Fábrica gigante do segmento de eletrodomésticos acabou tendo a falência decretada após amontoado de dívidas e demissões em massa
O ano era de 2016, quando uma gigantesca fábrica de eletrodomésticos teve sua falência decretada pela Justiça de São Paulo, porém, somente um tempo depois é que os reais motivos da sua queda veio à tona …
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Estamos falando da fabricante de fogões e geladeiras mexicana Mabe, que diante da situação acabou demitindo 1,5 mil funcionários e fechou as portas de suas duas fábricas localizadas no interior de São Paulo, mais precisamente em Campinas e Hortolândia.
Segundo o portal TMA Brasil, Em janeiro daquele mesmo ano, a companhia já havia demitido outros 342 profissionais por conta da baixa demanda pelos produtos das marcas Continental e Dako.
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Os trabalhadores foram dispensados sem receber a rescisão trabalhista devido às dificuldades de caixa da companhia. Para protestar contra essa situação, os trabalhadores chegaram a acampar em em frente às fábricas.
Vale mencionar que no fim do ano de 2015, os funcionários já não tinham recebido o 13º salário.
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As origens …
De origem mexicana, a Mabe começou a operar no Brasil no ano de 2003 com a aquisição da Dako.
Em 2009, ela comprou, por R$ 70 milhões, as operações das BSH, joint venture entre as alemãs Bosch e Siemens, que fabricava no país produtos com as marcas Bosch e Continental.
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Com cinco marcas no varejo (Mabe, Dako, GE, Bosch e Continetal), a companhia chegou, naquele momento, à segunda posição no mercado brasileiro de eletrodomésticos, com uma fatia de 25%, atrás apenas da Whirlpool, dona da Brastemp e da Consul, que tinha 36,5%.
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O Brasil também passou a ser o principal mercado da companhia, respondendo por 18% da receita. Porém, mercado não cresceu como esperado e os planos tiveram que ser revistos. As marcas Mabe, GE e Bosch foram abandonadas.
Foi aí, que no ano de 2013, a companhia fechou uma fábrica na cidade de Itu, demitindo cerca de 1,2 mil pessoas. Posteriormente, a unidade acabou sendo vendida para enxugar dívidas.
Problemas “arrastados”
Vale dizer, que antes do decreto da falência, a fabricante já havia pedido recuperação judicial em maio do ano de 2013, alegando dificuldades para pagar fornecedores e funcionários.
Na época, as dívidas da companhia somavam R$ 490 milhões. O plano aprovado pela Justiça no começo de 2014, no entanto, contemplava um valor menor, entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões.
O plano de negócios elaborado pela consultoria Galeazzi & Associados previa um período de 10 anos.
Mas no fim do ano de 2015, o administrador judicial informou à Justiça que o plano não estava sendo cumprido, o que levou à decretação da falência e em 2016 a dívida de R$1,1 bilhão foi constatada.
Qual foi o escândalo exposto envolvendo o fim da empresa?
Porém, no ano de 2019, anos após a falência, um escândalo envolvendo a marca veio à tona.
Segundo o que foi apurado com exclusividade pelo portal Istoé Dinheiro, uma investigação sigilosa, apontou que a fabricante de eletrodomésticos Mabe, falida no ano de 2016, com R$ 1,1 bilhão em dívidas, não fechou as portas em razão da crise econômica (como argumentado por sua diretoria à época).
Ao que indica, essa investigação constatou que na verdade a falência foi causada pela insolvência premeditada pela Matriz da marca, localizada no México e seus sócios no Brasil.
Entre eles, a subsidiária da gigante americana General Electric (GE), maior conglomerado industrial do mundo, com faturamento de US$ 121,6 bilhões no ano de 2018.
Além dos empresários Gabriel Penteado e José Roberto Moura Penteado, ex-donos da Dako.
O mais surpreendente e decisivo capítulo dessa “novela mexicana” , que veio à tona no dia 02 de abril de 2019, foi o bloqueio de bens em até R$ 1,1 bilhão os bens e as contas bancárias da GE no Brasil e dos seus executivos, da família Penteado e também dos controladores da Mabe México, os irmãos Jose Luis e Francisco Berrondo.
Ainda de acordo com o Istoé Dinheiro, a documentação era extensa e substanciosa.
Fora isso, eram fortes os elementos carreados para estes autos, roborando as suspeitas levantadas pela administradora judicial, de confusão patrimonial, gestão fraudulenta, desvios de recursos financeiros, apropriação de ativos, controle de operações da falida e desvios de equipamentos.