“Foco na TV” | “Império” demorou a engrenar, mas engrenou

14/03/2015 às 20h35

Por: Renan Santos
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(Foto: Divulgação)
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A Globo exibiu nesta última sexta-feira (13), o último capítulo de “Império”. A novela de Aguinaldo Silva não ficará marcada por ter apresentado uma excelente trama, que a faria entrar para o hall de grandes folhetins das nove. Assim como acontece com várias novelas, “Império” será lembrada por um personagem em especial, nesse caso o comendador José Alfredo. Sem dúvida alguma, o personagem de Alexandre Nero foi o grande destaque da trama. Os créditos devem ser divididos com toda justiça entre o ator e o autor, que se destacaram juntos na criação, e conseguiram dar vida a um personagem emblemático.

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“Império”, assim como a maioria das novelas, teve seus altos de baixos. O grande problema do folhetim foi à demora para engrenar. Na primeira semana de exibição, a trama prometia ser um novelão, que enfim reergueria a faixa das 21h. No entanto, o autor acabou se perdendo no meio do caminho, e o que antes apontava para o sucesso, começou a ser visto com mais um fracasso do horário. Em pouco tempo, a trama começou a se arrastar, e a velha “barriga” deu o ar da graça. Obviamente, a audiência fez jus à qualidade do enredo, e em vários momentos, o folhetim ficou próximo dos índices registrados por “Em Família”, sua antecessora, que ganhou o título de pior novela da faixa das nove.

Marjorie Estiano

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A produção teve um grande imprevisto já na metade da novela: por problemas de saúde, Drica Moraes, até então uma das protagonistas da trama, teve que deixar o folhetim. Sobrou para Aguinaldo Silva, que teria que se virar para tirar a personagem da trama. A opção mais viável, e usada até de forma natural por autores, seria matar a personagem na trama. No entanto, Aguinaldo fez o impensável, e de uma forma até bizarra para o enredo, substituiu Drica por Marjorie Estiano, que já havia interpretado a personagem jovem na primeira fase da novela.

A escolha deu um ar extremamente fantasioso ao enredo, e obviamente, o público não digeriu muito bem. O pior foi que logo após a troca, a personagem foi sendo “jogada” para tramas secundárias, praticamente perdeu o posto de protagonista e morreu de forma precoce, um mês antes do fim da trama.

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Paulo Betti

Paulo Betti

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Não podemos crucificar muito o autor nessa situação. Paulo Betti foi “desafiado” a dar vida a um blogueiro gay na trama, mas talvez até tentando alcançar os mesmos status de outros personagens homossexuais em novelas do horário, como o Félix (Mateus Solano) em “Amor à Vida” e o Crô (Marcelo Serrado) em “Fina Estampa”, o ator foi extremamente estereotipado na interpretação do seu personagem Téo, abusando dos bicos, caras e bocas.

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Apenas quando a trama já entrava na reta final, Aguinaldo Silva voltou a acertar a mão no enredo, e a novela começou a engrenar. O público que até então já estava enjoado de tanta monotonia, se interessou pela “saga do comendador”. O folhetim passou a contar com reviravoltas e mistérios a serem revelados, o que começou a prender e aproximar o público.

Morte do comendador

Morte do comendador

+ A morte do comendador

Muito se falou sobre a morte do famoso protagonista. Afinal, ele iria morrer no último capítulo ou não? Quando os rumores tiveram início, o público se revoltou. Aguinaldo Silva tentou amenizar e provocou um mistério em torno desses boatos, mas era bem provável que o fim trágico do comendador já estivesse decidido.

Uma regra básica e importante para todo autor é escrever sempre para o público e não para si próprio. Esse caso pode parecer controvérsia, mas a decisão da morte do protagonista pode ser bem vista. O autor quis fugir um pouco dos finais previsíveis dos mocinhos, e mesmo assim, fez o personagem acabar como herói. A imagem do comendador na foto final da novela, também pode ser vista como uma forma de consolo para os que não gostaram do fim trágico.

Com a chegada de “Babilônia”, que estreia na faixa das 21h nesta próxima segunda (16), é bem provável que em pouco tempo, “Império” já caia no esquecimento do público, até pelo fato já citado de não ter tido um enredo marcante. Apesar dos pesares, a novela conseguiu reerguer a faixa das nove e passa o bastão para a nova trama, com a sensação de dever cumprido. Que venha “Babilônia”.

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Formado em jornalismo, fui um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.

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