Globo demite jornalista após gravação de vídeo e deixa profissional indignado: “Sem advertência prévia”
05/12/2019 às 14h44
Adalberto Neto, jornalista do jornal O Globo, foi demitido após postar um vídeo gravado dentro da redação. Agora, o jornalista quebrou o silêncio e afirmou que a demissão pode ter sido por motivos raciais
O Brasil parou para ver a vitória do Flamengo contra o River Plate na Libertadores no final de novembro. Por todo o país, torcedores vibraram com a vitória e a comemoração tomou conta. Na redação do jornal O Globo não foi diferente e os jornalistas celebraram a vitória. O repórter Adalberto Neto, do caderno Bairros do jornal, registrou a comemoração da equipe, postou nas redes sociais e acabou demitido.
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Com a repercussão do caso, Adalberto enviou uma carta para Leo Dias e afirmou que a demissão pode ter motivação racial, já que ele é negro. “E se a ‘obra’ foi mesmo o vídeo que fiz, acho muito curioso só eu ser desligado da empresa, sem nem tomar uma advertência prévia. Logo após o mês da Consciência Negra e de todo o debate que se levanta nesse período, o meu mês seguinte já começa assim. Para quem tem o mínimo de letramento racial, é impossível não racializar essa minha demissão. E não vim aqui culpar a empresa, nem a direção, nem o meu editor”, disse Adalberto em trecho da carta.
“A culpa não é nossa. Vem lá de trás. Da colonização. Só para se ter uma ideia, quando falamos que o Brasil já começou errado, quando os portugueses invadiram a nossa terra, já deslegitimamos a existência do povo brasileiro que aqui residia, cuidava da nossa natureza, era livre e feliz: os indígenas. Então, não começou errado. Começou certo. A história não pode ser contada a partir do momento em que homens brancos passam a fazer parte do contexto. Ela é maior e mais ampla”, acrescentou Adalberto.
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Mesmo demitido, Adalberto guarda boas memórias do Grupo Globo. “Sou muito grato à empresa. Trabalhar no jornal O Globo, realmente, é um diferencial na carreira de qualquer jornalista. Dá um selo de qualidade, sabe? Fui muito feliz ali nos meus quase sete anos, fiz inúmeros amigos, não saio triste”.
“E se eu puder dar um conselho: aumentem o número de profissionais pretos nos cargos de liderança. Entre os editores executivos, só há uma mulher preta, e que é incrível, diga-se de passagem. A diversidade não é bacana apenas no campo da discussão nem para mostrar que estamos antenados com o momento, em que a questão se tornou mais que urgente. A diversidade é a vida. E é preciso saber viver. A gente já canta isso! É só aplicar”, escreveu Adalberto.
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Autor(a):
Marcos Paulo
Formado em jornalismo, foi um dos principais jornalistas do TV Foco, no qual permaneci por longos anos cobrindo celebridades, TV, análises e tudo que rola no mundo da TV. Amo me apaixonar e acompanhar tudo que rola dentro e fora da telinha e levar ao público tudo em detalhes com bastante credibilidade e forte apuração jornalística.