Foco Máximo com Ricardo Hofstetter
19/07/2012 às 21h19
Ricardo Hofstetter
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É necessário repeti-la para se ter ideia da plenitude com que exerce sua atividade.
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Na TV, escreveu a mais famosa temporada de Malhação.
Ou alguém não se lembra da Vagabanda, protagonista de uma Novela das 17h com Ibope de Horário Nobre?
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Ricardo, no entanto, não tem em Malhação o seu ponto final.
Ele vai além, muito além…
Cinema, Teatro, Literatura.
“Escrevo para todas as idades.”, diz.
E talvez esta seja sua maior qualidade:
Ricardo é acessível a todas as tribos.
“Escrever é a arte de traduzir o desconhecido.”, disse alguém certa vez.
Se Ricardo o ouviu, não sei.
Mas sei o que ele fez.
Esta Entrevista é recomendada para os com idade entre 8 e 80.
Se este é o seu caso, venha.
E aprenda…
FM Você escreveu 10 temporadas de Malhação. Quais são os maiores desafios de se escrever para jovens? Possuir um Público-Alvo específico é um ônus ou um bônus?
RH Não sei o número certo de temporadas, mas deve ser perto disso. Dessas 10 temporadas, a maioria foi como colaborador. Como autor principal foram 3: 2003, 2004 (a fase da Vagabanda) e Malhação ID (2010). Acho que o principal desafio é entrar adequadamente no universo sobre o qual se vai escrever. Na verdade, quase todos os programas da Globo são destinados a todas as faixas etárias; assim, Malhação não é um programa para adolescentes, mas sobre adolescentes, que pode ser visto por crianças, adolescentes, adultos e terceira idade. A dificuldade é a temática, que tem de ser ligada em assuntos do universo adolescente. Ou seja, seu leque de histórias possíveis de serem contadas diminui bastante. O horário também atrapalha bastante, já que a Classificação Indicativa, em vez de indicar, quer determinar.
FM Malhação caracterizou-se pelos temas que abordava. Como era feita esta escolha? De todas as abordagens sociais já feitas pela Novela, qual é a sua preferida?
RH Os temas vinham de todo lugar: notícias de jornal, dos pesquisadores, filhos, filhos de amigos, livros, filmes. Escritor é uma sanguessuga: chupa história de tudo quanto é lado. A história sobre crack em Malhação ID foi muito boa; sobre bullying em 2004 também.
FM De todas as temporadas da Novela, qual você elegeria como a “the best”?
RH Modéstia à parte, a de 2004, a fase da Vagabanda, pois foi a primeira a introduzir a música no programa com muito sucesso. Aliás, de todas as fases, essa foi a que mais deu audiência. A média foi de 31 pontos, coisa que, nos dias de hoje nem novela das sete consegue mais. Até hoje as pessoas me encontram na rua e dizem que adoravam e que foi a melhor fase. Fico orgulhoso de tê-la escrito.
FM Após ter escrito centenas, quais são seus personagens favoritos de toda a história de Malhação? Alguma vez você já se arrependeu de algum núcleo, tema ou personagem? Como um autor reage ao perceber que teve uma ideia rejeitada pelo público?
RH O trio Gustavo, Natasha e Catraca, que formava a Vagabanda. Também gostei muito da “gordinha” Rita, de Malhação ID, que era interpretada pela Olívia Torres. Núcleos e personagens de novelas sempre surpreendem seus autores, tanto positivamente quanto negativamente. Faz parte do nosso trabalho esquecer os que não caíram no gosto do público e investir nos que caíram. Assim como rola frustração por personagens que não deram certo, rola também muita alegria por aqueles que você não dava nada e viraram sucesso. Novela é uma obra aberta, esse é seu grande barato.
“Tá Falando Grego?”, novo romance juvenil do autor
FM Você, como autor, enxergava Malhação como mero entretenimento ou acreditava que o Programa fosse capaz de moldar comportamentos?
RH Novela é basicamente entretenimento. Mas, na minha opinião, sempre é possível e benéfico passar informações também, afinal a audiência de TV brasileira é muito carente em termos de informação/educação.
FM A que você atribui a constante queda dos índices de Ibope de Malhação? Os jovens perderam o interesse pelo Programa ou este não soube se reciclar como deveria?
RH É normal acontecer isso com um programa que está no ar há 17 anos (não tenho certeza do número, mas é por aí). Além disso, a tecnologia mudou nossas vidas. Hoje há o videogame, a internet, os canais a cabo, as pessoas melhoraram de vida e estão podendo sair mais de casa para ir ao cinema, teatro, shows… enfim, a concorrência aumentou muito. Acho que os jovens continuam se interessando muito pelo programa. Só há mais opções de entretenimento agora.
FM Recentemente, uma cena da atual temporada de Malhação causou enorme polêmica ao exibir um personagem esbravejando a palavra “p*ta”. Seria este um sinal de que os tempos são outros ou foi um deslize cometido pela Direção? Fosse o Ricardo escrevendo, esta palavra constaria no texto?
