Marcos Palmeira vê Pantanal como guinada na carreira e torce por remake de outro clássico
Marcos Palmeira, sem sombra de dúvida, é um dos maiores nomes da dramaturgia brasileira. Recentemente em uma entrevista que ele concedeu exclusivamente ao portal “Na Telinha” ele expôs sobre sua carreira e sobre seu trabalho recente em “Pantanal” como o icônico “José Leôncio”:
“É uma guinada, como se eu estivesse fechando e abrindo um novo ciclo na minha carreira” – Definiu Marcos Palmeira sobre o seu trabalho no remake de sucesso.
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Com o fim da novela nesta sexta-feira (7), na Globo, o ator de 59 anos conclui um dos seus trabalhos de maior popularidade na TV, como reconheceu durante a entrevista.
No último capítulo de Pantanal, José Leôncio morre e finalmente encontra o “Velho do Rio”, papel de Osmar Prado: “Fiz a cena em reverência a ele. É também o filho em reverência a esse pai” -Comentou Marcos Palmeira.
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“Saímos deste trabalho mais fortes e mais ricos, no sentido da conquista da profissão, de amadurecimento, de mais carcaça e ferramentas para novas aventuras” – Observou Marcos Palmeira.
Vale relembrar que Marcos Palmeira, esteve também na primeira versão de Pantanal, na década de 90 e retornou à cena como o protagonista da história. Na empreitada, buscou mais do que se inspirar em Cláudio Marzo, que interpretou José Leôncio da novela original: “Quis homenageá-lo em sua atuação “
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Marcos Palmeira também rasga elogios a José Loreto, que assumiu seu antigo personagem, e aponta diferenças: “Ele é um Tadeuzinho muito mais sexualizado do que o meu” – Disparou o ator.
Mesmo com a popularidade “lá em cima”, José Leôncio do remake de sucesso não escapou de críticas; especialmente pela relação com Filó, vivida por Dira Paes: “Não negar esse machismo foi o que fez ele dialogar” – Comentou o ator que continuou – “O Zé Leôncio é um homem em transformação”
ENTREVISTA NA ÍNTEGRA :
Quando o “Na Telinha” questionou sobre “o que foi diferente” para o ator nessa nova versão de pantanal, ele revelou que considerou como um “grande presente” em meio a todos esses anos de atuação:
“É, ao longo da minha carreira, realmente tive o privilégio de começar com Vale Tudo (1988) e depois vir com Pantanal (1990), Renascer (1993), Porto dos Milagres (2001). Enfim, poder estar quase chegando aos 60 anos e receber um presente desses, um personagem com a minha idade, com a força do Benedito Ruy Barbosa [autor de Pantanal original, agora adaptada pelo neto dele, Bruno Luperi] e recontar essa história de um autor tão importante para mim… É uma guinada, como se eu estivesse fechando e abrindo um novo ciclo na minha carreira”
Marcos Palmeira também relembrou outros personagens que ele interpretou e que se assemelham a “Zé Leôncio” no “quesito” importância:
“Essa linha de personagens populares aconteceu tanto na televisão quanto no cinema. Tenho muito orgulho de representar esse homem brasileiro, do campo. Para mim, o melhor lugar do Brasil está no campo. Tenho muito orgulho de ter me tornado esse ator com identificação popular. Não foi nada programado, mas é motivo de orgulho e honra” – Disse Marcos.
O Na Telinha também questionou quanto as diferenças do Zé Leôncio da primeira versão da novela com a sua atuação atual, e também quis saber se o ator teria algo em comum com esse personagem tão icônico, ele então relatou :
“O Zé Leôncio é um homem ligado na vida. Ele aprende todos os dias com a Filó. Também sou um pouco assim. Quanto mais tempo a gente tem de vida, mais tempo a gente tem para dilapidar os nossos diamantes, que podem se quebrar ou serem lapidados. Muitos Muitos vão se quebrando pelo caminho… Ao mesmo tempo, ele tem um resquício maior desse machismo ancestral. Apesar de eu também ter, fui criado em uma família mais liberal, tenho uma estrutura familiar que ele não teve. Mas também o considero um guerreiro e um vitorioso”
Durante a entrevista, o ator foi indagado a respeito do “machismo” existente na primeira verão da novela. E se essa nova versão conversou de certa forma com a nova geração, visto que hoje essa geração combate incessantemente comportamentos retrógados.
