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Elisabeth Miessa
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Ou, se preferir, Beth Goulart.
São duas em uma.
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E uma que se divide multiplicando.
Beth intriga a Ciência com um enigma:
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Talento é genético?
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Talvez seja.
Mas, se não for, ele decidiu se hospedar com a família Goulart.
E Beth parece ter aproveitado a visita.
Dona de um sorriso cativante.
Senhora de lágrimas convincentes.
Beth e suas personagens nos convencem (facilmente!) a nadar contra a corrente.
O texto é lido e por ela traduzido com um simples olhar.
E agora, sem olhares, mas com palavras, ela irá te cativar.
Com vocês,
Beth Goulart!
Foco Máximo Para começar, uma curiosidade: Seu pai, Paulo, criou o “Goulart” e sua mãe, Nicette, criou o “Bruno”. De onde surgiu essa ideia dos sobrenomes artísticos? Qual é a origem de ambas as escolhas?
Beth Goulart Tudo começou com um tio de meu pai que trabalhava numa Rádio como locutor e não queria que ninguém soubesse que era ele, então ele foi o responsável por criar este pseudônimo “Airton Goulart”. Meu pai começou em Rádio também e ficou conhecido como o sobrinho do Airton, o Paulo… Goulart. No meu caso, foi parecido e ao mesmo tempo diferente, porque fui apresentada num Programa de TV do Goulart de Andrade chamado Opção. Era um Programa de variedades e cultura e eu declamei um poema de Fernando Pessoa que ele (Goulart de Andrade) falava no teatro no espetáculo Fernando Pessoa Pede Passagem. Ele gostou de me ver falando o mesmo poema que ele numa apresentação de colégio e me convidou para fazer o mesmo em seu Programa. Eu tinha uns 9 anos de idade e ouvi meu nome dito assim: “Com vocês a filha do Paulo Goulart , Beth Goulart!” Ali ouvi pela primeira vez meu nome artístico e gostei da sonoridade.
No caso de “Bruno”, é o nome da família de minha mãe mesmo, embora ela carregue na certidão o nome de seu pai, Xavier. Foi uma homenagem a sua mãe, Eleonor Bruno.
FM Aproveitando o ensejo, Elisabeth Miessa e Beth Goulart são a mesma pessoa ou o sobrenome artístico traz consigo uma outra faceta da sua personalidade?
BG Digamos que a Beth Goulart é a figura pública da Elizabeth Miessa. Todos conhecem a Beth Goulart, mas poucos conhecem a Elizabeth. A Elizabeth é tímida, quieta, calma e reservada, já a Beth Goulart tem a ousadia dos inquietos, dos extravagantes, dos não-convencionais. Eu sou as duas, cada uma em seu momento.
FM Ser filha de dois dos maiores ícones da TV gera um bônus ou um ônus? Você sofre com comparações?
BG É claro que é um bônus, embora ser artista no Brasil já seja um ônus por si mesmo. É uma profissão muito difícil, onde temos que matar um leão por dia e ninguém vai lá matar o leão por você. Não adianta ser de uma família conhecida se você não faz nada para ser conhecido por seu trabalho. Somos testados sempre em cada trabalho que fazemos. Talvez sejamos um pouco mais exigidos por sermos filhos de pais famosos, mas a exigência faz parte do trabalho e nos leva a nos superarmos sempre para ultrapassar a nossa própria exigência. As pessoas podem ser comparadas, a Arte não.
FM Numa família que respira TV, há muita troca de experiências e sugestões? Um consegue acompanhar o trabalho do outro?
BG O que existe é uma grande torcida de um pelo outro, mas temos métodos diferentes de trabalho. Às vezes um aconselha o outro mas tem a hora certa de dar opinião. Cada um tem que construir do seu jeito o personagem, com suas características, mas podemos sugerir pequenos detalhes que fazem a diferença. É como uma família de bons jogadores, podemos sempre lembrar daquela jogada que virou o jogo.
FM Após tantos anos na Globo o que a motivou a aceitar o convite da Record?
BG Renovação. Na verdade foi muito simples: meu contrato com a Globo acabou e a Record me contratou. A Record estava interessada em meu trabalho e acho que a Globo perdeu o interesse. São coisas que acontecem em fim de casamento, mas ainda somos amigos. Às vezes é preciso perder para valorizar.
FM Do alto de toda a sua experiência e know-how, você ainda identifica abismos que separam a Record da Globo? São muitas as diferenças de condições de trabalho e Produção?
BG Não vejo tanta diferença não, os profissionais são os mesmos, as condições técnicas e de trabalho também. Existem diferenças de extratégia, mas não cabe a mim tecer comentários, foge à minha função de atriz.
FM Encerrando o tópico Globo, você se sentiu desprestigiada pela Emissora? Em meio a um Cast tão grande, é difícil administrar o fato de que se é apenas uma peça de todo o Conjunto?
BG É inegável que gostamos de ser valorizados, seja em que profissão estivermos. Algumas pessoas preferem a estabilidade do emprego e uma carteira assinada, sem se importar com a função, outras preferem correr riscos para realizar os seus Projetos. Eu sou desta segunda categoria. Eu quero dar o meu melhor onde sou valorizada por isso, tendo bons personagens, boas oportunidades de ampliar as chances que me oferecem. Assim me sinto útil, me sinto indispensável.
