O Dilema da Comida Mastigada – Por Arthur Vivaqua

23/02/2012 às 8h40

Por: TV em Foco

 

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O DILEMA

Ele domina a atual TV brasileira, tirando o sono dos programadores.

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Um grande Dilema, trazendo consigo perguntas profundas:

Qual é a principal Missão da Televisão?

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Ser Passatempo ou Agregador de Valores?

Ser Ferramenta de Comunicação ou Instrumento de Diversão?

Levar o telespectador a pensar ou pensar por ele?

Conduzi-lo ao Trabalho ou convidá-lo à Preguiça?

Ensiná-lo a “pescar” ou entregar-lhe o “peixe”?

 

O NASCIMENTO DO DILEMA

O Dilema surgiu no mesmo instante em que a primeira família sentou-se diante de sua TV.

Ele nasceu quando o Humor, preocupado com a falta de sorrisos, transformou-se em Baixaria.

Nasceu quando a Teledramaturgia, aflita com a perda de telespectadores, rendeu-se ao Estereótipo.

O Pai do Dilema é o controle remoto. Ele, o “monstro” que traz consigo a escolha.

E que, com suas luzes e botões, obrigam executivos a se reunirem e pensarem:

O que eles querem?

 

O CRESCIMENTO DO DILEMA

Como um bebê bem nutrido, o Dilema cresceu nos últimos tempos.

Como diria Lula, “nunca antes na História deste País” vimos mudanças tão acentuadas.

Mudanças que afetaram diretamente os donos do controle remoto.

Miseráveis foram alçados à condição de pobres.

E os pobres foram abraçados pelas “bondosas” prestações das Casas Bahia & Cia.

Floresceu então a chamada Classe C.

Pessoas batalhadoras, que, apesar da pouca escolaridade, ou do rendimento baixo, possuem TV’s de plasma na sala de estar.

E foi através delas que o Dilema lançou sua mais terrível questão:

Como agradar a  esta nova fatia de público?

 

A FILOSOFIA DO DILEMA

Imagine um Restaurante que lança a seguinte Promoção:

Comida Mastigada – R$1,99 o Kg.

Garanto que você não almoçaria lá.

Os executivos da TV, no entanto, tentam resolver o Dilema desta maneira.

“Mastigam” as tramas da Novela, dividindo-a entre “mocinhas santas” e “vilãs histéricas”.

“Mastigam” os Telejornais, inundando-os de gritos ensaiados e frases feitas.

“Mastigam” os Realities, recheando-os com Pornografia, Baixaria e muitas outras “ias”.

“Mastigam” os Programas, enchendo-os de quadros previsíveis, sufocando toda e qualquer inovação.

Consegue perceber o quão entalado você está?

Aposto que tem engolido alguma (ou muitas) dessas coisas, não é?

Comida mastigada não possui nutrientes; TV mastigada não possui essência

O “Kg” deste gênero de TV é barato e está a apenas um botão de distância.

Se você, porém, gosta de comida fresca, sugiro que continue a leitura.

 

A SOLUÇÃO DO DILEMA

Sejamos justos: Ainda há profissionais que se recusam a mastigar nosso alimento.

Lícia Manzo tem tentado com A Vida da Gente.

Resultado: Os “banguelas” afirmam que a Novela é melancólica demais.

Euclides Marinho tentou com O Brado Retumbante.

Resultado: O pessoal do R$1,99 chamou a Minissérie de “sem sentido”.

A TV Paga está tentando com o History Channel, Discovery, Animal Planet…

Resultado: A Globo é líder de Ibope na TV Paga.

Ou seja, o medo de mastigar é tão grande que a população paga para assistir a um canal gratuito.

E assim, dia-a-dia, Fina Estampa a Fina Estampa, nossos dentes se aposentam.

E a fila do R$1,99 não para de crescer…

 

E AGORA

O Ponto Final deste texto fica por sua conta.

E então, qual é a Missão da Televisão?

TV é coisa séria ou hobby?

O que você busca ao segurar (os viciados acariciam) o Controle Remoto?

Você é frequentador do Restaurante Comida Mastigada?

Se sim, tenha coragem de assumi-lo.

Se não, proponha alguma solução.

O Dilema reside dentro de você.

E, se você olhar para si mesmo, saberá respondê-lo.

Portanto, prepare a dentadura.

Nada de comida mastigada na Coluna de hoje…

 

Twitter: @ArthurVivaqua

E-Mail: [email protected]

 

A “Culpa” é minha -> As opiniões expressas nesta Coluna não refletem a Opinião do Site TV Foco.

 

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