Contratada da Globo desde 1996, Glenda Kozlowski, apresentadora esportiva da emissora carioca, recusou um trabalho na empresa após um trauma vivido. Convidada para narrar os jogos da seleção brasileira feminina na Copa do Mundo 2019, Glenda resolveu recusar a proposta.
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O motivo? O trauma que sofreu nas últimas Olimpíadas, realizada no Rio de Janeiro, onde fez a locução de algumas transmissões esportivas.
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Durante o evento Rio2c, maior festival do mercado audiovisual brasileiro, Glenda Kozlowski relatou como foi essa experiência traumática: “Se não fosse por causa da Rosane Araújo (diretora do “Esporte Espetacular”) e do Renato Ribeiro (diretor da Central Globo de Esportes na época), eu teria saído da cobertura olímpica”, disse Glenda no estande feminino do evento. A jornalista diz ter ficado extremamente assustada com as críticas que recebeu pelas redes sociais durante a narração da Ginástica Olimpica: “A coisa foi reverberando, fui vendo os meus 27 anos de dedicação ao Esporte jogados fora, indo pro lixo. Eu não tinha coragem de andar no corredor, aquilo me tomou de um jeito que eu andava curvada, só chorava”.
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Atuando pela primeira vez como narradora esportiva, Glenda Kozlowski associa às críticas à falta de costume dos telespectadores em ouvir uma voz feminina no esporte: “No primeiro dia, com o Cléber Machado; no segundo, com o Galvão; no terceiro, com o Luís Roberto. Eu ficava pensando se era algo errado comigo, com meu jeito de narrar, com minha técnica.”
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A situação ficou tão insustentável para Glenda, que ela chegou a pensar em desistir. Segundo ela, ao chegar na redação, disse que não iria mais trabalhar, pois não queria passar por tudo aquilo novamente. No entanto, após um telefonema de uma diretora da Globo a convenceu de narrar sozinha a final de Ginástica Olímpica.
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“Eu cheguei na Redação e falei: ‘Olha, estou indo embora agora, não vou passar por isso nunca mais na minha vida. Eu não quero mais, vou pra casa, chega'”. Mas uma ligação de uma diretora da Globo a convenceu de narrar sozinha a final de Ginástica Olímpica “ela disse: ‘Glenda, amanhã é o dia da medalha do Diego [Hypólito], você vai narrar sozinha’. E eu narrei, foi um sucesso. O Diego foi medalhista, o Arthur [Nory] também. E aí eu percebi que o hábito das pessoas é escutar uma voz masculina na narração. Ali eu senti o machismo e o preconceito pela primeira vez na minha vida.:”
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Recusando a proposta da Globo, Gelnda acabou derrubando um feito inédito na emissora, que seria a formação de uma equipe de transmissão 100% feminina, com repórteres mulheres, comentaristas femininas e Glenda como narradora: “Vocês vão ter que se acostumar com as vozes das mulheres. Porque, pela primeira vez, a Globo vai transmitir a Copa do Mundo feminina, e em todos os jogos da seleção brasileira, a equipe, repórter e comentarista, vai ser de mulheres. Só não vamos ter narradora. Ainda.”
Apesar de não participar diretamente das transmissões, Glenda reconhece que será uma grande mudança a Globo fazer a cobertura desse evento: “Assistir a isso na Globo, que é como um canhão, acho que eu vou sentar e chorar. Pelas meninas, pela Marta, pela Cristiane, por todas elas”.