Frescor em “Haja Coração”: traços dos personagens e cenários

O colorido de “Haja Coração”, próxima novela das sete da Globo, está presente nos cenários, figurinos, cabelos e até no diálogo dos personagens. Com um elenco afiado quando o assunto é fazer rir, a trama de Daniel Ortiz é marcada pela leveza e agilidade nos acontecimentos que envolvem Tancinha (Mariana Ximenes), Apolo (Malvino Salvador) e companhia.

Tancinha, a protagonista de “Haja Coração”, tem sangue quente. Quente também é o seu look. Sensual como as atrizes do cinema italiano, a feirante abusa dos decotes, da cintura marcada, dos cabelos volumosos e dos tamancos. Mas se engana quem pensa que ela não desce do salto. Tancinha não faz cerimônia quando percebe que alguém passou dos limites na hora de um galanteio. O frescor e a alegria da personagem se estendem ao seu cenário. Na cozinha, além das frutas, legumes e verduras sempre à vista, há azulejos decorados e louças coloridas compondo o cenário.

Aliás, a casa de Tancinha, chefiada pela matriarca Francesca (Marisa Orth), traz em seus detalhes a história desta família com descendência italiana. Nos cômodos, um pouquinho de cada Di Marino que mora por ali: em destaque estão os diversos porta-retratos de diferentes épocas, animais de louça, e até uma coleção de bailarinas de gesso comprada numa feira do Bexiga, em referência ao desejo não realizado da mãe de Tancinha  de ser dançarina.

O grande amor de Tancinha, Apolo, é também seu vizinho. O subúrbio paulistano está ali compondo o ambiente, especialmente no quarto em que ele divide com o irmão, Adônis (José Loreto). A paixão por caminhões inspirou a decoração do cômodo, que é parte da casa de Nair (Ana Carbatti), a professora que adotou os rapazes quando eles ainda eram crianças e ficaram órfãos. A sala é solar e tem uma harmonia que resulta do bom gosto de Nair em adquirir peças e distribuí-las naquele espaço. Eles não são ricos, mas o gosto pelas artes pode ser comprovado em objetos como vasos, quadros e pinturas.

“Procuramos construir um cenário com vida. Além do colorido na decoração das casas da vila, foram inseridos objetos envelhecidos, como se estivessem desgastados pelo uso. Há também muita ação nesses espaços. Nas casas da Tancinha e do Apolo, as pessoas fazem faxina, assistem TV, brigam, comemoram, tudo quase ao mesmo tempo, e a construção dos cômodos se presta a isso”, afirma a produtora de arte  de “Haja Coração”, Silvana Estrella.

Do outro lado da cidade estão as famílias endinheiradas, tanto aquelas que ostentam riqueza, quanto as eu já tiveram muita grana no passado. Os Abdala, por exemplo, não têm do que reclamar quando o assunto é a situação financeira da casa. Tem dinheiro de sobra, e mania de exagerar também. Quer uma prova disso? A casa de Teodora (Grace Gianoukas) é toda trabalhada no dourado. Chega a doer os olhos. Além disso, tanto a mansão quanto seus moradores, como sua irmã, Lucrécia (Claudia Gimenez), usam e abusam do vermelho, uma referência à origem libanesa da família. “Na mansão Abdala, tudo é ostentação: muito brilho, prata, cristais e porcelanas”, conta Silvana.

Beto (João Baldasserini) e Tamara (Cléo Pires) também não precisam contar moedas para pagar suas contas no final do mês. Jovens e ricos, os irmãos são bem próximos. A casa deles reflete com fidelidade traços das personalidades dos dois, e tem na decoração móveis e objetos descolados, modernos e escolhidos por alguém que sabe como compor um ambiente refinado.

Por fim, em “Haja Coração”, uma cobertura localizada nos Jardins. Apesar do endereço privilegiado, é possível perceber que o lugar já teve seus dias de sofisticação. Rebeca (Malu Mader), a dona do apartamento, tem um gosto clássico, tipicamente paulistano. Mas, com o tempo e a falta de dinheiro, o estado do imóvel foi deixando a desejar. Começaram a faltar quadros, os móveis foram se deteriorando e a pintura perdeu vida. Uma reforma caprichada é muito bem-vinda. E é exatamente isso que acontece quando Penélope (Carolina Ferraz ) e Leonora (Ellen Rocche) passam a dividir o mesmo teto com Rebeca. O inusitado é a origem dos recursos que elas conseguem para bancar os reparos, já que as três juntas estão mais duras do que coco verde.

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