Foco Máximo com Jonas Bloch
16/07/2012 às 17h58
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Jonas Bloch
De origem hebraica, o sobrenome Bloch significa “estrangeiro“.
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Há muito, porém, os Bloch tornaram-se patrimônio nacional.
Jonas é mais um representante do clã.
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Mais claro do que seus cabelos é o seu talento.
Talento de alguém que não precisa de muito para brilhar.
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Basta-lhe um olhar, um sorriso, um esgar.
Com Jonas, cada cena se torna História.
E a cada dia páginas e mais páginas são acrescentadas por este “estrangeiro” que conquistou o Brasil.
A Foco Máximo decreta feriado.
Neste instante, um Ícone da Arte conversará conosco…
Foco Máximo Em Máscaras você vive Big Blond, membro de uma Organização Internacional. Como é interpretar um personagem tão peculiar sem se tornar caricato?
Jonas Bloch Em Novela, o ator tem que estar muito preparado para se adaptar a tudo. No começo, o personagem vai sendo construído com o trabalho em progresso. Como não é uma obra acabada, vai sendo colocada em cena a visão do diretor, a interpretação do ator e, a partir destas primeiras abordagens, o autor vai delineando o personagem. Tudo vai se transformando à medida que os primeiros capítulos vão para o ar.
FM Como foi sua preparação para encarnar o Big?
JB Como eu disse na resposta anterior, fui modificando a minha visão do personagem aos poucos. Pensei em fazer um personagem mais frio, calculista, mas com o correr do trabalho, ele foi ficando mais sanguíneo, emocional, apaixonado.
FM Num mundo de tantas “Teorias Conspiratórias” seria possível afirmar que existem Big Blonds andando por aí?
JB Depois do 11 de setembro, com a destruição das torres do World Trade Center, tudo que se imaginava pertencer à ficção se tornou possível. O mundo perdeu sua capacidade de evoluir humanamente, continua baseado no interesse econômico, colocado o dinheiro acima de tudo.
FM Você fez parte do grupo de atores que assinou a “Carta de Amor a Máscaras”. O que o motivou a aderir ao manifesto amoroso?
JB Eu fui um dos redatores da Carta. Acho que a Novela, com todos os defeitos que se possa apontar, não teve sua ousadia percebida pela mídia, que vem massacrando a Record injustamente, baseada em índices de Ibope, tentando dar a imagem de uma Emissora menor, quando ela foi e é um acontecimento importante, aumentando as possibilidades da Novela brasileira, antes somente feita pela Globo.
FM Máscaras já é seu quinto trabalho consecutivo na Record. Como você avalia estes anos na Emissora? Até quando vai o seu contrato com a Casa?
JB Meu contrato vai até março de 2014 e tenho sido muito feliz trabalhando na Record. Como já disse antes, é uma Emissora com vontade de acertar, está descobrindo seu caminho pouco a pouco, e vem conquistando o público.
Quando um ator trabalha em Cinema e Teatro por muito tempo, costuma ficar muito feliz, mesmo que seja visto por menos pessoas, mas como “desapareceu” da TV, o público de televisão pensa que ele está em uma fase ruim da carreira, como se só existisse a Globo no mundo. Quem só assiste à Globo também pensa assim dos atores da Record.
FM Os telespectadores da Novela notam que Big Blond não aceita com facilidade a chegada da velhice. Aos 73 anos, como Jonas Bloch lida com a terceira idade?
JB Internamente, eu me sinto com uma energia que nada tem a ver com a imagem que se faz de um velho. Há um preconceito com as pessoas mais velhas, como se elas tivessem passado para um outro mundo. Depois de uma certa idade, as pessoas são cortadas das listas de convidados para muitas coisas. De uma certa maneira, é até bom. Agora, com essa nova moda de comportamentos pré fabricados, onde ninguém tem mais um maneira própria de ser, a maioria seguindo um modelo único, com homens malhados falando de futebol, mulheres magras imitando estrelas, quem ficou mais velho e soube aproveitar a sua experiência, prefere não conviver com isso.
FM Já são 8 anos fora da Globo. Com uma trajetória tão vitoriosa, não estar na chamada “Emissora Líder” o frustra de alguma forma?
JB De maneira alguma. Sou muito bem tratado na Record, o ambiente de trabalho é de muita camaradagem, há um belo desafio para conseguirmos afirmar esse novo campo de trabalho, onde houve um investimento fantástico. Sou muito abordado na rua, recebo o mesmo carinho e respeito que recebia quando trabalhava na Globo, e fiz novelas na Record que tiveram um enorme sucesso, mas que a Mídia escondeu.
FM Sua filha, Débora, é hoje uma das principais atrizes da TV brasileira. Como pai, você a influenciou a seguir esta “veia artística”? Atuar ao lado de Débora em uma Novela é um sonho a ser realizado?
JB Não quis intervir na decisão dela, acho que a vida dos filhos não pertencem aos pais. Como eu criei minhas filhas sozinho, quando era folga da empregada, eu levava para o camarim do Teatro e, acho, isso aproximou a Debora do Teatro. Ela disse que ficou mobilizada ao ver minha paixão pelo Teatro e isso aguçou sua curiosidade, mas a decisão foi dela. Não acho que daria certo se fizéssemos um trabalho juntos, ficaria difícil para o público separar os personagens dos atores. Já fizemos comerciais e convenções juntos, foi só.
