Globo tenta reduzir custos de equipes externas, mas vira alvo de queixas de funcionários

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Funcionários da Globo reclamam de mudanças em equipes de externa (foto: Montagem/TV Foco)

Medida de contenção de custos adotada pela diretoria da Globo não agradou aos funcionários da emissora, que reclamam da mudança

A Globo fez uma importante mudança nas equipes envolvidas em externas dos setores de Jornalismo e Esporte nesta terça (28). Antes numerosas, e sempre com o mínimo de três funcionários, as gravações passaram a ser feitas apenas com os repórteres e os seus respectivos cinegrafistas — nos bastidores, a mudança ganhou o nome de “kit light”.

Com a novidade, a emissora praticamente extinguiu a função de assistente, até então considerada básica para qualquer gravação feita fora das instalações do canal. Os assistentes atuavam principalmente na parte técnica das gravações, como áudio e iluminação, e também colaboravam com a segurança, evitando que pessoas hostis se aproximassem dos repórteres.

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A mudança, feita para reduzir custos e minimizar o número de profissionais trabalhando em meio a pandemia do novo coronavírus, não foi bem recebida pelos colaboradores da Globo. Alguns deles dizem ter descoberto a notícia por meio da coluna do jornalista Flávio Ricco, do portal R7, na madrugada de domingo (26) para segunda (27).

Um dos funcionários mais revoltados com a nova determinação enviou um e-mail para a direção da Globo enumerando diversos pontos que inviabilizariam a nova estrutura das equipes. A reportagem do TV Foco teve acesso ao material e, a seguir, reproduzirá alguns trechos da mensagem.

William Bonner e Renata Vasconcellos são os principais nomes do Jornalismo da Globo (foto: Reprodução/TV Globo)

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“COMO VOCÊS SE SENTIRIAM?”

No primeiro parágrafo do e-mail, o funcionário (que terá a sua identidade preservada) diz que os colaboradores da Globo estão “sendo surpreendidos com mudanças, e que novamente foram os últimos a saber de situações que afetam diretamente o nosso emprego”.

Na sequência, há queixas sobre o novo modelo de câmera adquirido pela emissora, a Sony PXW-Z280. “A ergonomia não é boa, ela não tem lente intercambiável e não foi testada em situações típicas de rua. A falta de ergonomia afeta diretamente a qualidade do trabalho do cinegrafista, e a médio prazo pode acabar causando problemas para a sua postura”, alerta ele.

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Sobre o corte do assistente de externas, o colaborador da Globo relembra os executivos da emissora de que a presença desta função nas equipes “evitou incontáveis casos que poderiam ter virado situações mais sérias” e cita que a extinção do cargo pode, inclusive, prejudicar os furos do Jornalismo do canal.

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“Como um cinegrafista vai cuidar do tripé se ele tiver que fazer uma imagem com a câmera no ombro? No caso do motolink, a imagem do ex-presidente Michel Temer dentro do carro da polícia sendo levado preso para a PF não teria sido feita”, relembra o funcionário.

Por fim, ele encerrou sua mensagem com um apelo aos diretores da Globo. “Nós somos uma empresa de comunicação, e é justamente uma boa comunicação que está nos faltando nesse momento. As pessoas estão vindo trabalhar tensas, chegam e não sabem se irão terminar o dia ainda empregadas. Há relatos de pessoas com dificuldades para dormir”, revela.

“A cada corte que passa as pessoas que permanecem ficam com um misto de alívio e de tensão. Como vocês se se sentiriam tendo diariamente essa pressão na cabeça de vocês? É como se fosse uma ferida que sangrasse diariamente”, conclui.

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