Foco Máximo com Vívian de Oliveira
21/10/2012 às 19h42
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Vívian de Oliveira
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Numa Record cheia de incertezas, sua Obra é unanimidade.
Histórias milenares contadas por uma autora contextual.
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Vívian é estudiosa do Ontem, apaixonada pelo Hoje e arquiteta do Amanhã.
Vívian é doce e profunda como as tramas que escreve.
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Em nosso papo, a autora de Rei Davi deixa claro:
“Acredito na inspiração que vem de Deus.”
Não se trata, porém, de mera fundamentalista religiosa.
Não!
Vívian escreve sobre Deus sem deixar de vislumbrar o homem.
“Que minhas minisséries sejam um bálsamo para quem as assiste.”, diz.
Elas tem sido, dizem os ótimos índices de audiência de suas Produções.
Você pode até não crer que um menino venceu um gigante.
Mas é visível (e inegável) que essa moça venceu o marasmo.
Vívian é uma das “intérpretes” do Livro mais vendido de todos os tempos…
FM A Pesquisa certamente é um dos pilares fundamentais para se contar histórias tão antigas. A que tipos de profissionais você precisa recorrer para conhecer os costumes da época? Qual é o grau de certeza e verossimilhança das informações relativas aos tempos do Antigo Testamento?
VO Com certeza, a pesquisa é fundamental nesse tipo de trabalho. Tenho uma pesquisadora de texto, a Carla Piske, que me auxiliou em Rei Davi e agora em José, e também conto com a consultoria de um historiador especialista naquela época e no povo hebreu, o Maurício Santos. Para escrever José também tive o auxílio de um especialista no Egito, o Márcio Santanna. Todos eles me assessoram no que for necessário, correndo atrás de informações sobre a cultura, os costumes e o modo de viver daquele tempo. Eu mesma gosto muito de ler e pesquisar sobre o assunto. Mas é claro que não estou fazendo um documentário. Por isso uso de liberdade poética em algumas questões e, se for preciso, abro mão de fatos históricos em favor da ficcão. Isso deve ser feito com muita cautela. Além da pesquisa histórica, faço também uma pesquisa envolvendo a Bíblia. Muitas informações podem ser comprovadas, se eu comparar os fatos históricos com o que está escrito no Antigo Testamento. Outras informações são contraditórias. Nesse caso, eu escolho o que for mais conveniente para a história que estou contando.
FM A Bíblia é, obviamente, a fonte principal de suas Minisséries. Como é seu relacionamento com o texto bíblico? Pessoalmente, você crê na veracidade dos relatos ou encara as histórias como ficção?
VO Respeito e admiro muito as histórias que estão na Bíblia. Do ponto de vista da dramaturgia, as histórias bíblicas não deixam nada a desejar em relação aos grandes clássicos da literatura. As histórias são belíssimas, recheadas de emoção, conflitos, amor, ódio, enfim, de tudo que é preciso para uma boa trama. Do ponto de vista do que eu acredito, encaro a Bíblia como a palavra inspirada por Deus. Creio na veracidade dos relatos, mas lógico, sei discernir alguns fatos que encaro como simbolismo do que se quer ensinar de fato.
FM Para que a Minissérie ganhe contornos dramatúrgicos você precisa acrescentar personagens e tramas que não aparecem na Bíblia. Quais são os cuidados necessários neste processo?
VO Procuro sempre ser fiel ao texto original e mesmo quando crio eventos ou personagens novos, faço isso considerando as brechas que já existem na história bíblica. Meu maior cuidado é não deturpar o que está escrito, mas sim aprofundar mais ou criar em cima do que já existe.
FM A História de Ester x Rei Davi Qual foi sua Obra preferida? E o que mudou da primeira para a segunda?
VO Não existe uma obra preferida. As duas minisséries foram muito especiais para mim. A História de Ester tinha uma narrativa mais linear, poética e era uma história muito romântica. O fato da protagonista ser uma heroína clássica também ajudava bastante. Rei Davi já era uma trama bem mais complexa, com muitas guerras, forte fundo político e essencialmente uma história masculina. Tive que criar conflitos que interessasse também o público feminino e creio que conseguimos isso na minissérie. Ao contrário de Ester, Davi era quase um anti-herói, um ser humano cheio de virtudes, mas também com muitas falhas. Ele cometeu atos nobres e outros abomináveis. O desafio era fazer com que o público se apaixonasse por Davi, mesmo não sendo o herói tradicional.
