Essa semana, um vídeo do Jô Soares contando um grande podre da Globo viralizou na internet e a verdadeira face da emissora veio à tona.
Jô Soares trabalhou na Globo por décadas e teve grande influência no humor brasileiro. Mesmo com tantos anos fazendo parte da emissora carioca, o artista viveu momentos de amor e ódio com a empresa por causa das políticas internas para com os funcionários.
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Antonia Fontenelle postou um vídeo em sua conta do Instagram, onde Jô Soares, durante o Troféu Imprensa de 1987, leu um artigo que detonava a Globo e sua práticas internas com os funcionários. No texto escrito pelo próprio Jô, ele criticou que na época a emissora tinha copiado uma prática de produtores de Hollywood, onde eles demitiam artistas que não tivessem o mesmo posicionamento político que a empresa.
A produção é bastante polêmica. Confira o texto que Jô Soares leu e em seguida, veja também o vídeo onde a polêmica começou.
O texto
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Jô Soares começou: “Em 1947, os grandes produtores de Hollywood se reuniram no hotel Waldorf-Astoria, em Nova Iorque, e resolveram que artistas com tendências políticas em desacordo com seu ideário não trabalhariam mais em filmes. Surgia a lista negra e a conseqüente caça às bruxas. Em pouco tempo, não somente radicais ou liberais eram perseguidos; qualquer artista que desagradasse aos chefes de estúdio era listado e não conseguia mais trabalho”, falou.
Depois Jô Soares continuou: “Com impecável senso de oportunidade, a TV Globo escolheu exatamente o momento da Constituinte no Brasil para inaugurar sua lista negra. Quem sair da emissora sem ter sido mandado embora corre o risco de não poder mais trabalhar em comerciais, sob a ameaça de que estes não serão lá veiculados. Como a rede detém quase o monopólio do mercado, os anunciantes não ousam nem pensar em artistas que possam desagradá-la”, revela.
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“Neste ponto, alguém pode achar que eu [ Jô Soares ] estou falando por interesse pessoal. Garanto que não. Não falo pelo fato de os meus comerciais não poderem ser exibidos, nem pelo fato mais recente, das chamadas pagas do meu novo espetáculo no Scala 2 “O Gordo ao vivo” terem sido proibidas. Sou um artista muito bem remunerado e meus espetáculos têm outros meios de divulgação. Graças a Deus meus shows de humor já lotavam teatros antes que eu fosse para a Globo.
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Que as chamadas de “O Gordo ao vivo” não passariam na emissora eu [ Jô Soares ] já sabia desde outubro, pelo próprio Boni, que me disse em sua sala quando fui me despedir:– Já mandei tirar todos os seus comerciais do ar. Chamadas do seu novo show no Scala 2, também, esquece. Estou vendo como te proibir de usar a palavra ‘gordo’. – claro que esta última ameaça ficou meio difícil de cumprir: a megalomania ainda não é lei fora da Globo. Logo, não é por isso que escrevo pela primeira vez sobre esse assunto.
Saí da Globo, onde conservo grandes amigos, com a maior lisura, e nunca me aproveitei deste espaço, ou de nenhum espaço, em causa própria. Escrevo, isso sim, porque atores que trabalham no meu [ Jô Soares ] programa, como Eliéser Mota, como Nina de Pádua, foram vetados em comerciais. As agências foram informadas, não oficialmente, é claro – como acontece em todas as listas negras – que suas participações não seriam aceitas. É triste, nesse momento, em que se escreve diariamente a democracia no Congresso, que uma empresa que é concessão do Estado cerceie, impunemente, o artista brasileiro, de um modo geral já tão mal remunerado.
Finalmente, eu [ Jô Soares ] gostaria de dizer que Silvio Santos foi tremendamente injusto quando chamou Boni numa entrevista de “office-boy de luxo”. Nenhum office-boy consegue guardar tanto rancor no coração”, disse Jô Soares.
Agora, veja o vídeo: