Emissora de TV aberta, tão grande e marcante como a Globo, acabou tendo sua falência após crise violenta, marcada pela revolta de estrelas e intervenção da Polícia Federal
Uma série de fatos históricos e profundos marcaram a história da televisão brasileira, impactando significativamente nossa cultura e percepção diante das opiniões e tendências.
Desde sua criação na década de 50, ela aproximou os brasileiros, oferecendo notícias, novelas e diversas formas de entretenimento.
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No entanto, problemas financeiros e administrativos causaram o fim de importantes emissoras, deixando uma profunda marca na sociedade.
Sendo assim, a equipe especializada em história da TV do TV Foco, a partir de informações divulgadas pelos portais: UOL SPLASH e Wiki, traz uma ordem cronológica do que rolou com a TV Tupi, uma das mais icônicas e saudosas.
- Aliás, podemos dizer que a emissora era tão grande quanto a Globo é atualmente.
- Apenas para contextualizar, a eterna Plim-Plim, atualmente, assim como foi a TV Tupi no passado, é a emissora com maior audiência e popularidade graças às suas atrações, como podem ver neste link*
TV Tupi — A mãe de todas
Fundada por Assis Chateaubriand em 1950, a TV Tupi foi a primeira emissora da América do Sul, inaugurando a era da televisão no Brasil e, rapidamente, se tornando um símbolo de inovação e cultura.
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A programação da TV Tupi foi inovadora e variada, destacando-se como um verdadeiro laboratório para novos formatos e estilos na televisão brasileira.
Ela foi responsável por popularizar gêneros como novelas, programas de auditório, humorísticos e telejornais, muitos dos quais foram pioneiros no país.
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A variedade de programas da Tupi impulsionou o crescimento da televisão no Brasil e lançou artistas que se tornaram grandes ícones da TV brasileira.
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Uma grade rica e cheia de histórias …
Conforme exposto pelo portal Wiki, a TV Tupi ficou famosa por inaugurar o gênero de telenovelas no Brasil.
Em 1951, estreou Sua Vida me Pertence, considerada a primeira novela do país, estrelada por Walter Forster e Vida Alves.
Desde então, ela consolidou o formato diário de novelas e lançou tramas de grande sucesso, como:
- O Direito de Nascer (1964);
- Beto Rockfeller (1968).
Aliás, Beto Rockfeller, em particular, foi um divisor de águas, trazendo uma linguagem mais coloquial e realista para a TV, algo inédito até então.
Além das novelas, a TV Tupi também tinha seus mais variados programas de auditório e até mesmo séries televisivas destacando duas em especial:
- Alô Doçura: Inspirado em programas americanos, Eva Wilma e John Herbert representavam o dia a dia dos casais de forma cômica.
- O Clube dos Artistas: Apresentado por Airton e Lolita Rodrigues, deram espaço para novos talentos se apresentarem ao vivo.
Estreia de artistas renomados:
A Tupi foi responsável por lançar e consolidar a carreira de muitos artistas que posteriormente se transformaram em verdadeiras lendas como:
- Hebe Camargo: Hebe começou na Tupi com seu próprio programa de auditório, onde fez história como uma das primeiras apresentadoras mulheres do Brasil. Ela se tornou uma personalidade icônica, conhecida por sua simpatia e pioneirismo.
- Lima Duarte: Atuou em várias novelas da emissora, incluindo Beto Rockfeller, onde seu papel teve grande destaque. Lima Duarte se consolidou como um dos principais atores do país, com uma carreira longa e bem-sucedida.
- Eva Wilma: Ao lado de John Herbert, Eva Wilma brilhou em Alô Doçura e tornou-se uma das atrizes mais queridas do público. Ela continuou a fazer sucesso nas décadas seguintes, com papéis icônicos em novelas de várias emissoras.
- Ronnie Von: Com seu programa musical O Pequeno Mundo de Ronnie Von, ele conquistou o público jovem e lançou diversas tendências na música e moda, tornando-se um dos ícones do rock brasileiro dos anos 60 e 70.
- Agnaldo Rayol e Dercy Gonçalves: Agnaldo, com seu programa musical, conquistou uma vasta audiência, enquanto Dercy Gonçalves trazia toda sua irreverência e acidez para a TV, cativando o público com seu estilo único.
O começo do fim
Toda essa abrangência possibilitou a formação de um público fiel e diversificado.
No entanto, dificuldades administrativas e financeiras ameaçaram a emissora e levaram ao seu fechamento, um dos mais tristes e marcantes da nossa história.
Conforme exposto pela SPLASH, tudo iniciou em 1968, com a morte de Assis Chateaubriand, seu pai fundador.
Sem um herdeiro que soubesse gerir seu conglomerado de rádio, TV, jornais e revistas, a administração do império ficou comprometida, conforme dito pelo jornalista Rodolfo Bonventti
Esse cenário deixou a emissora vulnerável a crises financeiras e à crescente concorrência de canais que surgiam e transbordavam feito Água.
Cenário cada vez mais delicado
Durante os anos 70, enquanto novas emissoras conquistavam audiência, a Tupi enfrentava dificuldades para manter seu público.
Em 1977, produções tradicionais como Éramos Seis e Cinderela 77 apresentaram baixos índices de audiência, revelando a perda de espaço da emissora no mercado televisivo.