FM Escrever uma Obra religiosa traz consigo um desafio maior do que uma Obra secular? Você crê que o telespectador as recebe com um impacto diferente?
VO Não encaro dessa forma, assim como não vejo as minisséries como obras religiosas. Para mim, são belas histórias que estão sendo contadas. Poderia ser uma adaptação de um texto literário, não importa. O fato de ser uma adaptação da Bíblia é indiferente. Como sou cristã, vejo isso como um privilégio, na verdade. O que me interessa de fato é se estou contando uma história que vale a pena ser escrita e essas histórias valem e muito! Como a ideia não é fazer pregação e nem existe a conatação religiosa, creio que o público também tem visto as minisséries como um bom produto, independente se é baseado num texto bíblico ou não. Tanto é que as minisséries têm atingido todos os tipos de públicos, cristãos, judeus, muçulmanos, enfim, pessoas que acreditam ou não na Bíblia.
FM O que a levou a escolher a história de José? Algum outro personagem bíblico chegou a ser cogitado?
VO José foi uma encomenda feita pela Record. Foram eles que escolheram o tema. Curiosamente, eu também já havia pensado em sugerir essa mesma história. A meu ver, é uma das histórias mais lindas da Bíblia. Existem muitos outros personagens bíblicos que poderiam ser retratados, mas José foi a primeira e única opção para esse momento. E o mais interessante é que trata-se de uma trama completamente diferente de Davi e de Ester.
FM Com o passar do tempo adquire-se experiência. Hoje, após duas Minisséries bem sucedidas, você enxerga algum “furo” ou erro cometido ao decorrer de alguma das tramas? Como autora, você já se decepcionou com um trabalho realizado?
VO Não olho para trás com essa preocupação. Não penso “Ah, poderia ter feito isso ou aquilo!”. Mas é claro que depois de escrever duas minisséries, uma totalmente diferente da outra, fica mais simples encarar algumas questões. Para escrever José, por exemplo, já tinha o conhecimento daquela época, da cultura daquele povo, o que facilitou muito o trabalho. Hoje também consigo escrever levando em conta as dificuldades de produção. O autor precisa ter uma mente de produtor muitas vezes para que a minissérie não se torne inviável. Atualmente, conheço melhor o meu ritmo de trabalho, consigo coordenar melhor minha equipe, já sei o que funciona e o que não funciona em certas cenas e situações, desenvolvi mais o meu estilo, ou seja, é a tal da experiência mesmo que só vem com o tempo e depois de escrever muito. Tudo isso ajuda no resultado final.
FM Quais são suas maiores fontes de inspiração e autores preferidos?
VO Minha maior fonte de inspiração é a própria vida, o dia-a-dia, as situações ao meu redor. E claro, acredito também na inspiração que vem de Deus.
FM Deus é, de alguma forma, o seu Alvo ao escrever? Você deseja que as pessoas absorvam as lições espirituais contidas em suas Obras?
VO O que não posso negar é que nessas obras existem o que chamo de verdades eternas. São os valores ligados à família, à lealdade, ao amor, à fé em um Deus que não se pode ver, além de retratar muitos outros elementos que estão esquecidos como a honra, a perseverança, o morrer por uma causa se for preciso. Por isso as minisséries tem conquistado tanto o público. Porque falam das paixões humanas, da inveja, da ambição. Embora tenha se passado há mais de mil anos antes de Cristo, os conflitos dessas personagens são exatamente os mesmos que vivemos ainda hoje. O que espero sinceramente é que essas histórias sejam como um bálsamo para quem estiver assistindo. Meu maior intuito é que o público se apaixone por essas personagens e se identifique com elas.
FM A Record é, sabidamente, administrada por uma Igreja. Parte da Mídia divulgou que a Igreja vigiava o roteiro de Rei Davi, temerosa de que algumas de suas doutrinas fossem violadas. Houve esta intervenção e/ou prestação de contas?
