Novela é hábito e faz parte da rotina da grande maioria dos brasileiros. Talvez você esteja no grupo que não faça mais tanta questão de acompanhar um folhetim ou que acredite que esse hábito já caiu em desuso, mas a novela das nove ainda continua o carro chefe da grade de programação da maior emissora do Brasil: Globo.
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Porém, a audiência vem refletindo alguns problemas, que de acordo com a crítica televisiva, falta bons personagens, tramas e, principalmente, emoção.
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Especializada em teledramaturgia, a Rede Globo entende mais do que ninguém seu público e está sempre atenta em fazer ajustes em seus produtos, principalmente as novelas, mas nota-se que no quadro atual, os esforços estão demorando a surtirem efeito.
A novela das seis costuma ser mais tranquila quanto a forma de sua narrativa e histórias. “Espelho da Vida” vem com uma boa proposta, principalmente com o enredo que mexe no ‘filão’, vidas passadas. Talvez a ideia ousada do ir e voltar da protagonista durante os capítulos, possa confundir o público mais tradicional do horário e cansar aquele que está disposto a parar e entender quem é o mocinho e o vilão da história e em que época os personagens estão. Parece, mas não é uma tarefa tão simples assim.
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Vitória Strada, João Vicente de Castro e Alinne Moraes estão bem em seus personagens, mas a entrada do personagem de Rafael Cardoso no tempo atual da novela, talvez tenha demorado demais. Irene Ravache e Reginaldo Faria deslancham em qualquer cena, em qualquer época da novela.
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Em “O Tempo Não Para”, a premissa chamou muito atenção, principalmente na ideia do autor de poder brincar e discutir problemas atuais trazendo personagens congelados do século passado. Mas toda a graça das figuras trazidas de outro tempo e descobrindo o que evoluiu, retrocedeu, e o que continua a mesma coisa no tempo presente, esgotou logo nos primeiros capítulos. Depois disso, os personagens de Edson Celulari, Christiane Torloni, Juliana Paiva e Nicolas Prattes ficaram ‘girando em falso’ numa trama pouco desinteressante e batida, que mistura interesses em poder de ações da empresa e armações fracas para separar os casais protagonistas. Apenas.
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Os outros descongelados acabaram sem funções ou boas tramas dentro da novela. Uma pena. Kiko Mascarenhas, Milton Gonçalves, Bia Montez, Olivia Araújo, Rosi Campos e Solange Couto tiveram ótimas cenas. O maior problema de “O Tempo Não Para” foi a falta de um bom e velho vilão, que poderia ter vindo no pacote de descongelados.
Se em “O Tempo Não Para” falta vilões, em “O Sétimo Guardião” sobra personagens arrogantes. Aliás, a maioria das falas entre os habitantes de Serro Azul são marcadas por ironias ou alfinetadas entre um e outro. O talento de Tony Ramos é indiscutível, mas colocar seu personagem para brigar cena sim e a outra também, cansa.
Lília Cabral também é ótima e já interpretou boas antagonistas, com mais sutileza e vilania como a Sheila da novela “História de Amor”, de 1996, e a vovó do mal, Marta, em “Páginas da Vida”, de 2006, ambas de Manoel Carlos.
Valentina de “O Sétimo Guardião” não consegue despertar nem o ódio nem a pena do público. A personagem é desenhada para ser a “boazona”, que veio da capital fazer fortuna explorando uma fonte da juventude de uma cidade “inóspita”, como é definida Serro Azul na novela. Porém, a falta de relações de afeto com as pessoas que a cercam, a deixam praticamente isolada da trama. Valentina briga com filho, com a irmã, com o sócio, com os empregados e com a “melhor amiga”, Marcos Paulo, interpretado pela Nany People (que vai muito bem por sinal). Em novela, a emoção tem que falar mais alto, o público não pode apenas rejeitar a personagem Valentina. Os telespectadores têm que odiar, torcer para ela se dar mal, e não apenas virar os olhos quando a personagem “chata” entra em cena, como faz os moradores de Serro Azul.
E também, vamos combinar? É injusto colocar parte de um elenco estrelar da Globo para ficar atravessando parede de banheiro e chegar até uma fonte. Os guardiões precisam de mais tramas, mais conflitos. O gato Leon pode (e deve) até continuar, mas essa falta de emoção tem que acabar.