Cena de racismo na Globo aconteceu em um dos capítulos de Páginas da Vida
Em julho de 2006 estreava uma das novelas de maior sucesso de Manoel Carlos nas telas da Globo, a aclamada Páginas da Vida, que tinha como tema central a vida da família de Nanda (Fernanda Vasconcellos) que tem de lidar com a morte da garota no parto após dar à luz uma criança com síndrome de down.
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Manoel Carlos foi perspicaz ao tratar de temas especialmente espinhos para a época, dentre eles o racismo estrutural que acomete uma das personagens, Gabriela, interpretada pela até então atriz mirim Carolina Oliveira (Hoje é dia de Maria).
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Ao contrário da maior parte dos atores que integram os elencos infantis em novela, a participação de Carolina Oliveira foi controversa e marcada por diversos debates levantados pelo público. A trama da personagem se resumia em uma garota esperta, porém reprodutora de comportamentos racistas da mãe, Angélica (Cláudia Mauro).
Em um capitulo específico da novela da Globo, Gabriela é obrigada a se sentar na mesa com os pais, que já são divorciados. A nova esposa de Lucas (Paulo César Grande), Selma (Lucia Lucinda) lhe oferece uma fatia de pão com manteiga. Enojada com a mulher por conta de sua cor de pele, Gabriela não aceita o pão, o que revolta seu pai que se levanta e esfrega a fatia no rosto da filha.
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Na época a cena causou total choque no público que acusou a novela de humilhação e tortura contra a atriz mirim, pois ouve violência gráfica demais na gravação. O ator Paulo César Grande até mesmo comentou sobre como se sentia preocupado em encarnar um novo personagem metido em uma trama de racismo, sendo o primeiro deles, seu personagem da novela “Por Amor” de 1997: “O Lucas esconde a mulher da ex e da filha. Pode ser que saia de bandido” disse em entrevista concedida para uma edição antiga da Folha de S. Paulo.
“Acho que serei apedrejada nas ruas”, acreditava Cláudia Mauro. “A Selma sempre foi amiga, dava conselhos para Helena.”, comentou a intérprete de Angélica também receosa com o comportamento do público. Já a pequena Carolina Oliveira achava que quem sairia como o vilão da história seria o próprio pai.