Foco Máximo com Lauro César Muniz – Parte Final

 

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Foco Máximo O que o Público pode esperar de Máscaras? Conte-nos um pouco sobre a Novela. O senhor continuará a apostar na Ação, assim como em Poder Paralelo ou investirá mais no Romantismo de Cidadão Brasileiro?

 

Lauro César Muniz Máscaras é uma Novela que aborda o tema da identidade sob vários aspectos. Tem como ponto de partida e sustentação uma história de dupla troca de identidade entre herói e vilão: o personagem do herói acaba usando a máscara do vilão e o personagem do vilão a máscara do herói. Essa troca de identidades possibilita uma ação policial bastante instigante. O herói e o vilão estarão na pele de seus antagonistas: o herói assume a vilania e o vilão o heroísmo.

Entre eles, como fiel da balança, estão alguns outros personagens que acabam colaborando, ora com um personagem, ora com outro. Acho que bolei uma história realmente envolvente:

Otávio é um fazendeiro pecuarista, em Mato Grosso do Sul, onde se sente realizado, e é amante da natureza e dos animais. Seu cunhado Martim é um homem ligado a estranhos movimentos sociais e políticos em Dallas, no Texas. Em determinado momento, Maria, esposa de Otávio, desaparece com o filho recém-nascido e Martim, irmão de Maria e cunhado de Otávio, volta ao Brasil em pânico com o desaparecimento de sua irmã. Martim culpa Otávio pelo desaparecimento de Maria e, em contrapartida, Otávio acha que Martim, em quem não confia, é que tramou esse desaparecimento. Otávio é vivido por Fernando Pavão, Maria por Miriam Freeland e Martim por Heitor Martinez

A partir daí a ação é vertiginosa, levando Otávio e Martim a trocar de identidade por não haver outra opção. A estrutura de Máscaras é de um “leque”: começa em um ponto único de conflito e depois vai se ampliando até o final.

Além das máscaras usadas por Otávio e Martim, outras muitas personagens, por vários motivos, assumem outras identidades: o empresário ligado a políticos que participa de uma Organização criminosa internacional e uma mulher que pertence ao mesmo grupo e que se refugia nos Estados Unidos. Nós a chamamos de Nameless (“sem nome” em inglês), sem identidade! Ela é cooptada pela Organização para evitar o cumprimento de uma pena no Brasil. Ao voltar ao País, Nameless tenta recuperar sua verdadeira identidade, mas está envolvida na trama criminosa e não consegue sua libertação. Nameless é vivida por Paloma Duarte.

A nível pessoal, teremos uma prostituta de luxo que deseja deixar a profissão para ter uma vida mais afetiva. Manú é interpretada pela Gisele Itié. Muitas outras personagens usarão máscaras sociais para sobreviver: um detetive particular, um casal muito interessante que se esconde de uma tragédia, uma egressa da penitenciária, e tantos outros…

 

FM Sabe-se que uma Novela não é escrita sem os chamados “Colaboradores”. Como é o relacionamento entre eles e o Autor? Colaboradores chegam a assumir núcleos inteiros de uma Novela? O Autor revisa o que eles escrevem? Gostaria que o senhor nos explicasse um pouco acerca desta Engrenagem.

 

LCM É uma relação de Amor e Ódio. Os Autores dirão sempre que é uma relação afetiva, linda, suave, de amor. Não é verdade! O Colaborador é um Autor que se sente frustrado: ele doa toda sua energia e talento a serviço de outro Autor que comanda todo o processo. Em contrapartida, ele pode aprender bastante e este é o único caminho, hoje, para se tornar um Autor de Novelas. Não há outro. Para o Autor é terrível encontrar um Colaborador desanimado e sem estímulo.

Pior ainda, ao menos para mim, tem sido trabalhar com Colaboradores que tem uma visão negativa do que é a Novela. Colaboradores que nos dizem, na hora de um desabafo: Para que vamos no matar se o telespectador está sempre com um controle remoto à mão, zapeando? Já trabalhei com muitos outros que odeiam Novela, fazem chacotas do público, menosprezam o trabalho, e que estão ali apenas para ganhar um dinheirinho. Em geral são escritores sem talento em qualquer área que tentem trabalhar. Não são escritores. Para os maus escritores quanto pior for a Novela, melhor para seus intentos de só retirarem dinheiro do processo. Para esses sou um tolo em me dedicar tanto. Já ouvi coisas do tipo: o Lauro sofre para escrever.

 

FM Aos 74 anos, o senhor já pensa em aposentadoria? Quantas outras obras-primas poderão vir após Máscaras?

 

LCM Aposentar só compulsoriamente com a Morte ou algum impedimento de saúde. A palavra “aposentar” não existe para um escritor. Sempre estarei escrevendo: para a televisão, para o teatro ou para o cinema. Muito provavelmente nos últimos anos de minha vida estarei fazendo teatro, projetos que tenho e que não pude realizá-los pelos compromissos com a televisão.

