Máscaras – Por Arthur Vivaqua

“Os homens devem ver o rosto do Rei enquanto batalham.”

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Henrique V

Henrique V, Rei da Inglaterra no Século XIV, era conhecido por sua cicatriz.

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Uma flecha inimiga havia transpassado seu belo rosto, deixando uma marca eterna abaixo do olho esquerdo.

Durante o conflito, o Rei estava com a viseira do capacete aberta e seus inimigos aproveitaram-se da única brecha da armadura real.

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Dias depois, ao ser questionado por sua “irresponsabilidade”, Henrique, serenamente, respondeu:

Os homens devem ver o rosto de seu Rei durante a Batalha. Se eu esconder meus olhos, por quem lutarão?

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Henrique não foi o único a se expôr ao risco.

Na Batalha das Máscaras, Lauro César Muniz também o fez.

Ele poderia ter se protegido mais.

Poderia, como tantos de seus colegas, ter brandido a espada do Comum e se protegido com o escudo do Ordinário.

Lauro, no entanto, queria enxergar.

Enxergar um público que estivesse cansado de mocinhos previsíveis e vilões satanizados.

Enxergar pessoas que aceitassem um novo Formato e tivesse paciência de se adequar a ele.

Enxergar telespectadores fiéis às dúvidas e não às certezas.

Lauro, porém, não percebeu que estava olhando para o espelho.

Deu aos seus o que queria para si.

E acabou saindo da guerra cheio de cicatrizes:

Ibope baixo, personagens rejeitados, troca de horários.

Lauro, assim como Henrique, cometeu um erro (?) básico:

Concentrou-se nos que o amavam e se esqueceu dos que o odiariam.

Em seu  capítulo, Máscaras ousou convidar ao invés de intimar aqueles que a assistiam.

E o telespectador, desacostumado a pagar ingresso, foi em grande parte seduzido pelo controle remoto.

Henrique queria que olhassem para si.

E para entender Máscaras, é preciso olhar para quem a escreve.

Não é fácil detectar a Ironia e o (saudoso!) Humor Fino que percorre Big Blond e sua desastrada Equipe.

Nem todos entenderão uma mãe que dança com um filho que não existe, tal qual dançamos diariamente com nossas ilusões.

E quantos conseguirão torcer por uma mocinha depressiva, Mal tão temido (e disfarçado) pela nossa Sociedade?

Ah, Lauro! Henrique amava os ingleses e você ama os “lauristas”.

Estes o aplaudem (ouça!), mas não podem impedir que as flechas continuem a voar…

 

***

Máscaras vale o ingresso. Pena que nem todos estejam dispostos a pagá-lo.

Estão no seu direito, é claro.

Não é errado achar que Máscaras é uma péssima Novela.

Trata-se de um paradoxo:

Máscaras é uma inegável decepção comercial mas também é um delicioso deleite filosófico.

Falhou como Produto, mas encantou como Obra.

***

“Melhor é um cão vivo do que um leão morto.”, escreveu Salomão, um dos mais sábios homens da História.

Melhor é o que temos nas mãos do que aquilo que não mais podemos mais ter.

Máscaras não é perfeita e não pode ser refeita.

Mas está viva e, portanto, resta-lhe Esperança.

A Batalha começou e por mais que a Record esteja ferida, não se deve levantar a bandeira branca.

Por respeito aos soldados que lutam (480.000 lares só na Grande SP), o show não pode parar…

***

Um Rei que se arrisca a defender seus soldados.

Um autor que se arrisca a escrever o que gosta.

Uns os chamarão de otários.

Outros, de visionários.

Seja qual for a Verdade, uma coisa é certa:

Lauro e Henrique são dois guerreiros!

 

Twitter: @ArthurVivaqua

E-Mail: arthurvivaqua@yahoo.com.br

 

A Culpa é exclusivamente minha -> As opiniões expressas nesta Coluna não refletem a Opinião do TV Foco.

 

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