FM Falemos da Regina de Vidas em Jogo. Como foi interpretar uma personagem tão complexa? Aquela “humanização”, onde ela passou a nos despertar compaixão ao invés de raiva, já estava prevista no Texto ou surgiu espontaneamente?
BG Quando conversei com o Avancini (Diretor) para fazer a Novela, ele me disse que era a grande vilã e eu perguntei “Mas que tipo de vilã? Ela gosta da vilania?”. Ele me respondeu que não, ela era na verdade uma grande mãe. Essa foi a chave para a humanização da Regina. Uma das maiores qualidades da maternidade é a generosidade, a doação. Por maior que fosse a maldade dela, sempre havia o Amor que justificava seus erros, suas atitudes. E com Amor, tudo pode se transformar e ainda veio a doença. Dois grandes motivos para se arrepender. A Regina era uma vilã com culpa. Enquanto há consciência, há possibilidade de mudança.
FM Em tempos de tantas inovações na Dramaturgia, como você avalia este crescimento da Ação e o detrimento do Romance? A maioria das Novelas parece ter abandonado fórmulas antigas em busca de novos Formatos. Como você enxerga essa “mutação”?
BG Mudanças fazem parte do nosso mundo. A velocidade das informações gera uma velocidade em todos os Formatos, desde movimentos de câmeras à Dramaturgia. O Romance parece ter perdido o sentido, o Romantismo então nem se fala. Mas acho fundamental não se perder os valores básicos do ser humano. Por mais que a impunidade nos gere uma sensação de que não adianta fazer nada para mudar a Sociedade em que vivemos, ainda acredito que mudando nossas atitudes diante do mundo ele acabe se transformando um pouco. É o Efeito Borboleta. Mas acho que a Dramaturgia deve refletir estes questionamentos sem esquecer da humanidade, sem perder a delicadeza. A violência e a maldade parecem anestesiar os bons sentimentos, e com eles os personagens bons. É possível ser bom sem ser idiota. O Público parece se identificar mais com os vilões, talvez porque eles sejam mais interessantes que os bonzinhos que são sempre as vítimas. Acho neste sentido que a Dramaturgia cresceu admitindo a dualidade humana. Ninguém é “só bom” ou “só mau”, todos somos repletos de contradições. É preciso ser duro como a Realidade mas sem jamais perder a Delicadeza.
FM Você atua como Colunista no Jornal da Record News. Esta é a sua primeira experiência no Jornalismo? Como foi embarcar nessa nova forma de Linguagem?
BG Sim, é a minha primeira experiência e estou adorando. É uma oportunidade de crescimento olhar a notícia pelo outro lado da câmera. Aprender a ser mais objetivo nas informações e pensar o que o público gostaria de saber diante do fato. Gosto de escrever então também é um exercício de escrita desenvolver o comentário da semana, pesquisar sobre o que vou falar e principalmente escolher a pauta da semana. São minhas opiniões que contam e isso é um novo desafio para mim.
FM Há alguma previsão de volta às Novelas? Quando a veremos no ar novamente? E, enquanto isso não acontece, quais são os seus projetos?
BG Devo retornar ao ar na próxima novela da Gisele Joras, sob direção do Spinello, depois de Máscaras. Enquanto isso, viajo pelo Brasil com o espetáculo Simplesmente eu, Clarice Lispector, o que me deixa muito feliz. Devo voltar ao Rio no segundo semestre para uma nova temporada.
FM Recentemente, seu pai admitiu estar com Câncer. A enfermidade de seu pai moldou sua rotina de alguma forma? Como está sendo enfrentar este período de dificuldades?
BG Estamos enfrentando todos juntos esta doença, ela nos uniu ainda mais. Ele está muito bem, reagindo bem ao tratamento e vai sair desta mais forte do que entrou. A medicina está bem avançada e sabemos que bons pensamentos, Esperança e Fé no tratamento fazem toda a diferença. Aproveito para agradecer todas as manifestações de carinho e torcida que estamos recebendo.
FM Deixe um recado para a legião de admiradores que está acompanhando nosso papo.
BG Acreditem na capacidade do ser humano de se superar, em todos os sentidos. Superar as dificuldades, uma deficiência, os obstáculos da vida, sua condição. Viemos ao mundo para aprender sobretudo a sermos felizes, apesar de…
Ouvi certa vez: “Existe o caminho da felicidade? A felicidade é o caminho!!!”
PERFIL
Frase – “Quem olha pra fora sonha, quem olha pra dentro acorda”. (Jung)
Livro – Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres, de Clarice Lispector
Música – Claire du Lune, Debussy
Na TV, assiste… – Novelas, filmes, documentários
Na Internet, acessa… – Google nas pesquisas e YouTube para me divertir
Deus – É Amor
Família – Minhas raízes
Alegria – Fundamental para viver
Tristeza – Um mal necessário
Sonho – Criar uma escola de formação de artístas.
Frustração – A impunidade no Brasil
FM Qual é o Foco Máximo de Beth Goulart?
BG É meu trabalho, onde me expresso diante do mundo!
Que Deus abençoe todas as áreas de sua vida, Beth! São os votos da Foco Máximo!