Maitê Proença, Antônio Fagundes e Carolina Ferraz são alguns dos atores do alto escalão da Globo que encerraram contratos com a emissora
A Globo fez uma grande mudança na estrutura de suas contratações nos últimos anos e cortou estrelas que muitas pessoas jamais imaginariam que deixariam o time fixo da empresa. Essa reestruturação consiste em demitir os nomes mais caros, mesmo que tenham feito história na emissora, em busca de um alívio econômico.
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Por muito tempo se falou sobre a platinada estar passando por uma crise, ou até mesmo falindo – algo bem difícil de acontecer-, mas a verdade é que existe um buraco mais embaixo que reflete nesse novo modelo de trabalho que a empresa oferece aos artistas no momento.
De poucos anos para cá, a Globo demitiu personalidades que ajudaram a construir a teledramaturgia do canal, como Tarcísio Meira, Carolina Ferraz, Maitê Proença e até mesmo Antônio Fagundes. O problema é que não é de ontem que algumas dessas estrelas começaram a mover processos contra a platinada por um motivo bem específico.
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Assim como muitas empresas fazem atualmente, muitas vezes para evitar o pagamento de benefícios e até mesmo INSS, a Globo contratou centenas de funcionários através de esquema PJ. Essa manobra consiste em uma pessoa física abrir um CNPJ, ou seja, um nome jurídico, para emitir notas de empresa para empresa.
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Isso significa que a emissora contrata ’empresas’ para fazerem suas novelas, séries e até para apresentares programas, mas sem estabelecerem nenhum tipo de vínculo empregatício.
Esse tipo de forma de trabalho é extremamente perigoso, já que se uma empresa exigir um funcionário de cumprir demandas de alguém que tem carteira assinada, uma possível ação trabalhista pode resultar em uma decisão a favor de cada artista ou funcionário.
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DEMISSÃO NA PIOR HORA
Um exemplo disso aconteceu com o ator Hugo Carvana, que teve um histórico longo de trabalhos com a platinada durante a carreira. Em todos os anos que trabalhou no canal, o veterano não tinha vínculo CLT, e era contratado como pessoa jurídica através de uma empresa em que ele era sócio. Com câncer terminal, a empresa o mandou embora e ainda cancelou seu plano de saúde.
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Quando morreu, em 2014, seus os herdeiros entraram com uma ação contra a Globo. A Justiça obrigou o canal a reconhecer o vínculo empregatício por unanimidade no tribunal. A emissora tentou argumentar que o esquema de trabalho sempre foi muito bem aproveitado com o ator, que nunca fez nenhum tipo de denúncia durante a vida.
A 65ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro reconheceu o vínculo de trabalho entre a empresa e o ator de 1984 a 2014. O Tribunal Regional do Trabalho da 1ªRegião (RJ) condenou a platinada a pagar R$ 100 mil a título de dano moral por não renovar o contrato e cancelar o plano de saúde do ator “no exato momento em que o trabalhador mais precisava”.
DOIS PROCESSOS
Carolina Ferraz é definitivamente um dos casos mais famosos e que repercutem até hoje na empresa. Após 27 anos, a atriz foi demitida da Globo para trabalhar em um modelo por obra – algo que ela desgostou. A famosa entrou com uma ação judicial contra a empresa para ter vínculo empregatício reconhecido.
De acordo com Ricardo Feltrin, do Splash, a atriz exige entre R$ 5 e 7 milhões referentes a férias, 13º salário, além de todas os outros benefícios referentes a esses trabalhadores CLT (Consolidação das Leis do Trabalho). A artista até chegou a depor a favor de Maitê Proença, que é outra grande estrela da casa e que também entrou com um processo na Justiça.
As duas pedem basicamente os mesmos direitos e se apoiam nessa empreitada. As duas já participaram de várias novelas de destaque da Globo. Carolina, por exemplo, foi protagonista de “Pecado Capital” (1998), fez a icônica vilã de “Belíssima” (2005) e foi uma das mulheres de Cadinho (Alexandre Borges) em “Avenida Brasil” (2012).
Maitê, por sua vez, foi uma das Helenas de Manoel Carlos em “Felicidade” (1991). Ela também brilhou em “Salvador da Pátria” (1989) e em tramas mais recentes como “Gabriela” (2012) e “Liberdade Liberdade” (2017). O valor que a loira exige na Justiça beira os R$ 500 mil, de acordo com o Notícias da TV.
JORNALISTA CONDENOU ATITUDE
Vários nomes famosos da Globo defendem a emissora desse tipo de movimento na Justiça e chegam até a considerar esses processos como ingratidão. O jornalista Carlos Tramontina, que também encerrou o vínculo com o canal, deu uma entrevista ao “Flow Podcast” em que citou a briga das atrizes com a emissora.
“Eu me decepcionei muito. Acho o seguinte cara: você ficou 20 anos fazendo o negócio e serviu, agora não presta? Mas que hipocrisia é essa?! Eu vi outro dia as duas atrizes, a Maitê e a Carolina, agora processam a Globo por direitos trabalhistas, mas quando eram pessoas jurídicas pagavam menos imposto e agora querem recuperar os direitos trabalhistas”, afirmou.
O veterano continuou: “[Elas] vão devolver para a Receita o que deixaram de recolher? O que é isso? Acho que criticar, avaliar o trabalho, ter uma visão critica do trabalho faz parte, mas você dizer que aquela empresa que você ficou isso, isso, isso, agora não presta é muito estranho”.
“PROPOSTA INDECENTE”
A situação com Antônio Fagundes não envolveu nenhum tipo de processo judicial, mas sim uma quebra de acordo que aconteceu da empresa com o famoso. Em entrevista ao Notícias da TV, o veterano contou que a Globo ofereceu uma mudança na forma de contrato com ele após 44 anos de contribuições.
No novo modelo de trabalho, o artista teria que trabalhar quando fosse chamado, sendo que antes era acertado que ele dedicaria três dias da semana para gravações de novelas e o restante para o teatro. “Esse novo modelo não me interessa”, garantiu. Foi por isso que houve essa demissão tão chocante e que mais vez envolve os novos contratos do canal.