Jornalista quebra regra da Globo, questiona o caráter de Bolsonaro e é repreendido na frente de todos: “A que ponto chegará?”
22/04/2019 às 12h34
O protocolo da Globo não permite que nenhum dos seus contratados pelo núcleo de Jornalismo e Esportes manifestem opiniões políticas nas redes sociais, sejam elas criticando ou elogiando partidos políticos ou até mesmo seus representantes, mas um deles acabou decidindo afrontar Jair Bolsonaro no Twitter.
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Na ocasião, Ben-Hur Correia, que faz parte do canal SporTV, ironizou a reação de Bolsonaro com relação aos atentados no Sri Lanka, definindo o seu comentário como “indignação seletiva”. Aparentemente, ele ironiza o silêncio do presidente sobre o representante do exército que metralhou um cidadão com oitenta tiros.
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Foi aí que o jornalista do Grupo Globo questionou o caráter de Jair Bolsonaro, com a seguinte colocação: “É essa indignção seletiva que revela o caráter do presidente”. Revoltado, Jair Bolsonaro respondeu dizendo: “É sincero! É inacreditável como tratam esse momento, jornalista da Rede Globo”.
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Por fim, ele compartilhou o print da mensagem e repreendeu o jornalista, juntamente com a emissora, perguntando: “A que ponto infelizmente chegará a Rede Globo?”. O perfil do jornalista no Twitter é fechado, mas mesmo assim, a Globo ordena que nada seja falado sobre assuntos políticos ou polêmicos.
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“O Grupo Globo considera que toda rede social é potencialmente pública. Mesmo que alguém permita o acesso ao que nela diz ou publica a apenas um grupo de pessoas, há uma alta possibilidade de que tal conteúdo se torne público”, diz o código de conduta da Globo sobre os seus profissionais nas redes sociais.
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“Quando essa pessoa é um jornalista, a sua atividade pública acaba relacionada ao veículo para o qual trabalha. Se tal atividade manchar a sua reputação de isenção manchará também a reputação do veículo. Isso não é admissível, uma vez que a isenção é o principal pilar do jornalismo”, destaca a emissora.
“Perder a reputação de que é isento inabilita o jornalista que se dedica a reportagens a desempenhar o seu trabalho. Isso se aplica a todas as redes – Twitter, Instagram, Facebook, WhatsApp ou qualquer outra que exista ou venha a existir”, explica a Globo, que não admite a “perda da reputação” dos seus jornalistas.
“É preciso que o jornalista tenha em mente que, mesmo em tais grupos, o vazamento de mensagens pode ser danoso à sua imagem de isenção e à do veículo para o qual trabalha. E que tal vazamento o submeterá a todas as consequências que a perda da reputação de que é isento acarreta”, diz ainda o código.
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Por fim, afirma: “Compartilhar mensagens que revelem posicionamentos políticos, partidários ou ideológicos, mesmo em tais grupos, exige a confiança absoluta em seus participantes – confiança que só pode ser avaliada pelo jornalista. Em sua atuação nas redes sociais, o jornalista deve evitar tudo o que comprometa a percepção de que o Grupo Globo é isento”, finaliza.
Vale lembrar que os jornalistas da Globo são proibidos até mesmo de “curtir” qualquer conteúdo de caráter ideológico ou político na web.