“Não escreveria ‘A Força do Querer’ se dependesse dos outros”, diz Gloria Perez
23/10/2017 às 19h54
A autora Gloria Perez, que se despediu de “A Força do Querer” na última sexta-feira, novela que abordou o preconceito e a violência, falou sobre a repercussão da trama, as críticas que acabou recebendo pelos assuntos debatidos e a resposta do público.
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Em entrevista a revista Contigo, ela comentou sobre a grande audiência do folhetim. A novela teve o melhor desempenho desde “Avenida Brasil”. “Isso me deixa muito feliz, porque já anunciaram a morte do gênero há um tempão. Novela é uma coisa nossa e cada vez mais países estão fazendo. As pessoas estão ligando a coisas arrastadas e velhas. Mas as séries só estão fazendo sucesso porque pegaram a receita dos folhetins. A forma de assistir é que mudou. Novela tem o ritmo da época dela”, afirmou.
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Sobre as possíveis dificuldades de escrever atualmente, ela foi enfática. “A patrulha é insuportável. O que acontece é que ela tem um grande campo de expressão, todos estão com o microfone na mão. Se presto atenção, não escrevo nada, fica impossível. Ignoro solenemente”, disse.
Já em relação ao retorno do público, Gloria admite ter gostado do resultado de “A Força do Querer”. “Não foi atenção, mas me senti recompensada por terem conseguido acolher e compreender a trans (Ivana/Ivan, vivida por Carol Duarte, 26). Era o momento mais difícil, onde corríamos o risco de ter rejeição. Ainda mais nesse momento tão conservador do país. Não tinha plano B, nem pensei na possibilidade de não dar certo. Trouxe a experiência que tive em Carmem(Manchete, 1987) e criei uma empatia com o público antes de ela se assumir trans. Foi uma trama didática, não estava levantando bandeira, mas falando de sentimentos. Só essa chave muda tudo”, garantiu.
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Quando o assunto são as críticas que recebeu durante a exibição do folhetim, a autora se demonstra tranquila e não afetada. “Não podem, porque estou cutucando a imaginação do público – e eles vão imaginando as coisas mais loucas. O que me irrita é ficar falando sobre isso. As pessoas não repararam que o tempo da ficção é diferente. Mas no Twitter estão todos em busca de uma causa e também apontam um tipo de defeito que não apontariam em séries. Em novelas, querem encontrar o pelinho no ovo”, disse.
Por falar no twitter, Gloria disparou: “É engraçado, mas é um ambiente falso. Tem muita campanha, robô, hacker… Tem de estar atento para filtrar o que é verdadeiro e o que é falso. O melhor lugar para tirar medida é nas ruas”, disparou.
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Nas diversas críticas, a que mais ganhou relevância foi a “apologia ao crime”, através da personagem Bibi (Juliana Paes). Sobre isso, ela novamente soube responder e esclareceu qualquer dúvida. “Estranho é que estamos falando de uma pessoa real, que foi inocentada pela Justiça. Ela foi apenas uma mulher deslumbrada, apaixonada por um homem e fez besteira – não matou ninguém. A Bibi da novela fez muito mais. Passaram a agredir a pessoa real e isso é perigoso, quase que suscitar um linchamento, me incomoda. Gosto que a novela interfira na vida das pessoas de maneira positiva. E tem uma dose de machismo nisso. Ninguém exige do Sabiá (Jonathan Azevedo, 31) e do Rubinho (Emilio Dantas, 34) a punição que querem para Bibi (Juliana Paes, 38). E ela tem o ponto de identificação. Quem já não fez escolhas erradas na vida? Provoca uma catarse, é uma personagem muito interessante”, comentou.
Para não passar batido, a atuação do ator Fiuk também foi questionada. Na internet, o personagem Ruy caiu na boca do povo, mas o filho de Fábio Jr. deixou a desejar, segundo alguns. “As pessoas têm um nível de cobrança grande com iniciantes, chegando, às vezes, à crueldade. Fiuk está tendo essa oportunidade, dedicou-se muito ao trabalho, a melhorar, e todo mundo sabia que ele era iniciante. O aprendizado dele está acontecendo em uma exposição muito grande. As pessoas não pensam em seus inícios, quando estavam frágeis, querendo corresponder. Ele está cercado de atores mais experientes. Sem querer, fazem uma comparação, o que é covardia. Se olhar para trás, quantos atores que se destacam hoje foram criticados no começo?”, defendeu Gloria.
Autor(a):
Aloizio Júnior
Aloizio Júnior ingressou na faculdade de Direito, mas é encantado por Medicina e hoje em dia é um vestibulando. Falar sobre TV sempre foi um hobby e faz isso desde 2008. Atento sobre todas as novidades no mundo da TV, entrou para a equipe do TV Foco em agosto de 2012.