Matéria veiculada no Jornal Nacional, principal noticioso da Globo, mostrou depoimento de porteiro que cita Bolsonaro no âmbito das investigações sobre a morte de Marielle Franco
A TV Globo veio a público por meio de uma nota enviada à imprensa rebater as críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro que acusou a emissora, por meio de matéria veiculada no Jornal Nacional, de “patifaria” e adjetivou o canal de “esgoto”.
Na noite dessa terça-feira, reportagem do jornalista Paulo Renato Soares no Jornal Nacional revelou com exclusividade que, em depoimento prestado à Polícia no âmbito das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco – PSOL do Rio de Janeiro – o porteiro do condomínio onde Jair Bolsonaro mora na Barra da Tijuca, área nobre da capital fluminense, citou o nome do presidente.
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De acordo com a reportagem da Globo, o porteiro, que não teve a identidade revelada, afirmou que, no dia do assassinato de Marielle Franco, horas antes do crime ter acontecido, um dos presos suspeitos de participação no homícidio, o ex-policial militar Élcio Queiroz, registrou entrada no condomínio, alegando que iria para a residência de Jair Bolsonaro, que é a casa de número 58. Contudo, em vez de ir para a casa de Bolsonaro, Élcio foi para a casa de Ronnie Lessa, também preso acusado de ser o autor dos disparos que matou a vereadora e seu motorista, Anderson Gomes – Ronnie também mora no mesmo condomínio que Bolsonaro.
Ainda segundo a Globo, ao perceber que Élcio não foi para a casa 58, pertencente a Bolsonaro, ele interfonou para a casa do presidente, e um homem, identificado como “seu Jair”, disse estava tudo bem. Acontece que, no dia em questão, o então deputado federal estava em Brasília, fato apontado na reportagem Paulo Renato Soares no Jornal Nacional. Com isso, os internautas passaram a se questionar, afinal, que estaria na casa de Jair Bolsonaro e autorizou a entrada do suspeito de matar Marielle Franco e Anderson Gomes.
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A reportagem caiu como uma bomba nas redes sociais, e o assunto imediatamente ficou entre os mais falados da web. Com a repercussão, Bolsonaro veio a público por meio de vídeo nas redes, e partiu para o ataque contra a TV Globo.
Por meio de nota, a Globo rebateu as críticas do presidente e nega que tenha feito “patifaria” ou “canalhice”. Ressalta, entretanto, que fez “jornalismo com seriedade e responsabilidade” e que lamenta o uso de termos “injustos” para insultá-la e afirma que “não poderia esperar dele [Bolsonaro] outra atitude”.
Veja a íntegra:
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“A Globo não fez patifaria nem canalhice. Fez, como sempre, jornalismo com seriedade e responsabilidade. Revelou a existência do depoimento do porteiro e das afirmações que ele fez. Mas ressaltou, com ênfase e por apuração própria, que as informações do porteiro se chocavam com um fato: a presença do então deputado Jair Bolsonaro em Brasília, naquele dia, com dois registros na lista de presença em votações.
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O depoimento do porteiro, com ou sem contradição, é importante, porque diz respeito a um fato que ocorreu com um dos principais acusados, no dia do crime. Além disso, a mera citação do nome do presidente leva o Supremo Tribunal Federal a analisar a situação.
A Globo lamenta que o presidente revele não conhecer a missão do jornalismo de qualidade e use termos injustos para insultar aqueles que não fazem outra coisa senão informar com precisão o público brasileiro. Sobre a afirmação de que, em 2022, não perseguirá a Globo, mas só renovará a sua concessão se o processo estiver, nas palavras dele, enxuto, a Globo afirma que não poderia esperar dele outra atitude. Há 54 anos, a emissora jamais deixou de cumprir as suas obrigações”, completou.