Disposta a investir pesado no mercado brasileiro, que lhe rende uma das maiores audiências fora dos Estados Unidos, a Netflix anunciou 30 novas produções originais no país, entre filmes e séries. E uma das novidades do serviço de streaming será uma série documental sobre um ex-apresentador brasileiro.
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De acordo com o site Deadline, trata-se de Wallace Souza. Ele, que também foi deputado estadual, comandou o programa Canal Livre, da TV Manaus, emissora local, e ganhou fama internacional depois de ser acusado de encomendar crimes para exibir no seu programa e aumentar a audiência.
Em 2009, Wallace foi indiciado por homicídio, porte ilegal de arma, tráfico de drogas, intimidação de testemunhas e formação de quadrilha. Ele teve seu mandado de deputado cassado, e morreu em 2010, em decorrência de uma doença no fígado, quando estava internado em um hospital de São Paulo, sob custódia da Polícia Federal.
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A série documental, intitulada Killer Ratings (Audiência Assassina), terá sete episódios, dirigido por Daniel Bogado, e a cargo de produtoras britânicas responsáveis por atrações para a BBC e Nat Geo.
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Segundo consta, os produtores da série reuniram informações exclusivas sobre o caso, incluindo depoimentos de policiais, parentes de Wallace e pessoas ligadas ao programa Canal Livre.
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Vale lembrar que esse caso já inspirou a série nacional Pacto de Sangue, protagonizada por Guilherme Fontes. A atração foi exibida pelo canal Space no final do ano passado e também está disponível na Netflix, algo que deve ter motivado o serviço de streaming a encomendar a nova produção documental.
CRÍTICA
Em Pacto de Sangue, Guilherme Fontes deu vida a Silas Campello, um apresentador de programa policial, como José Luiz Datena e Luiz Bacci, mas um sujeito mau-caráter e inescrupuloso, que chega a encomendar assassinatos apenas para poder apresentá-los de maneira exclusiva e sensacionalista em seu telejornal. A trama é inspirada na história real de Wallace Souza (1958-2010), acusado de comandar o crime organizado no estado do Amazonas e assassinar traficantes e usuários de drogas para exibir os casos em seu programa.
Em entrevista ao site do jornalista Daniel Castro, Fontes detonou as atrações desse gênero na TV brasileira. “Acho tenebroso esse jornalismo sensacionalista”, disse. “Ele é fruto fundamentalmente do excesso de pobreza que existe no país. Outro dia eu estava assistindo a um desses jornais e passou 20 minutos com tragédia. Uma chatice, uma canseira, não me interessa isso”, completou.
O ator também comentou sobre o seu personagem. “Interpretar um apresentador inescrupuloso, que não mede esforços, uma ambição descabida e que cria terríveis subtefúrgios para conquistar a audiência vai tornando o personagem muito rico. E por trás tem uma carga dramática de uma família desestruturada. Tem os ingredientes de melodrama, ação, suspense. Fora o nível de produção, que eu posso dizer que foi AA”, afirmou Fontes, que ainda negou ter se inspirado em algum apresentador da vida real para compor Campello: “Preferi construir o meu. Não estou fazendo nenhuma sátira ou crítica a ninguém, estou fazendo um personagem de um roteiro ímpar que eu li. Tenho larga experiência em personagens que já existiram, e eu sempre preferi me prender ao roteiro, o que eu posso extrair dele e do diretor e dos atores que estão ao meu lado. É um novo personagem, uma nova figura”.