EXAGERO?

Globo sacrifica programação, espreme terror e transforma horas na TV em novo Cidade Alerta

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Cobertura da emissora está semelhante ao "Cidade Alerta" (Foto: Reprodução/Record/TV Globo)

A Globo surpreendeu quem estava em casa ao transformar sua programação em um novo “Cidade Alerta”, da Record

A Globo fez diversas coberturas das destruições que as chuvas causaram no litoral norte de São Paulo, no último fim de semana. A tempestade foi a maior já registrada na história do Brasil e matou mais de 48 pessoas até o momento. O “Encontro”, o “Mais Você” e até o Carnaval deram espaço para links ao vivo e reportagens sobre o assunto.

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Programações foram cortadas, vários jornalistas se mobilizaram até o local onde houve o maior número de vítimas e até Roberto Kovalick, que tentou curtir a folga de Carnaval com a família em São Sebastião, abandonou o descanso em prol da notícia.

O problema é que a emissora praticamente explorou uma parte do sofrimento da população enquanto fazia essa cobertura. Ontem no “Encontro”, por exemplo, o repórter Gabriel Vendramini entrevistou uma mulher que quase perdeu os bebês gêmeos durante a enxurrada. Os meninos foram carregados através de uma espécie de corrente humana até um local seguro.

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Mulher chorou ao vivo no “Encontro” (Foto: Reprodução/TV Globo)

Assim que a jovem começou a falar sobre a experiência, o choro dela a interrompeu. Ainda assim, o programa de Patrícia Poeta continuou insistindo para obter o depoimento da vítima, que ainda teve que se preocupar com os outros familiares que estavam passando pelo terror durante a chuva. Os bebês possuem apenas 1 mês de vida.

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“Foi assustador, a gente entrou em desespero… Me dá vontade de chorar. A lama não entrou na casa da gente. A gente entrou em desespero porque a gente viu as casas dos vizinhos sendo levadas. Foi bem na nossa frente. A gente ouviu gritos de socorro. A gente só pegou os meninos”, disse a mulher, bem abalada.

Outros momentos tristes aconteceram envolvendo até mesmo os próprios profissionais da emissora. Walace Lara chegou a chorar ao vivo, em uma edição especial do “Bom Dia SP”, ao falar sobre os comerciantes que estavam cobrando R$ 93,00 por litro de água das vítimas da tragédia.

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Inconformado, o repórter lamentou que pessoas estivessem agindo de má-fé para obter dinheiro em meio ao desespero de quem não tinha o mínimo para sobreviver. Tiago Scheuer também manifestou sua revolta ao noticiar que bandidas estavam saqueando caminhões com itens básicos de sobrevivência enviados às vítimas do litoral.

Walace Lara denunciou atitude em meio a tragédia e chorou no “Bom Dia SP” (Foto: Reprodução/TV Globo)

NÃO É DE BOM TOM

Apesar da notícia ser importante e essencial nesse momento, principalmente aos moradores do estado de São Paulo, houve um certo exagero na cobertura. Algo parecido com o que a Record e a Band fazem com seus telejornais da tarde, foi ao ar na Globo, que é conhecida por evitar esse tipo de sensacionalismo.

A emissora é a segunda maior do mundo e possui um time no Jornalismo muito extenso e cheio de profissionalismo. O problema é que a insistência em transmitir vários links dentro dos mesmos telejornais e exibir o sofrimento de algumas famílias acaba tornando um pouco angustiante acompanhar a tudo isso.

A exibição de velórios e de mães aos prantos nunca foi de bom tom na TV. Até hoje, essa prática é muito criticada em outros programas que ainda fazem sucesso nos dias de hoje, como o “Cidade Alerta”, que muitas vezes passa horas falando do mesmo assunto, exibindo as mesmas entrevistas e explorando o sofrimento de vítimas.

Tiago Scheuer e César Tralli em link no “Encontro” (Foto: Reprodução/TV Globo)

TOMAR CUIDADO

A espetacularização da tragédia sempre existiu, mas sempre houve uma certa moderação na tela da Globo. Apesar desse erro nessa cobertura, a emissora é conhecida por sempre levar alguns dos problemas exibidos na tela até o fim, com respostas de autoridades, resoluções ou a falta delas.

Só foi estranho verificar que de alguma forma todas as emissoras possuem certo apelo diante de algumas tragédias. A que aconteceu no litoral de São Paulo foi uma das maiores, principalmente por ter acontecido em meio à folia do Carnaval. Só é importante tomar cuidado para não tornar o sofrimento de famílias em uma isca de audiência.

Autor(a):

Eu sou Paulo Damião, jornalista formado pela FIAM-FAAM, em 2020. Trabalho com celebridades desde 2017 e admiro tudo o que envolve o mundo dos famosos e da televisão. Já entrevistei artistas, participei de coletivas de imprensa e sou responsável por desenvolver vários especiais de destaque no TV Foco.Meu email é paulo.vitto@otvfoco.com.br

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