Adalberto Neto, jornalista do jornal O Globo, foi demitido após postar um vídeo gravado dentro da redação. Agora, o jornalista quebrou o silêncio e afirmou que a demissão pode ter sido por motivos raciais
O Brasil parou para ver a vitória do Flamengo contra o River Plate na Libertadores no final de novembro. Por todo o país, torcedores vibraram com a vitória e a comemoração tomou conta. Na redação do jornal O Globo não foi diferente e os jornalistas celebraram a vitória. O repórter Adalberto Neto, do caderno Bairros do jornal, registrou a comemoração da equipe, postou nas redes sociais e acabou demitido.
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Com a repercussão do caso, Adalberto enviou uma carta para Leo Dias e afirmou que a demissão pode ter motivação racial, já que ele é negro. “E se a ‘obra’ foi mesmo o vídeo que fiz, acho muito curioso só eu ser desligado da empresa, sem nem tomar uma advertência prévia. Logo após o mês da Consciência Negra e de todo o debate que se levanta nesse período, o meu mês seguinte já começa assim. Para quem tem o mínimo de letramento racial, é impossível não racializar essa minha demissão. E não vim aqui culpar a empresa, nem a direção, nem o meu editor”, disse Adalberto em trecho da carta.
“A culpa não é nossa. Vem lá de trás. Da colonização. Só para se ter uma ideia, quando falamos que o Brasil já começou errado, quando os portugueses invadiram a nossa terra, já deslegitimamos a existência do povo brasileiro que aqui residia, cuidava da nossa natureza, era livre e feliz: os indígenas. Então, não começou errado. Começou certo. A história não pode ser contada a partir do momento em que homens brancos passam a fazer parte do contexto. Ela é maior e mais ampla”, acrescentou Adalberto.
Mesmo demitido, Adalberto guarda boas memórias do Grupo Globo. “Sou muito grato à empresa. Trabalhar no jornal O Globo, realmente, é um diferencial na carreira de qualquer jornalista. Dá um selo de qualidade, sabe? Fui muito feliz ali nos meus quase sete anos, fiz inúmeros amigos, não saio triste”.
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“E se eu puder dar um conselho: aumentem o número de profissionais pretos nos cargos de liderança. Entre os editores executivos, só há uma mulher preta, e que é incrível, diga-se de passagem. A diversidade não é bacana apenas no campo da discussão nem para mostrar que estamos antenados com o momento, em que a questão se tornou mais que urgente. A diversidade é a vida. E é preciso saber viver. A gente já canta isso! É só aplicar”, escreveu Adalberto.
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