O jornalista e ex-deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, Jean Wyllys, acabou entrando em atrito com o também jornalista e ex-comentarista político da TV Globo Alexandre Garcia, a quem chamou de “canalha”.
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O motivo do atrito em público entre Jean Wyllys e Alexandre Garcia dá-se em face do escândalo político revelado pelo site “The Intercept Brasil”, que pode levar à exoneração do ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro, Sergio Moro, acusado pelo site de agir em conluio com o Ministério Público Federal, na pessoa do procurador Deltan Dallagnol, para acelarar a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo com o temor do procurador na “inconsistência” das provas, além da revelação do medo que alguns dos principais procuradores da República, que atuam diretamente na Lava Jato, de que Lula ou o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad, ambos do PT, pudessem sair vitoriosos nas eleições do ano passado.
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Critico declarado do Partidos dos Trabalhadores, apoiador ferrenho da Lava Jato, da atuação de Sergio Moro e também do presidente Jair Bolsonaro, Alexandre Garcia criticou a forma como o “The Intercept Brasil” veiculou as informações que caíram como uma bomba em Brasília que, segundo o jornalista, seria um ato “em defesa de corruptos”.
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“Em defesa de corruptos, um estrangeiro (Glenn Greenwald, fundador e editor-chefe do site) viola direitos fundamentais da Constituição para atacar o Judiciário no combate ao crime”, escreveu Alexandre Garcia, que foi replicado por Jean Wyllys.
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“Seu nível de canalhice ainda me surpreende… Direitos humanos foram violados na ditadura militar da qual você fez parte; direitos constitucionais foram violados no golpe contra (a ex-presidente) Dilma (Rousseff) do qual você foi entusiasta; e ataque ao judiciário faz juiz que age como mafioso. Canalha”, afirmou Jean Wyllys, ao rebater a postagem de Alexandre Garcia.
Seu nível de canalhice ainda me surpreende… Direitos humanos foram violados na ditadura militar da qual você fez parte; direitos constitucionais foram violados no golpe contra Dilma do qual você foi entusiasta; e ataque ao judiciário faz juiz que age como mafioso. Canalha! https://t.co/BHT3Ry0a2n
— Jean Wyllys (@jeanwyllys_real) June 12, 2019
Nos comentários, Jean Wyllys acabou ganhando o apoio de diversos internautas, mas também foi criticado por outros, além do que já virou costume, acabou sendo, infelizmente, vítima de homofobia por causa de sua orientação sexual.
“Mais respeito com o mestre Alexandre Garcia. Ele já escrevia matérias incríveis na imprensa enquanto você começava a dar os primeiros passos na carreira de aspirante de guerriljeira afetada”, escreveu um internauta em tom homofóbico.
Mais respeito com o Mestre Alexandre Garcia.
Ele já escrevia matérias incríveis na imprensa enquanto você começava a dar os primeiros passos na carreira de aspirante de guerrilheira afetada,— * Z e k a r i c a * 🇧🇷 #ALGORITMO13-Fora ! (@zekarica) June 12, 2019
“A história dirá quem foi Alexandre Garcia, um canalha que não tem moral alguma para falar sobre democracia”, escreveu outro internauta em apoio ao ex-deputado federal Jean Wyllys.
A história dirá quem foi Alexandre Garcia, um canalha que não tem moral alguma pra falar sobre democracia.
— Caio Torres (@caiocsartorres) June 12, 2019
A TV Globo por meio de sua assessoria, procurou o TV FOCO e esclareceu a entrevista do “Glenn Greenwald” junto a emissora:
Glenn Greenwald procurou a Globo por e-mail no último dia 29 de maio para propor uma nova parceria de trabalho. Em 2013, a emissora já havia dividido com ele o trabalho sobre os documentos secretos da NSA referentes ao Brasil. Uma parceria que mereceu elogios dele pela forma como foi conduzido o trabalho.
Greenwald ficou ainda mais agradecido por um gesto da Globo. Nas reportagens que a emissora divulgou, em algumas frações de segundo era possível ver nomes de funcionários da agência americana, que não trabalhavam em campo, mas em escritório. Mesmo assim, tal exposição poderia levá-lo a responder a um processo em seu país natal, os Estados Unidos. A Globo, então, assumiu sozinha a culpa, declarando que, durante a realização da reportagem, Greenwald se preocupava sobremaneira com a segurança de seus compatriotas. Tal atitude o livrou de qualquer risco.
Ao e-mail do dia 29 de maio seguiram-se alguns telefonemas na tentativa de conciliar agendas (ele estava viajando) para um encontro, finalmente marcado. Ele ocorreu na redação do Fantástico no dia 5 de junho. Na conversa, insistindo em não revelar o tema, ele disse que tinha uma grande “bomba a explodir” e repetiu que queria voltar a dividir o trabalho com a Globo, pelo seu profissionalismo. Mas, antes, gostaria de saber se a emissora tinha algo contra ele, sem especificar claramente os motivos da pergunta, apenas dizendo que falara mal da Globo em algumas ocasiões. Provavelmente se referia a um artigo que seu marido, o deputado David Miranda, do PSOL, tinha publicado no Guardian com mentiras em relação à cobertura do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O artigo foi rebatido por João Roberto Marinho, presidente do Conselho Editorial do Grupo Globo, fato que deu origem a comentários desairosos do próprio Greenwald.
Na conversa de 5 de junho, ele afirmou que “tudo estava no passado”. Prontamente, ouviu que jamais houve restrição (de fato, David Miranda já foi inclusive convidado para entrevista em programa da GloboNews). Greenwald ouviu também, com insistência, por três vezes, que a Globo só poderia aceitar a parceria se soubesse antes o conteúdo da tal “bomba” e sua origem, procedimento óbvio. Greenwald se despediu depois de ouvir essa ponderação.
A Globo ficou aguardando até que, na sexta-feira à tarde, Greenwald mandou um e-mail afirmando que não recebeu nenhuma resposta da Globo e que devia supor que a emissora não estava interessada em reportar este material. Como Greenwald, no e-mail, continuava a sonegar o teor e origem da “bomba”, não houve mais contatos. Não haveria como assumir qualquer compromisso de divulgação sem conhecimento do que se tratava.
No domingo, seu site, o Intercept, publicou as mensagens atribuídas ao ministro Sergio Moro e procuradores da Lava-Jato, assunto que mereceu na mesma noite destaque em reportagem de mais de cinco minutos no Fantástico (e depois em todos os telejornais da Globo).
Na segunda, uma funcionária do Intercept sugeriu que o programa Conversa com Bial entrevistasse um dos editores do site para um debate sobre jornalismo investigativo. Como o próprio site anunciou que as publicações de domingo eram apenas o começo, recebeu como resposta que era conveniente esperar o conjunto da obra, ou algo mais abrangente, antes de se pensar numa entrevista.
Por tudo isso, causam indignação e revolta os ataques que ele desfere contra a Globo na entrevista publicada na Agência Pública. Se a avaliação dele em relação ao jornalismo da Globo e a cobertura da Lava-Jato nos últimos cinco anos é esta exposta na entrevista, por que insistiu tanto para repetir “uma parceria vitoriosa” e ser tema de um dos programas de maior prestígio da emissora? A Globo cobriu a Lava-Jato com correção e objetividade, relatando seus desdobramentos em outras instâncias, abrindo sempre espaço para a defesa dos acusados. O comportamento de Greenwald nos episódios aqui narrados permite ao público julgar o caráter dele.
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