Globo noticia caso de cerca de 41 lotes de café apreendidos pela ANVISA após detectarem uma série de irregularidades no processo de fabricação
É difícil imaginar uma manhã no Brasil sem o aroma do café recém-passado. Mais do que uma bebida, o café é um verdadeiro símbolo cultural e o “combustível” diário para milhões de pessoas.
Contudo, um alerta recente do Ministério da Agricultura (MAPA), em parceria com a ANVISA, reacendeu a preocupação com a qualidade do produto que chega às mesas brasileiras.
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Sendo assim, a equipe especializada em serviços e fiscalizações do TV Foco, a partir de informações divulgadas e confirmadas pela Globo, através do portal G1, traz mais detalhes desse decreto da ANVISA e consequências.
“Matérias estranhas”
No dia 02 de agosto de 2024, o MAPA divulgou que cerca de um pouco mais 17 lotes de marcas de café, cujo tipo é considerado nº1 entre consumidores, foram considerados impróprios para o consumo.
Esses lotes se somam aos 24 já barrados em julho, dando um total de 41 lotes apreendidos, elevando a preocupação sobre fraudes e irregularidades no setor:
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- Os lotes foram desclassificados após a detecção de “matérias estranhas e impurezas ou elementos estranhos” acima do limite permitido pela legislação brasileira.
- Por lei, o café pode conter até 1% de impurezas naturais (como galhos e cascas) e de elementos estranhos, como pedras ou sementes de outras espécies vegetais.
Quando essa porcentagem é ultrapassada, o alimento é considerado fraudado.
O diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal (Dipov), Hugo Caruso, esclarece que, enquanto impurezas podem surgir de forma acidental:
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“Elementos estranhos são adicionados intencionalmente para falsificação”.
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Para saber a lista completa das marcas e lotes, clique aqui*.
Perigos no café
Caruso explica que a torra e a moagem mascaram muitas irregularidades.
Alguns fabricantes torram os grãos em níveis intensos para disfarçar defeitos como grãos ardidos ou pretos, que podem estar contaminados por fungos prejudiciais à saúde.
“A gente já percebeu que algumas torrefadoras torram café com até 1.200 defeitos por 300g, quando o permitido é 360“.
Ele alerta que torras extremamente escuras podem esconder não apenas café de má qualidade, mas também misturas com outros materiais, como cascas e até milho.
Novas regras para transparência
Entretanto, a fim de ajudar os consumidores a identificar possíveis fraudes, a Portaria nº 570 exige desde agosto de 2024 que as embalagens de café indiquem o grau da torra:
- Clara: bebida com mais acidez, doçura e menos amargor;
- Média: equilíbrio entre notas caramelizadas, acidez e amargor;
- Escura: mais amargor e menos doçura e acidez.
A fiscalização também deve evoluir, com a introdução de análises sensoriais e químicas que identificam tanto a composição quanto possíveis fraudes pelo sabor do produto.
O desafio da indústria
Apesar dos avanços tecnológicos no beneficiamento do café, muitas torrefadoras aproveitam grãos impróprios para produção, conforme exposto pelo MAPA:
- No beneficiamento, os trabalhadores descartam os grãos considerados impróprios.
- No entanto, na prática, acabam sendo torrados de forma intensa e utilizados no pó vendido ao consumidor final.
Para Hugo Caruso, é fundamental educar o consumidor sobre a qualidade do café e o que buscar nas embalagens:
“Um torrefador que investe em café de alta qualidade não vai torrá-lo como carvão, porque isso destrói o sabor e a qualidade. A torra média ou clara é o ideal para realçar o melhor do grão”.
Como observar as novas regras da ANVISA na embalagem de cafe?
- 1. Verifique o selo da Abic: Primeiramente deve se observar a presença do selo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic). Ele atesta a qualidade do café torrado e moído, mas é opcional e exclusivo para associados avaliados pela entidade e segue normas da ANVISA, que permitem até 1% de impurezas (galhos e folhas).
- 2. Identifique o tipo de café: O selo da Abic informa a classificação: extraforte, tradicional, superior, gourmet ou especial.
Neste caso, o extraforte carrega um sabor mais amargo, enquanto o gourmet e especial traz uma bebida mais doce, frutada, com alta acidez e menor amargor.
- 3. Confira a espécie do grão: A embalagem deve informar a espécie, conforme a norma:
- Arábica: sabor floral, frutado, doce, com menos cafeína.
- Canéfora (robusta/conilon): notas de chá preto, cacau e amendoim.
- Evite produtos “fora do tipo”: Cafés com mais impurezas que o permitido não recebem o selo da Abic. Segundo especialistas, esses produtos não devem ser consumidos.
Para saber mais detalhes sobre essa e mais proibições da ANVISA, clique aqui*.
Considerações finais:
A ANVISA apreendeu 41 lotes de café, entre julho e agosto, por conta de irregularidades na produção, como a presença de “matérias estranhas” acima do permitido.
A indústria cafeeira utiliza a torra excessiva como disfarce para defeitos e fraudes, porém novas regulamentações exigem que as empresas informem o grau de torra e a espécie do grão nas embalagens.
O consumidor deve buscar produtos com selo da ABIC e preferir torras médias ou claras para garantir melhor qualidade.