Foco Máximo com Lauro César Muniz – Parte 2

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Foco Máximo Hoje, após 6 anos na Record, que Balanço o senhor faz da Teledramaturgia da Emissora? Quais são os principais pontos positivos e negativos?

Lauro César Muniz O mais importante entre os pontos positivos: os autores ainda escrevem suas novelas, ao contrário de outras Emissoras em que os colaboradores fazem a parte mais pesada. Os autores se sentem estimulados a apresentar projetos arrojados, ao contrário das outras Emissoras em que os projetos são esquemáticos e sem nenhuma tentativa de criar alguma coisa nova. Pelo contrário, as outras parecem estimulados a fazer Novelas de fácil assimilação, eivadas de clichês. Há sempre exceções, felizmente. É o caso de Cordel Encantado, uma Novela que propôs uma interessante abordagem de Tempo e Espaço. Do ponto de vista técnico, a Record evoluiu muito nos últimos anos. Veja uma novela feita em 2005 e outra agora e você poderá perceber melhor imagem, cenários, figurinos, iluminação. Este me parece ser mais um dos pontos positivos a considerar.

Um ponto negativo? O mais grave deles é a extensão das Novelas. Eu faço campanha para a diminuição do número de capítulos de todas as novelas. Não mais do que 140 capítulos, se possível 120. Com certeza a qualidade seria melhor: os autores principais se estimulariam a voltar a escrever. Com mais de 200 capítulos não há autor que não tenha uma estafa, estressado e incapaz de continuar o trabalho. Além disso há de se considerar o timing dos tempos atuais. As Novelas de 200 capítulos se esticam indefinidamente na contra-corrente da agilidade dos tempos da Internet e suas informações rápidas e instantâneas

FM Quanto tempo dura o Período de “Gestação” de suas Novelas? Entre o surgimento da historia e a conclusão da sinopse, há um intervalo muito grande?

LCM Uns três meses, mais ou menos. Há histórias que duram muitos anos na cabeça até encontrar o momento propício de ser escrita, como foi o caso de O Casarão. Máscaras, por sua vez, nasceu há mais de um ano. Em 2010 eu já tinha um esboço do que seria a história. Cheguei a apresentá-la aos responsáveis pela Teledramaturgia da Record, mas ela custou muito tempo para tornar-se uma realidade devido às dificuldades de se gravar alguns capítulos em um navio. De fato é difícil, como a prática nos mostrou, mas quando decidiram fazer houve muito empenho da Emissora para realizar o projeto com uma Companhia de Navegação. Vendo algumas cenas gravadas no navio fico admirado como o Ignácio Coqueiro, diretor, conseguiu tanta qualidade.

FM O senhor acompanha os números do Ibope com assiduidade? Preocupa-se ou se sente pressionado pelos Índices?

LCM Acompanho regularmente, não durante a exibição de um capítulo, mas vou conferir logo depois. Sabemos que a pressão sobre uma Novela que dá maus resultados de audiência é muito grande.

FM Com a recente debandada de atores para a Globo, incluindo Marcelo Serrado (que brilhou em Poder Paralelo), ficou mais difícil escalar um Elenco satisfatório? Por que Máscaras não contratou ninguém oriundo da Globo, ao contrário do que suas Novelas anteriores fizeram?

LCM No início foi bastante assustador, mas com o correr do tempo nos animamos a lançar novos talentos. Tenho certeza de que Fernando Pavão, por exemplo, será um dos grandes nomes da teledramaturgia da Record e do país.

FM Caso houvesse uma proposta, o senhor voltaria para a Globo?

LCM Pretendo encerrar minha carreira de autor de Novelas na Record. Tenho um Projeto “pendurado” do qual gosto muito (uma paixão), que é uma Minissérie/Filme sobre Getúlio Vargas. Tenho um contrato com a Lereby, Produtora do Daniel Filho. Já fiz o primeiro tratamento e o entreguei ao Daniel antes dele voltar a fazer trabalhos para a Globo. Se, para fazer este projeto com a Lereby, houver a obrigatoriedade de exibi-lo na Globo, posso voltar a ver um trabalho meu, inédito, na tela da Emissora. Mas, obviamente com uma condição bastante clara: não estar mais contratado pela Record depois de 2014. Se isso não acontecer, tentarei negociar com o Daniel um caminho para realizar o Projeto sem exibi-lo como Minissérie. E, se não for possível nada disso, editarei o roteiro do filme para uma eventual produção no futuro.

FM O que o levou a sair da Globo? Aterrissar na Record foi um baque muito grande? O senhor precisou se “reciclar” de alguma forma?

LCM Um amigo meu, Hersch Basbaum, escreveu uma Biografia sobre meu trabalho chamada Lauro César Muniz, Solta o Verbo que foi publicada pela Coleção Aplauso, Editora oficial do Governo do Estado de São Paulo. O livro está disponível em papel ou na internet: http://aplauso.imprensaoficial.com.br/lista-livros.php

Nessa Biografia, ficam muito claras as causas que me levaram a deixar a Globo e aceitar o convite da Record. O início, apesar da dificuldade natural de uma Emissora que está se lançando, foi penoso. Cidadão Brasileiro foi uma novela de produção carente, quando ainda não havia o Rec-Nov, complexo de Teledramaturgia da Record. Hoje, com equipamento de última geração, estúdios enormes com parque de luz de ultima geração e maquinaria de computação gráfica top de linha, as Produções cresceram muito em qualidade. Em pouco tempo a Record estará fazendo Novelas com qualidade técnica igual às da Globo. Em nível de Conteúdo e buscas temáticas, as Novelas da Record já superam as da Globo.

E amanhã, confira a última parte de nossa Entrevista com o Lauro, que falará sobre:

O que fazem os colaboradores de uma Novela?

Lauro já mudou completamente o rumo de uma Novela devido às reações do Público?

Quais são as dicas principais para se tornar um Autor de Novelas?

Além da Sinopse de Máscaras e o Perfil completo de seu Autor.

Espero vocês!

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