O ex-presidente da República, Getúlio Vargas, se suicidou em 1954, após ser pressionado a renunciar por causa do famoso crime da rua Tonelero. Essa morte está rodeada de mistérios até hoje. Porém, recentemente, uma carta de suicídio foi divulgada e detalhes do porquê de querer se matar veio a público.
Confira a carta de suicídio de Getúlio Vargas, divulgada pelo site Pensar Contemporâneo.
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“Deixo à sanha dos meus inimigos o legado da minha morte.
Levo [ Getúlio Vargas ] o pesar de não haver podido fazer, por este bom e generoso povo brasileiro e principalmente pelos mais necessitados, todo o bem que pretendia.
A mentira, a calúnia, as mais torpes invencionices foram geradas pela malignidade de rancorosos e gratuitos inimigos numa publicidade dirigida, sistemática e escandalosa.
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Acrescente-se a fraqueza de amigos que não me [ Getúlio Vargas ] defenderam nas posições que ocupavam, a felonia de hipócritas e traidores a quem beneficiei com honras e mercês e a insensibilidade moral de sicários que entreguei à Justiça, contribuindo todos para criar um falso ambiente na opinião pública do país contra a minha pessoa.
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Se a simples renúncia ao posto a que fui elevado pelo sufrágio do povo me [ Getúlio Vargas ] permitisse viver esquecido e tranqüilo no chão da Pátria, de bom grado renunciaria. Mas tal renúncia daria apenas ensejo para, com mais fúria, perseguirem-me e humilharem. Querem destruir-me a qualquer preço. Tornei-me perigoso aos poderosos do dia e às castas privilegiadas. Velho e cansado, preferi ir prestar contas ao Senhor, não de crimes que não cometi, mas de poderosos interesses que contrariei, ora porque se opunham aos próprios interesses nacionais, ora porque exploravam, impiedosamente, aos pobres e aos humildes.
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Só Deus sabe das minhas amarguras e sofrimentos. Que o sangue de um inocente sirva para aplacar a ira dos fariseus.
Agradeço aos que de perto ou de longe trouxeram-me o conforto de sua amizade.
A resposta do povo virá mais tarde…”, escreveu Getúlio Vargas.