Com o agravamento das dificuldades econômicas, os funcionários da Tupi passaram a enfrentar atrasos salariais, recebendo cheques sem fundos e pagamentos cada vez mais incertos.
A crise atingiu seu ponto máximo no início de 1980, quando greves e a falta de condições para pagar os funcionários refletiam o estado crítico da emissora.
Incêndio:
Para piorar ainda mais a situação, em outubro de 1978, um incêndio na sede da Tupi em São Paulo causou danos aos equipamentos recém-adquiridos, que nem chegaram a ser utilizados.
Com a chegada da década de 80, a emissora fechou seu departamento de dramaturgia, dispensando 250 funcionários, intensificando ainda mais a crise.
Mobilização e revolta dos artistas:
Diante dessa situação, toda classe intelectual de artistas, jornalistas e profissionais da Tupi se mobilizaram para protestar contra o fechamento da emissora.
Isso porque no dia 16 de julho daquele ano, a Tupi teve 7 de suas 10 concessões declaradas peremptas (termo jurídico que significa “não-renovável”) pelo Governo Federal.
A decisão foi publicada no Diário Oficial no dia seguinte e ainda no dia 17, esse mesmo grupo mencionado, entre artistas e funcionários, iniciaram uma vigília que durou 18 horas.
Comandada pelo apresentador Jorge Perlingeiro, ela teve como objetivo impedir que o canal fosse fechado:
“Respeite nossas lágrimas, respeite nossos filhos, respeite nosso trabalho, respeite a todos nós. Não tire nossa estação do ar. Pelo amor que o senhor tem a sua mãe, senhor presidente [Figueredo]. Não deixe tirar nossa estação do ar. Respeite as nossas lágrimas, nós estamos chorando para trabalhar, nós queremos trabalhar.” — Disse em pronunciamento.
Várias personalidades, como o cantor Agnaldo Timóteo e o humorista Costinha, estavam entre eles.
Fim definitivo
Infelizmente no dia 18 de julho, 3 engenheiros do Departamento Nacional de Telecomunicações e agentes da Polícia Federal lacraram definitivamente os transmissores da emissora em São Paulo às 12h36.
A última transmissão foi acompanhada de uma mensagem emocionada dirigida ao presidente João Figueiredo, pedindo que o canal fosse mantido no ar.
Minutos antes, também fora exibida uma missa do Papa João Paulo II, realizada no início daquele mês no Aterro do Flamengo.
O fato ocorreu simultaneamente à locução, feita pelo ator Cévio Cordeiro, por meio de outra mensagem dirigida ao presidente Figueiredo, pedindo novamente para que ela não fosse fechada.
Durante o vídeo e a mensagem citados, os funcionários puseram na tela os dizeres “Até breve, telespectadores amigos”.
A última imagem transmitida pela Rede Tupi foi a de seu logotipo nas cores da bandeira nacional.
O mesmo aconteceu em outras cidades onde a rede tinha emissoras, como:
- Rio de Janeiro (TV Tupi)
- Fortaleza (TV Ceará);
- Belém (TV Marajoara);
- Porto Alegre (TV Piratini);
- Belo Horizonte (TV Itacolomi);
- Recife (TV Rádio Clube).
Restando apenas Salvador (TV Itapoan) e Brasília (TV Brasília).
O que aconteceu com as concessões e sede da Tupi?
Conforme o portal Splash, o governo brasileiro concedeu a concessão do então canal inativo para duas novas emissoras: o SBT, de Silvio Santos, e a TV Manchete, de Adolfo Bloch.
Fora isso o prédio da emissora serviu como sede da Abril Radiodifusão, que por 23 anos, gerou o canal MTV Brasil, diretamente pela Viacom, sob o nome MTV.
Apesar de não conseguir a licença do canal 4 em VHF, necessário para realizar o projeto de criação de sua rede de televisão, em janeiro de 1987, o Grupo Abril conseguiu o seu canal em UHF.
Após conseguir seu canal próprio, e com a maturidade da MTV Brasil no mercado, a Abril Radiodifusão efetuou em 2003, o pedido de várias licenças de retransmissão de TV em várias localidades do país.
Porém, devido à crise no grupo, somada a enorme queda de audiência, a MTV Brasil fechou em 30 de setembro de 2013, dando lugar a Ideal TV que, anteriormente, foi um canal por assinatura.
Mas, em 18 de dezembro de 2013, o Grupo Abril anunciou a venda da Abril Radiodifusão, que transmitia a Ideal TV, para o Grupo Spring de Comunicação, que editava a edição brasileira da revista Rolling Stone.
O banco americano JP Morgan, segundo informações da Folha de S. Paulo, fechou a negociação em torno de R$ 350 milhões, apesar do valor exato não ter sido divulgado.
Para saber mais informações sobre as emissoras de TV e sua audiência, cliquem aqui*
Conclusões finais:
A TV Tupi, primeira emissora da América do Sul e pioneira da televisão brasileira, foi marcada pelo lançamento de grandes novelas e talentos.
No entanto, crises administrativas e financeiras agravadas após a morte de seu fundador levaram a greves, protestos e, por fim, à falência em 1980, quando a Polícia Federal lacrou suas transmissões.
Por fim, suas concessões foram redistribuídas a novas emissoras, como o SBT e a TV Manchete, encerrando um ciclo emblemático na história da TV brasileira.