Na coluna de hoje falaremos sobre as demandas fora do comum que a TV Globo entrega aos seus principais jornalistas
O setor de jornalismo da Globo é um dos mais cobiçados por profissionais da comunicação em todo o Brasil, mas segurar as pontas lá dentro mostra uma história completamente diferente. Nos últimos tempos, relatos envolvendo os funcionários e abuso de trabalho vieram à tona envolvendo grandes nomes como Rodrigo Bocardi, César Tralli e Fátima Bernardes.
Rodrigo Bocardi é o âncora do “Bom Dia São Paulo” e entra ao ar às 6h, mas para estar ao vivo nesse horário precisa literalmente madrugar para ficar a par de tudo o que acontece nas primeiras horas do dia. Como se já não fosse o bastante, também comanda um programa de 3 horas na rádio CBN, na Globo, o “Ponto Final CBN”.
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O programa da rádio vai ao ar das 17h às 20h, ou seja, o profissional fica mais de 12 horas no ambiente de trabalho. Claro que para isso ele é muito bem remunerado, mas até que ponto uma pessoa aguenta essa demanda?
César Tralli já chegou a falar sobre o desespero de tanto trabalhar e deixar a família de escanteio. Quando comandava o “SP1”, antes de assumir o “Jornal Hoje”, o marido de Ticiane Pinheiro também recebeu a missão de ancorar o “Edição das 18h”, da GloboNews, passando uma infinidade de horas diárias nas dependências da emissora em São Paulo.
Em entrevista à coluna de Maurício Stycer, do Uol, no ano passado, o jornalista contou que chega a chorar de saudade da filha, Manu, quando entra no elevador do prédio onde mora para ir ao trabalho. São mais de 12 horas na batalha e os efeitos emocionais já surgiram há muito tempo. Os planos para o profissional são mais tranquilos para os próximos tempos, ficando apenas no telejornal vespertino na TV aberta.
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Não ironicamente, José Roberto Burnier, que acaba de assumir de vez o “SP2” no lugar de Carlos Tramontina, foi pego praticamente dormindo em um boletim no intervalo da novela “Além da Ilusão”, nesta semana. Visivelmente cansado, o profissional só se deu conta de que estava ao vivo quando viu seu rosto de desânimo exposto no retorno.
Vários jornalistas já relataram problemas graves de saúde por causa da quantidade de trabalho que recebem na Globo. Izabella Camargo moveu um processo contra a platinada por ter sido demitida no auge de seus sintomas com a Síndrome de Burnout, reconhecida como uma doença ocupacional. O cérebro simplesmente não consegue desenvolver funções da rotina por causa do excesso do trabalho.
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Monalisa Perrone, por sua vez, entregou que era um pesadelo trabalhar no “Hora 1”, que começa por volta das 4h, ou seja, faz com que os jornalistas tenham que inverter o dia pela noite para conseguirem trabalhar.
MUITAS DEMANDAS
Nem Fátima Bernardes escapa dessa jornada da Globo, mesmo tendo 35 anos de casa e estando longe do jornalismo há um tempo. Em entrevista ao jornal Extra, a profissional entregou a rotina alucinante para conseguir apresentar o “Encontro”, que completa 10 anos agora em junho.
“Eu não sei chegar de surpresa no trabalho, preciso participar de todo o processo. Então, a minha vida tem muito pouco tempo livre. Todos os dias, depois do programa, temos uma reunião que começa entre 13h30 e 14h. Depois, sempre tenho um compromisso. Agora, por exemplo, tenho feito fisioterapia quatro vezes por semana”, revelou.
A apresentadora continuou: “Quando dá 18h, eu já ligo no jornal da GloboNews para saber o que está acontecendo, olho os relatórios sobre as pessoas que vão estar no programa no dia seguinte, os temas que preciso estudar, assisto ao ‘Jornal Nacional’, emendo em ‘Pantanal’, porque a gente está falando sobre a novela”.
Até os fins de semana tomam Fátima Bernardes. “Não passa um domingo em que eu me desligue totalmente, preciso saber sobre a rodada do futebol, o que está sendo mostrado no ‘Fantástico’… São muitas responsabilidades. E o público espera de mim que, caso aconteça alguma coisa de manhã, em termos de notícia, eu entre no ar com algo esclarecedor”.
DESUMANO
É um movimento normal que muitos nomes do jornalismo tenham se desligado da Globo nos últimos meses, tendo em vista essas exigências desumanas. Tudo bem que o dinheiro é satisfatório, mas não há saúde que aguente essa quantidade de demandas diárias e semanais. Arrisco dizer que já é o momento de nos despedirmos de William Bonner e outros veteranos de sua geração.