Joaquina, personagem principal de “Liberdade, Liberdade”, interpretada por Andreia Horta, chamou a atenção do público por ser uma mulher “à frente do seu tempo”, como chegou a classificar o próprio autor, Mario Teixeira. Justiceira, a filha de Tiradentes saiu em defesa das minorias, direitos humanos e justiça social, além de ser alfabetizada e leitora de obras iluministas, algo raro entre mulheres brasileiras no início do século 19.
A historiadora Márcia Pinna Raspanti, entretanto, acredita que o perfil e discurso da personagem está bem mais propenso para o lado ficcional do que para os fatos históricos, tornando-a inverossímil com o período e a sociedade da época. “Ele [o autor de ‘Liberdade, Liberdade] criou Joaquina muito influenciado pelos ideais de hoje, e não propriamente como uma personagem histórica. É uma heroína de novela. No início do século 19, já havia vozes críticas à escravidão, mas o discurso que faz alusão aos direitos humanos é um tanto inverossímil, mesmo para alguém influenciado pelos ideais iluministas”, disse a historiadora em entrevista ao portal “UOL”.
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O autor do folhetim concorda que Joaquina é de fato uma personagem de ficção, adaptada do livro “Joaquina, filha do Tiradentes” (1987), de Maria José de Queiroz. Isso deve-se principalmente a ausência de fatos históricos sobre a filha de Tiradentes, que chega a ter sua existência contestada por alguns historiadores.
“A personagem Joaquina na história de ‘Liberdade, Liberdade’ é ficcional. Há pouquíssimas referências sobre a Joaquina real, só uma menção a ela nos autos da devassa, que são os relatórios oficiais sobre a Inconfidência. Por isso a minha criação é tão livre. A ideia de falar sobre Joaquina partiu do argumento da Marcia Prates. A partir dele, desenvolvi uma história sobre a volta de uma menina cujo pai, Tiradentes, foi considerado um traidor. Joaquina traz dentro de si essa carga dramática”, explicou o autor.
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