 

FM Sabe-se que uma Novela é uma obra “aberta”. O senhor já mudou completamente o rumo de uma Trama devido à reação dos telespectadores?

 

LCM Este é um dado instintivo. O Autor quer o melhor resultado para sua Novela. Os rumos de uma trama não se alteram radicalmente em função do público, mas com certeza sempre haverá a influência do público, nem que seja sem a plena consciência do Autor.  Um ator no palco, por exemplo, sempre altera sua interpretação em função do que sente da plateia: o silêncio de um drama contundente ou os risos diante de uma comédia.

Os Autores de uma obra “em aberto”, também tem a mesma reação: são mudanças sutis que podem aumentar a comunicação com a plateia, com resposta imediata. Mas nunca deve ser uma mudança radical de personagens ou da trama contada. O Autor sabe onde quer chegar com sua historia, ela não serve apenas para fazer cócegas ou provocar lágrimas no grande público. Uma boa historia tem alguma intenção bem definida a cumprir.

 

FM Aos que sonham em ingressar na Teledramaturgia, que conselhos o senhor daria? Existe uma Fórmula ou Ponto de Partida para se escrever uma Novela brilhante?

 

LCM Não há fórmulas de sucesso. Ninguém tem. Todos os bons Autores já tiveram momentos de grande sucesso e de fracassos dilacerantes. Muitas vezes um Autor sai de um grande fracasso para um grande sucesso e vice-versa.

Ponto de partida? Pode ser uma observação qualquer que estimule a imaginação. Em Máscaras meu primeiro lampejo (insight) foi um navio gigantesco que vi ancorado no Porto do Rio de Janeiro. Passei pelo local indo para o RecNov em um carro. Pensei: aí dentro rolam historias fantásticas. Depois entendi uma coisa maravilhosa: um cruzeiro marítimo estimula, excita a fantasia. Os passageiros se sentem outras pessoas quando o navio sai do porto e se lança ao mar! Parece que o cordão umbilical do passageiro é cortado com o Continente. O passageiro se liberta de sua vida cotidiana. O passageiro sem sente numa aventura. Com máscaras. Livre do vizinho, dos códigos de conduta do dia-a-dia, enfim, em plena Liberdade que o mar (sem fim) lhe oferece. E o navio está preparado para estimular esta fantasia.

Fantasia, máscaras… Eu tinha o tema. Só faltava organizar uma historia. Isso não levou muito tempo.

 

FM Deixe um recado para os milhares de leitores e admiradores que certamente lerão esta Entrevista.

 

LCM Exijam qualidade! Não se deixem agredir por fórmulas fáceis! Sejam críticos e assistam Máscaras, com todo este espírito!

Na Record, a partir do dia 10 de abril, às 22 horas “quase em ponto”, rsrs…

 

PERFIL

 

 

AUTOR(A) PREFERIDO – William Shakespeare. Na TV brasileira, Bráulio Pedroso.

ATOR PREFERIDO – Walmor Chagas. Na TV brasileira, Tony Ramos. Tive a felicidade de trabalhar com os dois

ATRIZ PREFERIDA – Fernanda Montenegro. Na TV brasileira, Eva Wilma, Regina Duarte, Débora Duarte, Paloma Duarte (ordem de idade). Tive a felicidade de trabalhar com todas

MELHOR NOVELABeto Rockefeller, de Bráulio Pedroso

PIOR NOVELAOs Gigantes, cometida por mim mesmo

MELHOR NOVELA DE SUA AUTORIAO Casarão

UM SONHO – Profissional: realizar a minha melhor peça teatral no tempo que me resta. Pessoal: não morrer

UMA REALIZAÇÃO – Meus filhos

UMA FRUSTRAÇÃO – Não ver os quatro filhos que eu tive, juntos

GLOBO – Um monumento nacional. Uma das três maiores Emissoras de televisão do mundo. Torço para a emissora de recuperar com qualidade da sua atual decadência. Não me interessa a audiência, essa é decorrência. Falo em Qualidade.

RECORD – Uma projeto real que está a caminho da liderança em audiência. Minha luta na Emissora: contribuir com ideias para a melhor qualidade da teledramaturgia. Começo a ser ouvido. No passado encontrei obstáculos em pessoas que impunham um caminho de péssima qualidade.

TERCEIRA IDADE – A sensação de ter adquirido forte intuição, conhecimentos jamais alcançados antes. A consciência nítida de que estou terminando minha excursão pelo planetinha.

FAMÍLIA – Meus filhos, minha mulher e os filhos dela

DEUS –  Sou materialista. Meu deus se chama Darwin, Charles Darwin

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