Vale destacar que “Pantanal” se passou originalmente em uma década em que esse diálogo era praticamente inexistente, e o comportamento era até de certa forma “naturalizado”:
“Não negar esse machismo foi o que fez ele dialogar. Você não pode fingir que não é aquilo que você é. [“Jamais serás quem tu não és” ] é uma frase que eu gosto muito. O Zé Leôncio é um homem em transformação. O tempo inteiro, ele reflete sobre o machismo, a homofobia, porque são coisas que vêm da forma como ele foi criado. Ao mesmo tempo, ele está aberto. Fiquei muito feliz com a resposta da novela. A escrita do Benedito transcende as épocas e o tempo. É um clássico.”
O portal “Na Telinha” também perguntou se o ator estudou a atuação de Carlos Marzo e até que ponto foi a sua inspiração quanto à interpretação original do personagem:
“O Cláudio sempre foi uma inspiração como pessoa e ator. Foi um companheiro, um “queridaço”, um grande ator. Filmou muito com meu pai, ele era o grande galã do Zelito [Viana]. Tive um pouco de inspiração, até de uma forma a homenageá-lo, mais do que me inspirar. “O meu Zé Leôncio é bem diferente do dele, porque somos pessoas diferentes, com temperamentos diferentes. Essa é a possibilidade mágica: cada ator coloca um pouco do seu tempero em um personagem tão rico. Amanhã, pode ser um outro ator fazendo que com certeza fará de forma brilhante.” – Declarou Marcos
O nosso eterno “Zé Leôncio” também foi questionado a respeito das diferenças entre a atuação de José Loreto como Tadeu, e a sua atuação do personagem na versão original da novela:
“O José Loreto foi um grande encontro. Ele é um “Tadeuzinho” muito mais sexualizado do que o meu. O meu era mais introspectivo, menos experiente diante da vida. O dele foi para um outro lugar, que também foi brilhante, belíssimo. Porque ele também encontrou uma outra Zefa e um outro Zé Leôncio. Eu trabalhei dentro de um contexto daquela época. Acho que o José Loreto foi muito feliz com o Tadeu que ele fez”
Marcos Palmeira também relatou como trabalhou as suas cenas com o ator Osmar Prado, visto que o encontro entre os personagens “Velho do Rio” e “Zé Leôncio” é o mais aguardado desde o inicio da novela pelo público:
“Eu já tinha trabalhado com o Osmar, é um grande ator. Fiz a cena em reverência a ele. É também o filho em reverência a esse pai. Foi uma última cena toda dedicada a ele. Foi muito boa essa troca com o Osmar no final. Saímos deste trabalho mais fortes e mais ricos, no sentido da conquista da profissão, de amadurecimento, de mais carcaça e ferramentas para novas aventuras.”
Por fim, o ator foi questionado se ele teria o desejo de participar de um outro remake e seus planos para com sua carreira após “Pantanal”. Sem titubear ou demonstrar dúvidas, ele disparou:
“Poderia falar várias… Eu adoraria fazer Renascer e poder ser o José Inocêncio [personagem de Antonio Fagundes]. Mas é muita pretensão. A Globo vai saber o que é melhor para ela. O Benedito é sempre um clássico. Alguma do Dias Gomes também pode ser pensada. São muitas possibilidades. Eu adoro bons papéis e, para eles, estou sempre à disposição” – Declarou ele
“Depois da novela, já emendo com a gravação de um documentário chamado A Era dos Humanos, escrito e dirigido pela Iara Cardoso, para o Globoplay. Vai falar um pouco dos quatro elementos da natureza, de como estão dentro da gente, em cima das nossas emoções e sentimentos. E também do quanto isso interfere, de alguma forma, no aquecimento global, o que podemos fazer, mudando nossas atitudes e pensamentos, para melhorar a qualidade de vida no futuro da humanidade” – Disse ele
Com toda certeza, assim como foi na primeira versão, Pantanal vai deixar um sentimento de “quero mais” e muita saudades dessa obra tão linda e tão icônica na historia da dramaturgia brasileira.