Instituição financeira, presente em grande parte do país, acabou dando adeus após repassar todas suas agências ao Bradesco e correntistas ficaram em estado de choque com notícia
A história de grandes bancos no país, assim como ocorre com empresas e varejistas, na maioria das vezes são constituídas de reviravoltas, fusões, quedas e até mesmo despedidas abruptas. Inclusive, ao longo de todos esses anos, milhares de brasileiros tiveram que lidar com essas despedidas e muitos deles até lamentaram esses casos.
Como ocorreu com uma importante e gigante rede de bancos, cujo adeus pegou muitos clientes de surpresa, ainda mais depois de ver suas agências e ações sendo repassadas a um dos seus maiores rivais da época, o Banco Bradesco.
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Estamos falando do HSBC Brasil, unidade do país pertencente ao Banco HSBC, uma das maiores instituições financeiras do mundo.
Breve história
Fundado em 3 de março de 1865, a origem do HSBC remonta ao contexto do Neocolonialismo britânico, quando o escocês Thomas Sutherland fundou um banco em Hong Kong, no ano de 1865, para financiar o comércio baseado no tráfico de ópio no Extremo Oriente.
De acordo com informações do Wiki, ao longo do século XX, o banco concentrou suas atividades em Hong Kong, então a partir dos anos 80 e sob domínio do Reino Unido, ele passou a expandir seus negócios para os Estados Unidos e a Europa.
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Alguns anos antes da devolução do território à República Popular da China, a sede do banco foi transferida para Londres. No ano de 1997 ele desembarcou no Brasil e sediou a primeira agência do HSBC Brasil em Curitiba, Paraná, para assumir o lugar do saudoso Banco Bamerindus do Brasil S.A*, que até então já estava falido, como podem ver através desse link*.
De acordo com o portal Época, tendo mais de 1.700 filiais e postos de atendimento espalhadas por 550 cidades brasileiras, o banco conseguiu se consolidar entre as 10 maiores instituições financeiras do Brasil, contando com mais de 5 milhões de correntistas.
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Ao assumir o controle do Bamerindus, o HSBC tinha planos ambiciosos. Seu primeiro presidente no país, o inglês Michael Geoghegan, queria usar a força do HSBC para transformar o Bamerindus no maior banco privado brasileiro.
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A ideia era superar os pesos-pesados locais, como o Bradesco e o Itaú, e se tornar uma fonte de lucros polpudos para a matriz.
No rastro da abertura comercial brasileira, ele pretendia também ser o grande parceiro das empresas na área de comércio exterior. Sua meta era fazer do provinciano Bamerindus, que glorificava a cultura rural, um banco cosmopolita.
Frustrações:
Para alcançar seus objetivos, Geoghegan se tornou o comandante global do grupo britânico entre os anos de 2006 e 2010. A pretensão era aproveitar a experiência do HSBC no mercado internacional e investir na popularização do atendimento, atraindo clientes das classes C e D que, até então, eram menosprezadas pelos demais bancos locais.
Vale dizer que essa foi a mesma estratégia adotada em Hong Kong, onde o HSBC se tornou em uma das maiores instituições financeiras do planeta. Infelizmente,18 anos após a sua chegada, esses planos ambiciosos nunca ocorreram no Brasil.
Foi aí, que no ano de 2014, ao invés de conseguir o lucro almejado, o banco se deparou com o gosto amargo de um prejuízo de R$ 549 milhões. Para completar o quadro crítico, o Brasil, em vez de aprofundar a abertura, tornou-se um campeão mundial de protecionismo, frustrando os planos do banco de crescer na área externa.
Diante dos resultados quase que imperceptíveis, o HSBC não teve outra escolha a não ser deixar o varejo no país e limitar sua atuação aos negócios com grandes empresas.
Especulações de falência
Se não bastasse todo esse contexto conturbado, o banco ainda foi alvo de especulações levantadas na época sobre sua possível falência no Brasil, o que gerou pânico e desespero em alguns clientes. Mas, de acordo com o portal Época, a saída da instituição na verdade fez parte de uma estratégia global, após o banco se deparar com os resultados tão insatisfatórios.
Essa estratégia de encolhimento e simplificação existe desde 2011, quando Gulliver e o presidente do conselho de administração, Douglas Flint, assumiram o comando. Apesar de o banco ter passado melhor que a concorrência pela crise financeira global, viu-se obrigado a rever a agressiva política de expansão implementada no fim dos anos 90 e na década passada.
A gestão de uma operação global revelou-se mais complexa do que esperavam os executivos idealizadores da estratégia. Os custos, muitas vezes, não compensaram os benefícios. O ajuste incluiu o corte de 25 mil vagas até o ano de 2017, além das 40 mil já eliminadas desde 2011, do total de 266 mil existentes hoje globalmente.
