Milhares de brasileiros foram surpreendidos com uma nova moeda que chega para fomentar a economia local e impactar a existência do Real na vida desses mesmos CPFs
Em meio a um cenário em que todas as expectativas giram em torno da chegada do DREX, a nova moeda digital do Banco Central e que tem projeções de substituir o real em espécie, um município brasileiro e seus habitantes contemplam uma nova moeda, ainda neste ano de 2024.
Ainda em Abril, esse mesmo grupo de brasileiros se surpreendeu com a chegada dessa nova moeda que entrou em vigor graças a uma lei. A novidade acabou fazendo com que muitos pudessem dar um “adeus” (de certa forma) ao Real.
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Segundo informado pelo portal Valor Econômico, o fato ocorreu no município de Resplendor, uma pequena cidade mineira com apenas 17,2 mil habitantes (conforme o Censo IBGE 2022). Entre notas e moedas em Reais, os moradores agora passam a ter no bolso um outro meio de pagamento físico, as notas de Ubérrima.
MAS ATENÇÃO! O Real não foi extinto do município e sim se tornou mais uma opção na hora de fazer as transações em espécie e pagamento de compras.
Nomenclatura criativa
No dicionário, a palavra “ubérrima” significa abundante porém, no interior de Minas Gerais, a palavra literalmente significa dinheiro.
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Essa moeda pública local, segundo a prefeitura, é a primeira do tipo no Brasil e foi desenvolvida e implementada com o apoio do Sebrae Minas Gerais.
Ainda de acordo com o portal Valor, o investimento foi de R$ 80 mil para a impressão de 70 mil cédulas. Vale dizer que o PIB per capita do município era de R$ 15.972,45 em 2021, o dado mais atualizado do IBGE.
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As cédulas foram lançadas em cinco valores: 1, 2, 5, 10 e 20. Cada ubérrima, ou Ub$, vale o correspondente a um R$1,00, da mesma forma que é com o nosso real.
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Mas você deve estar se perguntando: Se vale a mesma coisa, por que inventar uma nova moeda para essa região? Calma que a gente explica!
A resposta para essa pergunta está gravada em cada cédula. Isso porque além da foto da cidade, aonde mostra o Rio Doce (que corta o município), ela carrega a descrição de sua serventia:
“Desenvolvida com objetivo de fortalecer a economia local, fruto de uma parceria entre a Prefeitura Municipal de Resplendor/MG e o Sebrae/MG. Esta cédula possui validade apenas no território do Município de Resplendor/MG.”
Implementação:
Vale deixar claro que essa moeda foi implementada via Lei Municipal e foi apontada com o propósito de contribuir com o desenvolvimento econômico local dos municípios mineiros considerados com baixos dinamismos e incapacidade de reter riqueza. Com isso, fica claro os seus dois objetivos:
- Reter a riqueza no município, uma vez que ela não é aceita em outras cidades, o que incentiva o consumo em Resplendor.
- Além de aumentar o número de transações no próprio território. Isso porque com o aumento de notas físicas acaba facilitando o troco em circulação no comércio local.
Inclusive, o comércio é visto como uma das principais fontes de renda da cidade. A expectativa é que nesses primeiros seis meses de circulação se atingisse o numeral de 70 mil notas impressas, com valor de face que soma Ub$ 300 mil.
Para que a nova moeda pública local passe segurança e credibilidade, a prefeitura depositou o equivalente em reais, ou seja, R$ 300 mil, no Fundo Monetário Municipal, mantendo o lastro na moeda oficial do Brasil.
Com isso foi possível validar o valor da ubérrima nos estabelecimentos da cidade de Resplendor em que a moeda local é aceita.
MAS ATENÇÃO! Como o aceite não é obrigatório, os comércios que toparam fazer parte do projeto têm um aviso na entrada indicando aos moradores a nova forma de pagamento. Até o momento, a prefeitura indica que quase 50 estabelecimentos comerciais aderiram à iniciativa.
Interferindo na economia
Não basta criar uma nova moeda para fomentar a economia local, é preciso fazer com que as novas notas circulem, sendo de alguma maneira injetadas no cotidiano dos moradores.
Sendo assim, o prefeito de Resplendor, Diogo Scarabelli (PP), em entrevista concedida ao portal Valor, explicou como executaria isso.
Segundo ele, a prefeitura deve começar a pagar os benefícios sociais municipais, como a cesta básica, por exemplo, em ubérrimas. Acima disso, o câmbio entre real e ubérrima (e vice-versa) será disponibilizado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Prefeitura, sem taxas de serviço.
A intenção é que os comerciantes que fizerem parte do projeto ofereçam descontos, promoções e programas de fidelidade com cashbacks para incentivar a população a pagar em ubérrimas.
Da parte da administração municipal, serão estabelecidos programas que incluirão iniciativas sociais, premiações, projetos educacionais nas escolas, além da criação de incentivos fiscais.
Qual outro lugar do Brasil tem moeda própria?
Além de Resplendor, o município de Mato Verde, localizado no norte de Minas Gerais, também lançou oficialmente a sua moeda pública local: A Verdinha.
Em uma cerimônia realizada no dia 27 de maio, essa iniciativa também foi motivada pela necessidade de criar mecanismos para reter a riqueza no município, aumentando as transações comerciais no próprio território, e fomentar o desenvolvimento econômico local.
Vale destacar que ela já havia sido criada por meio da lei municipal nº 344, de 2 de dezembro de 2022, e lei nº 372, do dia 29 de novembro de 2023, e age como uma moeda complementar à nacional.
Para os primeiros meses de circulação, mais de 40 mil cédulas foram impressas, totalizando R$ 180 mil ou V$ 180 mil. Cada R$ 1 equivale a V$ 1. As notas disponíveis da Verdinha são de 1, 2, 5, 10 e 20. A princípio, a população poderá realizar as operações de câmbio na Sala Mineira do Empreendedor de Mato Verde.
A expectativa é que todo o comércio e empreendedores do município aceitem a moeda local e ofereçam benefícios aos consumidores para pagamento em Verdinha, uma vez que a moeda vai circular livremente, sem a necessidade de fazer um cadastro prévio.
Cada estabelecimento pode definir a porcentagem de desconto e outras vantagens para ampliar, cada vez mais, a utilização das cédulas.
Além da adesão do comércio, a Prefeitura Municipal vai utilizar a Verdinha para realizar pagamentos de benefícios sociais, a fim de colocar em circulação a Verdinha sem implicar em novos gastos para o município.
A fiscalização dessa moeda está por conta do Conselho Monetário Municipal e Controladoria Geral do Município, todos com o objetivo comum de garantir a sustentabilidade financeira e a legalidade da moeda. A nova moeda possui lastro no Fundo Monetário Municipal, que confere segurança e credibilidade à iniciativa.