VO Não, de maneira alguma. A Record sempre me deu total liberdade para criar e escrever. Quando era preciso mudar alguma coisa, eles me consultavam sem impor absolutamente nada. E não eram coisas necessariamente ligadas à questão religiosa. Podia ser algo que poderia facilitar a produção, por exemplo.
FM Em Rei Davi, sua personagem Allat era feiticeira, prática condenada pelo Cristianismo (tanto católico quanto evangélico). Foi uma tremenda ousadia incluí-la na história, não? Qual foi a mensagem que você tentou transmitir com Allat? E quanto aos seus rituais, eles eram verdadeiros ou só funcionavam na imaginação dela?
VO Nunca tive a intenção de transmitir uma mensagem com Allat. O que fiz foi criar uma personagem cheia de conflitos e contradições. Na verdade, na Bíblia, existe sim a feiticeira de En Dor. Em 1 Samuel capítulo 29, a partir do versículo 7, quando Saul fica desesperado ao saber que será atacado pelo exército filisteu e já não conseguindo mais ouvir a voz de Deus, ele pede para ser levado até uma médium, o que era considerado um grande pecado para um hebreu. Foi a partir dessa passagem bíblica, que eu criei Allat. Dei a ela uma personalidade, um passado, o amor incondicional pelo guerreiro Doegue, e uma trama cheia de altos e baixos. Allat foi criada para ser uma participação apenas, mas era tão rica, que acabou ficando até o final. Não cabe a mim julgar a personagem. Ela fazia sim rituais para a deusa Ishtar e era idólatra. Isso não fazia dela melhor ou pior.
FM Conte-nos um pouco sobre José. Há uma previsão de número de capítulos? Muitos personagens serão acrescentados à Trama? O que o público pode esperar?
VO Serão 26 capítulos. É uma história emocionante, que retrata os dilemas de uma família. José, por ser o filho predileto de Jacó, desperta a ira de seus irmãos que o vendem como escravo para um mercador ismaelita. José é levado para o Egito e passará por muitas provações, enquanto seus irmãos viverão atormentados, com remorso do que fizeram. Não foi preciso criar muitos personagens para essa minissérie, mas aprofundei a maioria deles e criei em cima dos conflitos já existentes. Com certeza, o público vai torcer muito por José.
FM De todos os personagens de suas Minisséries, qual é o seu preferido?
VO São tantos. Difícil escolher somente um. É como perguntar para uma mãe de qual filho ela gosta mais. Amo todos da mesma forma.
FM Futuramente, poderemos vê-la voltando a escrever tramas seculares? Assinar uma Novela faz parte de seus planos? Até quando vai o seu contrato com a Record?
VO Pode ser que sim, por que não? De qualquer forma, não penso em escrever novelas tão cedo. Para mim, poder escrever uma minissérie é um grande privilégios. Ainda tenho um bom tempo de contrato. Muita coisa pode acontecer.
FM Deixe um recado para a legião de admiradores que certamente está acompanhando nosso papo.
VO Se vocês curtiram Ester e Rei Davi, não percam a história sobre a vida de José! Espero que se apaixonem por ele como eu me apaixonei!
PERFIL
Vívian de Oliveira é… – Transparente
Sonho – Casa própria. Pois é, eu também tenho esse sonho! (risos)
Frustração – Não ter dançado valsa com meu pai no meu casamento
Alegria – O nascimento do meu filho Benjamin
Medo – De montanha russa
Livro – O Livro dos Abraços, de Eduardo Galeano
Frase – “Tudo tem seu tempo determinado e há tempo para todo propósito debaixo do céu.” (Eclesiaste 3.1)
Na TV, assiste… – não tenho tido muito tempo ultimamente, mas gosto das séries da HBO.
Na Internet, acessa… – canais de notícias e entretenimento, além de sites de pesquisas.
Família – O bem mais precioso.
Deus – Meu amigo, meu mestre.
Qual é o Foco Máximo de Vívian de Oliveira? – Buscar a excelência em tudo o que faz.