Jonas em cena na pele do mafioso Big Blond
FM Após mais de 50 anos de carreira, é possível eleger um trabalho favorito?
JB Em TV, meu trabalho de maior impacto foi na Manchete, numa Novela chamada Corpo Santo. Em Teatro, foram vários trabalhos, mas creio que os que fiz em São Paulo foram mais significativos. Em Cinema, foi um filme de Carlos Reichenbach – Paraíso Proibido – o de Claudio Assis, Amarelo Manga e um curta de Eliane Caffé, Arabesco.
FM Para que a interpretação flua de forma convincente, como deve ser o relacionamento entre “ator” e “personagem”?
JB Acho que viver um personagem, ser outra pessoa, faz com que o ator amplie sua visão em relação ao ser humano, tenha mais compreensão do “outro”. Essa viagem à outro universo nos obriga a ter uma generosidade com a maneira de ser dos outros, sem preconceitos, entendendo como o personagem pensa e sente o mundo. Isso é um aprendizado que nos marca.
Todos nós somos múltiplos, temos tudo dentro de nós, o bem e o mal. Fomos nos moldando aos poucos, definindo nossos valores, nossos princípios, para viver harmoniosamente com os outros. O lado mal foi controlado. Num vilão, bons valores e princípios são rejeitados, e o egoísmo predomina, chegando a níveis doentios, a ponto de matar pessoas para conseguir o que quer.
FM Você já interpretou diversos vilões “pesados”. Após um dia inteiro de gravações carregadas de emoção você já sofreu com a síndrome de “levar o personagem para casa”? Algum trabalho já o esgotou emocionalmente a ponto de prejudicar sua vida pessoal?
JB Alguns trabalhos são muito desgastantes, nos exaure. Eu procuro não levar o personagem para casa, mas acho que, em qualquer profissão, o dia-a-dia nos influencia por algum tempo até relaxarmos e voltarmos à realidade. O que já me esgotou emocionalmente foram alguns produtores, não o trabalho de ator.
FM Em sua opinião, a Novela é um mero entretenimento ou deve exercer alguma “função social”? A TV pode ser considerada culpada por algum dos males da sociedade?
JB A TV brasileira é de alta qualidade, e tem abordado temas que são tabus de uma maneira muito positiva, ajudando a abrir a cabeça do povo brasileiro.
Todos os conflitos humanos têm um lado da questão a ser escolhido pelo telespectador e isso é político, uma forma de melhorar a maneira de pensar da população. A Globo teve o mérito da abordar muita vezes os temas que eram tabus com muita categoria, e ajudou a derrubar muitos preconceitos que existiam na sociedade brasileira.
FM Aproveitando o “gancho” da pergunta anterior, como determinar o “limite” do bom senso numa Novela? Numa trama como Máscaras, por exemplo, onde há Crime e Triângulos Amorosos, não existe o perigo de se “passar do ponto”?
JB As mulheres de alguns países orientais são obrigadas a tapar o rosto e o corpo. É justo?
Todos nós sabemos o perigo de censurar comportamentos, isso é um autoritarismo que, muitas vezes, foi criado por um líder retrógrado, idiota, impiedoso. Cada pessoa tem o direito de fazer de sua vida o que quiser e ninguém tem nada com isso, a vida é dela e de mais ninguém. Se alguém condena o comportamento de outra pessoa, que viva a vida de seu jeito, mas não tem o direito de proibir os outros de ser como querem ser. Quando uma Novela aborda personagens que vivem com valores que transgridem o seu tempo, estamos dando a oportunidade disto ser avaliado, aceito ou rejeitado, pode ser um avanço necessário, não estaremos parados no tempo. Caso contrário, estaríamos vivendo ainda como há dois séculos passados.
FM Adolpho Bloch, fundador da Manchete, era seu primo em segundo grau. Você acompanhou de perto o auge e o término da Emissora? A falência do “Conglomerado Bloch” foi dolorosa para toda a família?
JB Adolpho era um homem corajoso, desbravador, que começou com uma gráfica minúscula e chegou a ter Revistas, Canal de TV, Rádios. Eu vivi uma parte de minha carreira em Minas, depois São Paulo, ficando afastado dele durante muito tempo. Quando voltei para o Rio, o reencontrei quando fui trabalhar como ator na TV Manchete.
Ele não parava de produzir e aumentar seus empreendimentos e, para isso, tinha que pegar empréstimos em dólar. O dia que o preço do dólar disparou, não conseguiu saldar suas dívidas e teve que fechar a Empresa. Uma pena, porque era um trabalho magnífico e o Brasil perdeu a chance de ampliar seu universo televisivo.
PERFIL
Jonas Bloch é… – Um ser humano apaixonado pela profissão, pela família e pelo país
Sonho – Continuar a ter energia e ver minha família feliz
Frustração – Ter parado meus trabalhos de canto e dança
Alegria – A família que tenho
Medo – De ficar com uma doença grave. Eu e minha família.
Livro – Hamlet, de Shakespeare.
Frase – “No fim tudo dará certo, e se ainda não deu, é porque ainda não chegou ao fim”.
Música – As de Caetano
Na TV, assiste… – The Big bang Theory, Jornais, Filmes
Na Internet, acessa… – E-mails, joguinhos, Google
Família – Tudo de bom
Deus – Gostaria de acreditar, mas com tudo que vejo, fica difícil
Qual é o Foco Máximo de Jonas Bloch? – Meu trabalho, a família, meu país.