Globo, SBT e Record carecem de uma questão muito delicada na televisão ultimamente, que é a originalidade das produções
Antes mesmo de estrear na tela da Globo, o reality show “Minha Mãe Cozinha Melhor Que a Sua” já recebe críticas por quem assiste televisão. O programa é um formato comprado da emissora portuguesa RTP1 e é bastante parecido com o que Eliana faz há anos na tela do SBT.
Com Leandro Hassum no comando e os chefs Paola Carosella e João Diamante como jurados, o programa ganha uma chance de ouro na grade de programação da emissora a partir do dia 29 de janeiro. Esta, porém, não é a primeira vez que a platinada exibirá o formato, já que em 2019 existia um quadro de mesmo nome no “É de Casa”, e era apresentado por Patrícia Poeta, com o chef Roberto Ravioli como jurado.
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O problema é que Eliana possui o “Minha Mulher Que Manda” no SBT, que tem basicamente o mesmo formato. Na Globo, um famoso – pode ser um atleta, um ator, um cantor – recebe ordens da mãe para preparar um prato com a orientação da mãe, e pode ser eliminado no fim do episódio de acordo com a avaliação dos jurados e do apresentador.
De acordo com Alessandro Lo-Bianco, do programa “A Tarde é Sua”, “Minha Mãe Cozinha Melhor Que a Sua” servirá como uma espécie de termômetro para saber se o público vai se acostumar com Paola Carosella, que acaba de se tornar a queridinha da emissora carioca. O plano é projetá-la para programas maiores. Nada melhor que um formato comprado, mais barato e popular entre os brasileiros para fazer esse teste.
No programa da emissora de Silvio Santos, a estrutura é basicamente, contando também com um rapaz e a esposa, que dá as instruções para a realização da receita. O SBT também já exibiu o “Duelo de Mães”, apresentado por Ticiana Villas Boas, e adivinhe: também possui o mesmo formato.
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Não é novidade para ninguém que o canal paulista é conhecido por ‘copiar’ formatos que são vendidos para todo o mundo. Um exemplo disso é o “Show do Milhão”, que é um ‘clone’ do internacional “Quem Quer Ser um Milionário?”, mas que o Homem do Baú sempre vendeu como se fosse um programa original.
A Globo, por sua vez, faz questão de pagar para ter os direitos de exibição, não é à toa que o programa que torna os competidores milionários leva o nome original como um quadro do “Domingão Com Huck”, mas que também já foi do “Caldeirão” na época em que a atração ainda era do marido de Angélica.
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MUITOS ERROS E POUCOS ACERTOS
O problema é que a Globo não tem acertado em algumas produções originais. Nos últimos tempos, a platinada desenvolveu o “Zig Zag Arena” em 2021, apresentado por Fernanda Gentil, e gravado no MG4, que é o estúdio mais novo e moderno da empresa. A atração entrou para a história como um dos maiores fracassos da história da emissora.
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Para se ter uma ideia, o programa teve 18 programas gravados e teve 7 jogados no lixo, para evitar o risco de afundar a audiência ainda mais. Na Grande São Paulo, a Globo chegou a ficar em quarto lugar no ranking de emissoras, atrás da Record, SBT e até da Band em um dos domingos em que foi ao ar.
Outra atração que também é original e não empolgou foi o “Pipoca da Ivete”, que também foi ao ar aos domingos, e entregou uma Ivete Sangalo roteirizada, sem a espontaneidade que transformou a artista em um dos maiores nomes do Brasil. Mais uma vez, o fracasso de audiência fez com que a atração se tornasse esquecível.
Um dos acertos do canal, entretanto, foi a compra do “The Masked Singer Brasil”, também com Ivete Sangalo. O programa de famosos fantasiados é um grande sucesso e já atingiu bons números de audiência em suas duas primeiras temporadas. A empolgação foi tão grande que a platinada quase colocou tudo a perder.
Com duas temporadas exibidas em poucos meses de diferença, a Globo por pouco não saturou a imagem da atração, que poderia se tornar um novo “The Voice Brasil”. O reality show musical, que também é comprado, já cansou o público. A temporada de 2022 se tornou a pior audiência da história do programa no país.
O reality possui a versão tradicional, a versão para competidores com mais de 60 anos e também a para crianças. Saturadíssimo, nem a presença de Fátima Bernardes na apresentação empolgou ou trouxe curiosidade do público em ver a ex-âncora do “Jornal Nacional” em um programa tão informal.
PROIBIÇÃO
O SBT teve a intenção de trazer à tona uma nova temporada do “Casa dos Artistas”, que só ganhou quatro edições na história. O problema é que o programa é uma cópia do “BBB” e rendeu um processo milionário da Globo contra Silvio Santos, que foi condenado e teve que pagar à rival.
Nos anos 2000, a empresa holandesa Endemol ofereceu o formato do “Big Brother” para o Homem do Baú, que recusou a proposta devido aos gastos da produção. Após assinar um documento que garantia à empresa estrangeira que ele não copiaria as estratégias, o patrão decidiu produzir seu próprio reality show de confinamento.
Após alugar uma mansão do lado de casa, no Morumbi, em São Paulo, o veterano colocou vários famosos observados por câmeras 24 horas por dia. A essa altura, a Globo já havia comprado o formato e estava desenvolvendo a casa mais vigiada do Brasil. A platinada chegou a impedir judicialmente de “Casa dos Artistas” ir ao ar.
Querendo ou não, Silvio Santos foi revolucionário em colocar famosos dentro de uma casa. Na época, nomes importantes entraram no confinamento, como Alexandre Frota, Supla, Mari Alexandre, Mateus Carrieri e a vencedora Bárbara Paz. As outras edições também garantiram simpatia do público com as celebridades que disputaram o prêmio.
Atualmente proibido de levar o programa ao ar, o Homem do Baú até cogitou comprar um formato argentino para estrear o “Hotel das Celebridades”. Seria uma boa aposta para competir com a Globo, que tem o “No Limite” e o “BBB”, e com a Record, que teve o “Power Couple”, o “Ilha Record” e ainda possui “A Fazenda”.
FALTA ORIGINALIDADE
Comprar formatos do exterior não é algo ruim, de forma nenhuma. Quantas alegrias o “The Voice”, o “BBB”, o “The Masked Singer” e “A Fazenda” já trouxeram, principalmente em suas primeiras temporadas. O problema é que claramente existe uma dificuldades das emissoras em produzirem seus próprios conteúdos de sucesso.
O “Domingo Legal”, por exemplo, tem uma história de sucesso na televisão e sempre produziu quadros que, mesmo tendo baixo orçamento, garantiam altas audiências, fazendo até mesmo o SBT incomodar a Globo. Dá a impressão de que os canais acreditam que o brasileiro quer produtos sofisticados, quando na verdade a espontaneidade e o jeitinho brasileiro sempre conquistaram o público.
Os tempos mudaram, os quadros do “Domingo Legal” – reconhecidamente machistas pelo próprio SBT hoje em dia – e também do “Pânicos”, que era bem original, não fariam sucesso como antes. O público também cobra e faz questão de que exista coerência no que vai ao ar, mas falta criatividade e originalidade entre as emissoras.