Novelas e séries: uma disputa do passado contra o futuro

Gosto de novelas. Para mim, a dramaturgia brasileira – considerada uma das melhores do mundo – ainda tem um futuro muito belo e próspero, só que não baseado em novelas.

Já vimos, e vemos até hoje, clássicos da televisão brasileira, como “O rei do Gado” e “Roque Santeiro”, e nos apaixonamos novamente pela forma como cada obra era tratada pelos autores, algo presente até hoje, mas que perdeu força.

Já as séries vivem um momento diferente. Podemos ver que os folhetins mais curtos, com uma dinâmica maior e com uma trama diferente a cada produção, têm chamado uma tremenda atenção e atraído telespectadores no mundo todo. Em um momento em que o tempo passa mais rápido, e as pessoas têm um intervalo disponível muito menor para acompanhar uma novela que, hoje, dura, em média, de seis a nove meses.

Os Estados Unidos, há um bom tempo, já se curvaram para a nova tendência – as séries. A categoria está cada vez mais dinâmica por lá, com grandes produtores de cinema como Steven Spielberg entrando no mundo da TV para mostrar que realmente estamos no século dos seriados.  No Brasil é um pouco mais complicado. Os canais brasileiros – especialmente os abertos – se identificaram de uma forma muito grande com as novelas e com o tremendo lucro que elas trazem em questões de publicidade. Por isso, não ouso criar uma previsão de quando as séries tomarão o lugar das novelas, mas se observarmos bem, esse é um processo que vem acontecendo. Na Record, por exemplo, houve uma repercussão muito maior com as séries “Plano Alto” e “Concelho Tutelar” do que com a novela “Vitória”.

No SBT, o segmento está sendo implantado agora com “A Garota da Moto”. A Globo não fica atrás. Apesar da novela “Império” ter demonstrado um crescimento considerável, não se pode comparar a repercussão da novela com a de séries como “Dupla Identidade” e “Felizes Para Sempre?”, as quais vieram com um show de roteiro e atuações dignas de globo de ouro!

Não quero criar briga ou dizer que é o fim das novelas. Quero apenas demonstrar, por meio de fatos, que esse é um meio extremamente saturado o qual, futuramente, dará lugar a produções mais dinâmicas, curtas e tendo como vantagem a chance de poder criar projetos com temáticas diferentes e mais atrativas para o público e para os autores.

Texto escrito pelo leitor Gutyerry.