine: Um minicarro urbano pensado como meio de transporte; as últimas versões de Tocantins (que perdurou de 1992 a 1995) com uma ligeira mudança na grade dianteira e Carajás (sem nenhuma mudança relevante)
Motofour – De conceito similar ao Motomachine, teve um único exemplar fabricado. Durante esse período, a marca ainda produziu mais 130 veículos.
Mas o que aconteceu com a Gurgel após a sua falência?
Ainda de acordo com a Wikipédia, desde o fim da empresa, a fábrica de Rio Claro ficou nas mãos de um escritório em São Paulo.
E desde o ano de 2001 a justiça vinha tentando vender a fábrica, que enfrentava muitos furtos de peças dos carros abandonados e ainda inacabados: pelo menos 30 boletins de ocorrência foram feitos.
Após diversas tentativas de venda do terreno da fábrica e seus veículos abandonados, ela só foi leiloada em 2007, por quase R$16 milhões. O dinheiro serviu como pagamento de dívidas trabalhistas, que chegou a quase R$20 milhões.
A montadora Gurgel deixou um lastro de R$280 milhões em dívidas.
Ao longo das mais de duas décadas em operação levaram a criação de 40 mil veículos que hoje representam uma boa relíquia para colecionadores nacionais.