Na época o Banco estudava voltar a sediar seus negócios em Hong Kong, de onde se mudou para Londres em 1992, após a compra do Midland Bank, sua plataforma de varejo no Reino Unido. Os cortes, segundo Gulliver, permitiam economizar US$ 5 bilhões por ano (27% do lucro de 2014).
Bradesco engole tudo
No fim do ano de 2015, como mencionamos logo no inicio desse texto, o Banco Bradesco comprou 100% das operações do HSBC Brasil pelo valor de R$ 16 bilhões.
De acordo com o G1, o Bradesco anunciou a compra do HSBC Brasil em agosto do ano de 2015, por US$ 5,2 bilhões (o que na época equivalia a R$ 17,6 bilhões) em dinheiro
Segundo manifestações do banco, o valor estava sujeito a ajustes após conclusão do balanço do HSBC Brasil, como assim ocorreu. Ainda de acordo com informações divulgadas pelo G1, apesar da compra ter sido iniciada em 2015, somente em junho de 2016 que o Bradesco recebeu a aprovação do CADE, embora com restrições.
Na época, entre as ações que o Bradesco teria que adotar, ele teria que estimular os novos clientes, presentes nas 106 cidades do país a transferir operações de crédito (como empréstimos pessoais) para outros bancos.
Além disso, o acordo impedia que o banco comprasse uma nova instituição financeira por um período de 30 meses.
Terror da concorrência e fusão
Com a aquisição, como mencionamos, o Bradesco assumiu e assumiu o varejo, seguros e administração de ativos, bem como todas as agências e clientes.
Já com a fusão das operações, o Bradesco alcançou um aumento no valor total de seus ativos em 15,9%, ou R$ 175 bilhões, totalizando R$ 1,276 trilhão, segundo informou o banco, para o terror do seu maior concorrente, o Itaú.
Segundo os dados do Banco Central, o Bradesco ficou atrás somente do Banco do Brasil, que na época era o líder e, ainda assim, de forma bem acirrada. Já a carteira de crédito do Bradesco cresceu 15,4%, alcançando R$ 534,5 bilhões.
Como ficaram os clientes e as agências do HSBC Brasil?
Os cinco milhões de clientes do HSBC Brasil foram integrados ao Bradesco no dia 08 de outubro de 2016. Com isso, as fachadas das 851 agências do HSBC passaram a ter somente a marca do Bradesco.
Segundo o portal Exame, apesar da tristeza de muitos correntistas que gostavam do sistema do antigo HSBC Brasil, os mesmos foram devidamente orientados, na época, sobre os procedimentos para a integração com o Bradesco.
Fora isso, o Bradesco enviou, a cada um deles, um kit de boas-vindas, com informativos a respeito do que mudaria ou não na vida desses correntistas com a mudança de gestão, assim como um cartão de débito para que eles pudessem movimentar as suas contas.
De acordo com o portal IDinheiro, na internet, a página do HSBC Brasil, assim como contas no Twitter, Youtube, Linkedin e Facebook foram desativadas.
Não deu certo aqui, mas em outros países …
Apesar de não ter dado certo no Brasil, o HSBC ainda está ativo em alguns países.
De acordo com informações divulgadas pelo Wiki, a rede internacional do Grupo HSBC é composta por aproximadamente 6.200 escritórios e agências distribuídas em cerca de129 países e territórios na Europa, Ásia, Américas, Oceania, Oriente Médio e África.
Inclusive, de acordo com o portal Estadão Investidor, ele continua recebendo a alcunha de um dos maiores bancos do mundo e agora inovou mais uma vez.
Em novembro de 2023, ele ingressou nos ativos digitais ao anunciar a oferta de serviços de custódia para tais serviços, como títulos e ações tokenizados.
Essa medida fez com que ele desse mais um passo em se tornar um player importante no mercado de cripto.
Inclusive agora em 2024, o HSBC teve resultado recorde no Brasil no ano passado, considerando o balanço local e o que é alocado nos livros internacionais.
De acordo com o portal Valor, o país tem ganhado importância para o grupo, que no ano passado fez um aporte de R$ 500 milhões na subsidiária, e o objetivo é reconquistar a importância que tinha antes de 2015, após a venda ao Bradesco.
O HSBC atende multinacionais que atuam no Brasil e companhias brasileiras com forte exportação.
O foco são serviços de tesouraria, trade finance (ligados a operações de comércio externo, incluindo recebíveis) e cash management, mas a instituição também oferece crédito e tem uma operação de banco de investimento.
Alexandre Guião, presidente do HSBC Brasil, afirma que em câmbio o banco já está se aproximando do top 10 no ranking, e que o objetivo é seguir crescendo em participação de mercado, nessa e em outras linhas.