Desempenho abaixo do esperado de Nos Tempos do Imperador acendeu um alerta vermelho na Globo; entenda
Nos Tempos do Imperador terminou hoje, ou seja, nesta sexta-feira, 04 de fevereiro e se mostrou uma produção com dois fatos para a Globo. Ou a emissora aprende com os erros grotescos ou deixa a novela no limbo. Digo isto porque a trama de época que tentou suceder Novo Mundo, não chegou aos seus pés e virou uma baita dor de cabeça.
Pensada desde 2018, a novela de Thereza Falcão e Alessandro Marson estrearia em março de 2020, no entanto, com o Brasil afetado pela pandemia do Covid-19 não deu. Sendo assim, a emissora optou por reprises na faixa.
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Enquanto isso, foi dada a ordem para que as novelas até então inéditas tivessem seus capítulos escritos até o final pelos autores. Assim, o elenco ficava afiado, a produção se programava quanto a grade enquanto a vacina não chegava.
Nos Tempos do Imperador era a novela que mais teve dificuldade ao voltar a gravar por ser de época. No final das contas, se transformou em uma obra fechada e isso foi crucial para o seu fracasso. Ao menos no quesito audiência.
Para você ter uma ideia a Globo trabalha com a marca de 20 pontos de média para uma novela das seis. Nos Tempos do Imperador fechou com 16 pontos em sete meses no ar. Superando Boogie Oogie de 2014 que tinha a pior marca d história com 17 pontos.
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Agora por qual motivo tanta rejeição?
Em primeiro lugar, a novela já começou a ser escrita desde 2018, mas não tinha uma equipe formada em história para supervisionar os textos dos autores e colaboradores.
Este ponto foi essencial para, por exemplo, ter na trama uma cena que se retratou racismo reverso protagonizada pelo casal inter-racial Pilar (Gabriela Medvedovski) e Samuel (Michel Gomes). Thereza Falcão chegou a vir a público pedir desculpas pelo erro grosseiro após a novela ser altamente criticada.
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Desde então a Globo acionou especialistas para prestar curso aos atores e atrizes, revisou o roteiro e ainda regravou cenas com personagens da família imperial.
Outro ponto crucial para o péssimo desempenho de Nos Tempos do Imperador foi a romantização da monarquia. Quiçá a novela ainda tenha estreado em um ano ruim devido ao atual cenário brasileiro.
Enquanto em Novo Mundo a monarquia não era protagonista, a trama se desenvolveu e Dom Pedro I (Caio Castro) foi retratado como dúbio que é. Já Dom Pedro II (Selton Mello) não.
Ainda que ele tenha sido um imperador fascinante para a época, há defeitos inquestionáveis que mal foram cutucados na novela.
TRIÂNGULO AMOROSO
Dom Pedro II era o protagonista logo os autores resolveram retratar seu casamento com Teresa Cristina (Leticia Sabatella) e suposta caso extraconjugal com Luísa, a Condessa de Barral (Mariana Ximenes). Fato que historiadores divergem se realmente existiu.
O problema é parte do público rejeitou a amante do imperador sendo esta a história central. Ainda que Selton e Mariana transbordassem química. Luísa não foi retratada como Domitila (Agatha Moreira) em Novo Mundo.
Ou seja, o amor de Luísa e Pedro era verdadeiro, mas não menos errado.
PERSONAGENS QUE ESTRAGARAM O PRÓPRIO POTENCIAL?
Neste tópico dá para citar uma lista de personagens. Mas, basicamente o núcleo de humor falhou. Quinzinho (Theo de Almeida) que foi adorável em Novo Mundo, voltou rejeitado pelo público em sua versão adulta, por exemplo.
Lupita (Roberta Rodrigues) se tornou uma escrava que se dava bem em cima do próprio povo. A própria Pilar que realizou seu sonho de se tornar médica foi na maior parte egoísta e chata. Germana (Vivianne Pasmanter) e Licurgo (Guilherme Piva) ficaram avulsos em Nos Tempos do Imperador.
O núcleo da Pequena África foi mal explorado, exemplo maior, foi Zayla (Heslaine Vieira) que passou maior parte da novela obcecada por Samuel.
ACERTOS
Mas, nem de pontos ruins se vive a novela. Além de ser uma trama inédita, o elenco foi afiado conforme o roteiro entregue.
Há de se destacar a cena da morte de Lurdes (Lu Grimaldi), do aborto de Luísa, do confronto entre Nélio (João Pedro Zappa), Dolores (Daphne Bozaski) e Tonico (Alexandre Nero), o primeiro beijo de Luísa e Pedro deu um show de fotografia.
Ou as cenas onde Lota (Paula Cohen) chorou a morte Bernardinho (Gabriel Fuentes). Isabel (Giulia Gayoso) descobrindo o caso de Pedro. Zayla se libertando dos traficantes. A morte de Borges (Danilo Dal Farra).
A escolha de Clemência (Dani Barros) em ficar com Vitória (Maria Clara Gueiros) é outro ponto positivo a parte. Guebo (Maicon Rodrigues) foi um personagem que não desapontou, na verdade, entregou tudo ao ser o líder dos Guerreiros.
Ainda que eu tenha comentado que Nos Tempos do Imperador foi fracasso de audiência, a trama ganhou como melhor novela pela Associação Paulista de Críticos de Arte.
Em síntese há a intenção dos autores Thereza Falcão e Alessandro Marson de fazer uma terceira novela para fechar uma trilogia. Este folhetim focaria na história da princesa Isabel e a assinatura da Lei Áurea.
Só que agora com este desempenho ruim será que a Globo faria esta nova aposta?