O humorista Marcelo Adnet foi um dos grandes destaques das eleições no primeiro turno com uma série de imitações dos candidatos à Presidência feita para o jornal O Globo. Adoradas por uns e criticadas por outros, as imitações repercutiram bastante nas redes sociais e até vão ganhar novos vídeos neste segundo turno com Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) disputando o pleito. Se dependesse dos conselhos que recebeu, no entanto, Adnet jamais teria embarcado nessa aventura. Em entrevista ao Conversa com Bial, ele revelou que foi aconselhado a não fazer as imitações por causa de “pessoas que mandam matar”.
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Isso enquanto Adnet respondia se suas preferências políticas influenciaram no resultado final. “Acho que não. Eu realmente anotei frases que eles disseram, pensamentos que eles realmente articularam, então, foi um trabalho jornalístico. Na verdade, tive preocupação, na hora de fazer imitação, e eu botei minha cara à tapa pra isso, contra os conselhos que me deram de ‘não se envolva nisso, você vai se envolver com gente barra pesada, pessoas que mandam matar’ – e não estou falando exatamente dos candidatos, estou falando do sistema como um todo, pessoas morrem em decorrência disso”, contou.
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Adnet ainda lamentou a posição alcançada por Marina Silva no resultado final do primeiro turno. Vice-líder nas pesquisas na etapa inicial da disputa presidencial, ela foi caindo durante a campanha e terminou em 8º lugar no ranking dos votos válidos com apenas 1% dos votos. “Queria mandar um abraço pra Marina, gostaria de abraçá-la, primeiro porque eu acho ela fofa, e ela tem propostas muito boas para o país e me machucou muito ver ela em sétimo lugar ou oitavo lugar, uma pessoa com uma biografia tão legal foi engolida numa eleição tão macho alfa”, disse o humorista.
HUMORISTA SOFREU AMEAÇAS
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Marcelo Adnet, como informado pelo TV Foco, foi alvo de fake news envolvendo o presidenciável Jair Bolsonaro e até sofreu com ameaças de morte por parte de seus simpatizantes. No Conversa com Bial desta quarta-feira, 10 de outubro, o ator, que gravou alguns vídeos fazendo sátiras de candidatos, abriu o jogo e falou sobre o ódio que tem se propagado.
“Tive retorno de todo tipo: tem gente que adorou, odiou, me ameaça de morte, de beijo… Disseram que o ‘Adnet bandido da Globolixo fez um áudio para incriminar o candidato Jair [Bolsonaro]’, e não era eu. Ouvi o áudio e falei ‘não compartilhem, que isso é falso’. A notícia correu, alguém fez um meme, botou minha cara, aí os comentários dessas postagens eram: ‘vou te dar um tiro de 12 na cara’, ‘quando você vier na minha cidade vou te jogar merda’, ‘vou te bater, te pegar’. A gente sabe que a maioria são palavras ao vento, mas aquele 1% vagabundo dá medo”, relatou ele.
O humorista falou ainda sobre a intolerância: “As pessoas estão morrendo de verdade pelas suas opções, suas atividades. Hoje o comediante não pode atuar com tranquilidade, tem que ter medo, pois ele é xingado, ameaçado. Um clima muito ruim para a democracia, pois não podemos, pois não podemos exercer nossa profissão com tranquilidade. Humor dá problema, né?”. Marcelo Adnet falou ainda sobre as imitações que fez.