Fábrica histórica e aclamada de tecidos no Brasil acabou vendo seu império ruir após uma severa crise que a obrigou a colocar todos os seus funcionários na rua
Já dissemos em matérias anteriores o quanto algumas quebras mexeram com o nosso mercado financeiro. Ao longo de todos esses anos, muitas indústrias, empresas e fábricas que tinham tudo para serem grandes impérios acabaram sendo reduzidas a pó após verem suas conquistas serem destroçadas por crises financeiras.
Isso ocorreu com a aclamada e histórica Fábrica Companhia de Fiação e Tecidos Confiança, que nasceu em 1885, dando um um novo impulso ao bairro de Vila Isabel, Zona norte do Rio de Janeiro. Vale dizer que esse mesmo bairro foi eternizado pelas músicas de grandes sambistas e compositores da época.
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De acordo com o Rio Memórias, os benefícios fiscais oferecidos pelo governo, os recursos hídricos do rio Joana eram a força motriz necessária para o funcionamento das caldeiras antes da introdução da luz elétrica. Mas com a chegada da Companhia de Bondes Ferro Carril, a fábrica tomou a decisão de instalar a fábrica na Rua Maxwell.
Ainda de acordo com o portal, no início do séc. XX, a fábrica Confiança conseguiu estar entre as maiores do Brasil e, a exemplo de outras indústrias têxteis, dispunha de escola para filhos dos trabalhadores, farmácia e vilas operárias.
Inclusive, o clube de futebol dos operários, o Confiança Atlético Club, foi criado em 1915 e disputou importantes torneios e campeonatos no Rio de Janeiro. Porém, infelizmente, ele acabou sendo extinto no início da década de 90.
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Entre uma crise e outra …
Com a crise de 1929, conhecida como a “Grande Depressão”, suas vendas caíram drasticamente, ocasionando a demissão em massa de todos seus funcionários bem como a venda da fábrica para a Família Menezes, originária do Recife, em 1933.
Após a compra, os Menezes deram um novo direcionamento à companhia, contratando muitos trabalhadores de Pernambuco, além de implementar a repartição dos lucros com os funcionários.
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Sob a administração de Joaquim Lacerda de Menezes, a empresa viveu o seu melhor período, mas, após a morte do mesmo, veio uma nova crise que acabou levando a outra troca de controle.
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A fábrica então passou para as mãos do grupo paulista J. J. Abdalla. Porém, amargando o fracasso em alcançar o sucesso esperado, a empresa teve um fim definitivo e decadente depois de quase 85 anos de história.
O que aconteceu com o que sobrou da Fábrica Confiança?
Porém, até hoje a Fábrica Confiança é eternizada como um referencial simbólico na memória de muitos moradores. O conjunto fabril composto pelo prédio da fábrica, o palacete Barão de Drummond e 9 vilas operárias erguidas pela Companhia de Saneamento do Rio de Janeiro foi tombado em 1993 com as características originais.
Atualmente, o seu espaço foi todo tomado pelo atacarejo Assaí e algumas lojas comerciais. Vale dizer que a sua imponente chaminé ainda pode ser observada de longe.
Como mencionamos logo acima, o cotidiano operário de Vila Isabel virou objeto das músicas de muitos compositores da época. Entre eles, o também eterno Noel Rosa, que compôs a canção de amor “Três apitos” no início da década de 30, gravada tardiamente em 1954 por Aracy de Almeida, com arranjos de Radamés Gnatalli, como podem ouvir através do vídeo abaixo:
Inclusive, o Assaí desenvolveu um trabalho de preservação da história da Fábrica com um mural contendo trechos da música de Noel Rosa na “Praça Três Apitos” e fotos antigas do local espalhadas pelas paredes do espaço interno.