RH Sou bastante liberal em relação a isso. Palavrão é uma palavra como outra qualquer, só que, por convenção, decidiu-se que algumas eram “proibidas” ou menos elegantes que outras. Mas é só uma convenção. Afinal, por que falar prostituta não tem problema e puta tem? Não vejo grande problema nisso, na hora certa o palavrão é perfeito ou pelo menos mais adequado. Após uma batida de carro feia ninguém grita “minha santa mãezinha do céu”…
(Em nota, a Globo afirma que a palavra pronunciada foi “fuça“, ao contrário do divulgado pelo Portal UOL. Como a pergunta tem como objetivo descobrir a opinião de Ricardo sobre o assunto Linguagem, a Coluna decidiu mantê-la, independentemente do fato ter acontecido ou não.)
FM A Programação Jovem exibida hoje pela TV está, em sua opinião, em crescimento ou declínio? Como autor, você sente saudade do que era feito antigamente ou é entusiasta dos novos estilos que vem surgindo?
RH Não sou especialista em jovens, trabalho com todas as faixas etárias, por isso não sou a pessoa mais indicada para responder a essa pergunta. O que acho é que, durante muito tempo, Malhação foi a única opção de programa de ficção com temática adolescente. Talvez por isso (também) tenha feito tanto sucesso.
FM Eis uma pergunta clássica, porém inevitável: TV, Cinema, Teatro ou Literatura: Qual é a Linguagem que mais te fascina?
RH Gosto de todas. O importante é perceber as nuances de cada uma para não cair no erro, muito comum, de, por exemplo, escrever para teatro como se estivesse escrevendo para TV. Já trabalhei (e trabalho) com todas essas linguagens, exceto cinema; mas tenho vários roteiros pronto e pretendo entrar nesse mercado também.
“A Transilvânia é o Catete”, último romance adulto de Ricardo Hofstetter
FM Como é o Ricardo Hofstetter longe das páginas em branco? Quais são seus hobbies e interesses?
RH Adoro jogar futebol, enquanto o corpinho aguentar, vou jogar. Também curto música, fui músico profissional no início da carreira, mas depois larguei. De vez em quando ainda pego minhas guitarras e levo um som; e adoro vinhos. Os outros hobbies são ligados à profissão: adoro ir ao teatro, cinema, ver TV, ler. Pra nós escritores, isso é lazer e trabalho ao mesmo tempo. Como na piada do ginecologista, a gente trabalha onde os outros se divertem.
FM Algo em seu Site me fascinou. Lá, você, sem constrangimento, lista Peças e Filmes que já escreveu, mas ainda não realizou. Seria este um sinal de como você lida com seus sonhos, Ricardo? O que Projetos inacabados significam para você?
RH Todos que trabalham com arte no Brasil passam por isso, tem milhares de projetos que ainda pretendem produzir. E a ideia de colocá-los no site é divulgá-los para ver se alguém se interessa em produzir. Os projetos inacabados (prefiro o termo “não produzidos”) são projetos potenciais.
FM Você atuou colaborador da novela Beleza Pura. Ao escrever para adultos, você precisa se “despir” do autor de jovens? Um autor deve possuir diversas facetas?
RH Como já disse, escrevo para todos os públicos. O lance com os jovens ficou mais evidente por causa do sucesso de minhas fases em Malhação. Mas tenho romances publicados e peças de teatro produzidas para adultos também. Mas é como falei sobre as diferentes mídias: cada uma tem suas características, manhas, e você precisa dançar de acordo com a música.
FM Você possui contrato em vigor com a Globo? As informações de que há uma sinopse de sua autoria sendo avaliada pela Emissora são verdadeiras? Alguma previsão de quando veremos uma de suas Obras novamente no ar?
RH Tenho contrato de exclusividade com a Globo, sim. Estou com duas sinopses de novela das sete em avaliação lá. Uma delas deve ser produzida em breve.
FM Na “Era do Facebook”, a TV está ameaçada? Qual é o maior desafio de profissionais como você para manter os jovens diante da telinha?
RH Quando a Internet surgiu, os alarmistas disseram que iria acabar com a TV, assim como disseram que o Cinema ia acabar com o Rádio e a TV com o Cinema. Nada disso aconteceu. Estudos mais recentes apontam que a Internet e a TV se alimentam reciprocamente. Pode até ser que, no futuro, uma devore a outra. Mas acho que ainda demora muito.
PERFIL
Ricardo Hofstetter é… – Quem tem de responder essa são os outros
Sonho – Viver mais de cem anos
Frustração – Ter uma vida só e tão curta
Alegria – Minha família, filhos, mulher, mãe, etc…
Medo – Melhor não pensar neles
Livro – O Amor nos Tempos do Cólera de Gabriel García Marquez, Dom Casmurro de Machado de Assis e Libertinagem de Manuel Bandeira.
Frase – “Antes só do que mal acompanhado.”
Música – Insensatez e Água de Beber, ambas de Tom Jobim
Na TV, assiste… – Novelas, filmes, séries e futebol (Fogão!)
Na Internet, acessa… – Tudo
Família – Maravilhosa
Deus – Genial
Qual é o Foco Máximo de Ricardo Hofstetter? – Escrever
Que Deus abençoe todas as áreas da sua vida, Ricardo! São votos da Foco Máximo!