Para ambientar o telespectador no período em que se passa a próxima novela das seis ‘Novo Mundo’, entre 1817 e 1822, a equipe da figurinista Marie Salles, formada por cinco assistentes, 25 costureiras, oito alfaiates e oito aderecistas tem como principal referência as obras do pintor, desenhista e professor francês, Jean-Baptiste Debret e o romantismo dos contos de fada.
Famoso por documentar aspectos da natureza, do homem e da sociedade brasileira no início do século XIX, o artista foi uma inspiração para toda a novela. Marie ressalta o prazer de estar à frente do trabalho. “O mais legal da novela e que me encanta é o conto de fadas. É a história de uma princesa, romântica, mas que se apaixona por um príncipe achando que vai encontrar o príncipe encantado, que ela estava acostumada a ver na Europa, mas encontra um ‘carioca’. Um esportista, mulherengo, popular, que gostava de ficar com os escravos”, ressalta, se referindo à trama do casal Leopoldina (Letícia Colin) e Dom Pedro (Caio Castro).
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Para ela, o choque cultural é o aspecto principal que o figurino quer mostrar. Leopoldina vem da Áustria, por exemplo, o país mais nobre em que se poderia pensar. Já no Brasil, a roupa quase não era lavada porque a água era suja, o Rio não tinha saneamento e por este motivo os personagens apresentam um aspecto de roupa gasta, esmaecida. “Leopoldina (Letícia Colin) era da alta realeza, foi criada com todo o conforto e, ao chegar ao Brasil, se depara com o calor predominante dessa região tropical, com pessoas sem modos e um rei, Dom João (Léo Jaime), que comia frango com a mão e colocava no bolso. O figurino é muito legal porque tenho rainha, nobres de verdade, reis, índios, piratas. Tenho vários mundos para poder brincar. O Vinicius (Coimbra, diretor artístico) me deu um presente. Estou muito feliz de fazer”, destaca a figurinista.
Na trama, cada núcleo tem a sua peculiaridade e paleta de cor. Os figurinos dos austríacos, encabeçados pela Leopoldina, como o biólogo e o médico, poderão ser percebidos nas cores marrom, verde, vinho. Os tons claros serão apresentados pela protagonista Anna Millman (Isabelle Drummond), a professora, inglesa, que perdeu o pai e acompanha Leopoldina na viagem ao Brasil. “Ela é um pouco sombria, mas usará muito branco. Pensei muito em vickings, em quem colonizou a Inglaterra. Fui lá atrás. O figurino dela é composto por tiaras, detalhes no cabelo, luva, sempre vermelho com branco. Tudo meio transparente, translúcido, tem muita coisa a ver com o antepassado, cabelo preto e roupa branca”, ressalta Marie. Já Leopoldina é bem romântica, rosada. “Pensei mesmo em princesas austríacas dessa época e familiares. Historicamente ela era acima do peso, mas não precisamos colocar enchimento em função das roupas que ela usava. Tinha muito babado, bordado. Não tem quase decote, é mais recatada”. Marie ressalta que o figurino de Leopoldina vai fazer a personagem suar muito, sentir calor. Em um segundo momento, as roupas diminuem, pois já entendeu que o clima no Brasil é outro. “Ela estará com o vestido mais simples, o mesmo, mas envelhecido, porque não têm dinheiro. Além disso, começa a usar as roupas de Dom Pedro, pois cavalgava muito, nem grávida parou”.
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Já no núcleo do Rio de Janeiro, tirando a Carlota Joaquina (Giulia Gam), uma rainha espanhola, que usa vermelho, preto e dourado, o Brasil é “Debret”, pastel. “Ele é amarelo, azul, rosa. Os escravos são claros, têm estampa, cor. São coloridos, mas esmaecidos”, destaca ela. No caso de Dom Pedro (Caio Castro), ele não se veste como príncipe. Quando Leopoldina o conhece pela primeira vez está de farda, mas depois se veste como um brasileiro. “Ele não é bobo. Já conhece o clima local. É um figurino lindo”. O Piatã (Rodrigo Simas), irmão de Anna é meio índio e meio inglês, pois foi adotado, por isso, seu figurino mistura as duas referências. “Eu o vesti meio inglês, com a casaca, em uma mistura de índio com europeu. Ele foi criado pelo pai da Anna, que era um comandante e viajavam muito. Moraram em vários lugares do mundo. Quis passar um pouco disso para os dois. Ele é inglês, se veste como inglês. Mas não se dá bem com aquela roupa. Por isso a roupa dele é meio velha, caída e incomoda”, ressalta Marie. O vilão Thomas (Gabriel Braga Nunes) terá uma casaca com as dragonas de metais, que dão o peso para a roupa e postura. Todas as dragonas, os bordados e as insígnias que as realezas e os militares usam foram produzidos nos Estúdios Globo. “Desenvolvemos aqui os adereços. Temos uma bordadeira que só faz bordado de rei e rainha”.
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Além disso, foram produzidos em São Paulo chapéus para as personagens de Leopoldina e Anna e as coroas, réplicas idênticas às originais. Outros acessórios como bengala, chapéus, óculos e relógios foram adquiridos em brechós. O envelhecimento e o desgaste das roupas são feitos nos Estúdios Globo.
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A próxima novela das seis, ‘Novo Mundo’, é escrita por Thereza Falcão e Alessandro Marson, com direção artística de Vinicius Coimbra, e tem estreia prevista para março.