A atriz Flávia Alessandra marcou seu retorno ao horário nobre da Globo nesta última semana em O Sétimo Guardião. Na trama, ela interpreta Rita, casada com o delegado Joubert Machado (Milhem Cortaz), que tem o hábito estranho de usar lingerie.
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Em entrevista para a revista Quem, a beldade falou um pouco da personagem e da relação com o autor da trama. “Estava há algum tempo querendo trabalhar de novo com o autor da novela, mas nossas agendas sempre se desencontravam. Já tinha mais de dez anos da nossa última novela e agora voltei para o núcleo do humor. Essa foi outra razão que me levou a dizer sim para o convite: voltar a transitar em uma área que não faz parte do meu perfil como atriz é muito bom. Tinha anos que eu não fazia comédia. A Rita de Cássia é uma personagem ainda muito pontual nos capítulos, mas retorno à TV com essa história superinusitada dela ser casada com o delegado da cidade, um homem que tem essa mania, digamos assim, de usar calcinha”, afirmou.
“A Rita topa essa fantasia do marido e, em dado momento, revela a sua para Joubert, que não aceita. Aí, começa uma boa discussão em torno do que pode ou não pode, de um machismo velado. A novela não foi inicialmente calculada para ir ao ar com todo esse momento que a gente está vivendo, mas toda discussão que se traz eu acho saudável. Não é preciso defender, ser contra ou a favor, mas penso que contar essa história é muito saudável para a sociedade como um todo. A forma que o autor escolheu, de ser pela via da comédia, foi inteligente, porque a gente toca melhor em assuntos mais delicados de um jeito leve pelo humor. Eu e Millhem buscamos um caminho de muita verdade e delicadeza”, disse.
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Ainda na conversa, Flávia relembrou sobre novelas globais carregas de tabus nas quais hoje em dia seriam considerada “normais”. “No ano que vem faço 30 anos de Globo; a minha primeira novela eu tinha 15 anos, foi Top Model. Muita coisa mudou de lá para cá, mas eu ainda assim vejo como foi importante o papel dessa trama, que tratava do tema gravidez precoce com a personagem da Adriana Esteves (Tininha). Era um tabu, não se falava daquilo há 30 anos, se escondia, a pessoa saía da cidade. Quando a gente está vivendo aquele momento, talvez não tenha tanta percepção (da dimensão do fato), e eu era muito nova. Mas hoje vejo tanta discussão que a gente trouxe e como foi importante. Em cada trabalho tinha um fatorzinho importante sendo tocado, fosse falando de história de amor ou não, nem defendendo nem sendo contra, mas colocando na mesa. As novelas sempre vêm cumprir com um papel cultural muito importante. A nossa vida mudou, sim, de lá para cá, até a forma como a gente vê essas coisas mudou”, comentou.
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Aproveitando o assunto, a esposa do apresentador Otaviano Costa falou sobre o machismo e como ele poderá ser abordado em O Sétimo Guardião. “Não acredito que o autor vá querer ir a fundo no tema do machismo do Joubert para discutir a opressão feminina, mas de uma maneira sutil e pela comédia isso será abordado. Temos cenas em que a Rita falou exatamente isso para Joubert (sobre seu machismo). Isso é uma forma da dona de casa que está assistindo ver, veladamente ou não, que existe ali um machismo. Acho que vamos seguir por esse caminho mais leve para tratar do assunto”, garantiu.
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“A Rita se utiliza da sensualidade de uma forma muito relax e saudável. Trata-se de um casal de uma cidade do interior, sem TV, telefone ou internet, que optou por não ter filhos. Um vive para o outro. Ela sabe que tem essa sensualidade, mas pratica isso de uma maneira trivial no dia a dia. Eu não tenho essa Rita dentro de mim, não. A nossa vida é bem diferente. Eu sou uma pessoa normal, trabalhadora, mãe de duas filhas, que tenta dar conta de casa, de malhação, do supermercado, das tarefas. Eu me sinto poderosa quando me arrumo, quando vou sair com maridão. É a mesma sensação de todas as mulheres normais quando temos tempo para nós, quando a gente se arruma para sair com seu amor e vai naquela de ‘nossa hoje eu estou bem, hoje eu estou me sentindo legal’. Aí vem essa sensação (de sensualidade)”, completou.
Flávia Alessandra ainda se diz esperançosa com o futuro diante de tamanhas intolerâncias. “Tomara que seja mais fácil para a geração das minha filhas, é o que a gente tenta plantar, o que sonhamos. É minha minha filha poder pegar o metrô de short e voltar sete e meia da noite, e ela não ter medo e nem eu. É uma coisa tão banal e é algo de que a gente tem medo e trata no nosso dia a dia já com naturalidade, ‘ah, vou voltar de metrô e não posso ir de short’. Espero que isso não seja mais um pensamento normal nosso”, afirmou.