Jantando Pica-Pau

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Quando o colunista Roberto Sabbatino escreveu sobre o laço dado pelo Pica-Pau em programas nacionais, recebemos o comentário de um leitor dizendo ter parente que trabalha em tv e explicou sobre a mágoa quando este tipo de fato ocorre. Perder audiência para uma boa produção é uma coisa, para Pica-Pau é o fim da “bicada”. Gastar um dinheirão em franquia, adaptá-la, reunir o grupo, fazer todos vestirem a camiseta, fazê-los entender a ideia do programa, montar, testar exaustivamente e depois ver um desenho pra lá de antigo e repetido ter a mesma audiência ou, por vezes, ultrapassá-la, dói profundamente.

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E com isso vemos empresários da tv investindo em projetos bem mais simples, onde a gritaria, coisa barata e de fácil identificação com o cotidiano dos telespectadores, ganha crédito. Se der certo, ótimo, se não der, perdemos pouco. Quantos bons projetos receberam o desprezo do público? Quantas grandes redes investiram milhões e agradaram apenas milhares? Quanto pena a Cultura para chegar em meros 2 pontos? Quantos programas voltados para cultura lhe vem à memória e quantos sobre baixaria lembrados ?

E depois reclamamos dos testes de fildelidade da vida! Orgulhe-se, leitor, se conseguiu seguiu a leitura do texto acima sem tropeçar nas vírgulas, sinta-se diferenciado. Caso tenha lembrado de maior quantidade de culturais do que baixaria, considere-se um solitário e heroico incentivador de quem trabalha pelo verdadeiro talento em detrimento desta zorra total.

Gentili tem debochado desta precariedade toda. Está com a campanha para eleger o próximo humorista do Zorra Total. Basta ter um bordão engraçado. Após cada apresentação o vemos rir ironicamente, fazendo a piada ser o deboche à situação e não o bordão. São os dois tipos de humor, o do bordão abestalhado que não exige qualquer conhecimento do público e o criativo.

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Esta valorização do simplório faz “Porta dos Fundos” ter prejuízo enquanto tenta espaço no mercado, é o mesmo que força uma companhia de teatro arriscar altos investimentos ao contratar artistas globais para atrair público, ao invés de se preocupar “apenas” com o valor intelectual da peça. Trata-se do mesmo elemento que obriga o humorista standup utilizar os primeiros 5 minutos da peça para descobrir qual tipo de piada poderá usar durante o restante da apresentação, se a inteligente ou emburrecida, confome explicou André Damasceno.

Quando o aluno fizer pouco caso da solicitação de silêncio e respeito feita pelo professor, precisa lembrar o quanto perderá quando bons profissionais da tv se virem obrigados a colocar baixaria na tela pois outro tipo de programa não será compreendido. Estes funcionários dedicados, preocupados com a iluminação, roteiro e respeitosos pela sensibilidade do telespectador merecem ter gente inteligente do outro lado da tela. Merecem e precisam. Sem pessoas capacitadas para ver, a qualidade é ignorada. Ela é jogada no lixo.

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Eles não podem desistir, considerar a batalha perdida. Devem estar confiantes na mudança. Sua semente originará novas chances para a melhoria da visão do telespectador. Fazem sua parte e nós agradecemos.

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Está na hora de colocarmos sal no rabo do Pica-Pau para ele não alçar voo. Este sal vem do suor de profissionais zelosos  por seus serviços, de gente que ainda acredita em bons alunos na sala de aula.

Autor(a):

Colunista do TV Foco desde fevereiro de 2011. Acesse o perfil deste colunista no link abaixo:

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