Importante montadora de carros, que fez história em nosso país, acabou tendo um triste desfecho
Uma importante montadora do nosso país, que até hoje é lembrada por muitos e foi uma forte concorrente da própria Volkswagen, teve um triste desfecho após não suportar continuar ativa diante de um cenário conturbado.
Estamos falando da Gurgel Motors, que foi fundada em 1969 pelo engenheiro eletricista João Amaral Gurgel. Segundo o portal Blocktends, Gurgel foi o primeiro brasileiro a executar uma produção 100% nacional de um veículo.
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Foi ali que Gurgel lançaria seu primeiro veículo, o Ipanema.
História
A Gurgel Motors surgiu em um período de quase obstinação por parte do governo em criar um parque industrial nacional, pautado em atrair indústrias estrangeiras.
Os anos 60 e 70 marcaram a ascensão dos primeiros grandes subsídios para a indústria automotiva nacional, além de um aumento expressivo nas obras faraônicas que levariam ao chamado “milagre brasileiro”, um período de alguns poucos anos nos quais o PIB brasileiro cresceu até 14% ao ano.
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Neste cenário, o Ipanema foi um sucesso, com um aspecto similar ao do Fusca, o veículo popular que se tornaria um símbolo da indústria alemã e deu origem a Volkswagen, o carro popular nacional, logo evoluiria para uma nova versão, um Jipe, chamado por Gurgel de “Xavante”.
No início dos anos 80, com mais um choque do petróleo, a Gurgel colocou em seu portfólio ao menos 10 veículos, todos movidos a gasolina ou álcool. Neste período a empresa lançou um veículo civil de passeio, com 2 portas e 3.18m de comprimento.
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Como os demais veículos, o preço e o fato de o veículo ser extremamente pequeno e sem condições de carregar bagagens, acabaram afastando Gurgel dos consumidores que, devido a esse fato, perdiam o interesse no mesmo.
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Carro popular
Vale dizer que o custo elevado de seus veículos dadas as entregas, foi motivo da criação do CENA, o “Carro econômico nacional”, projetado para ser um veículo extremamente barato. Conflitos com a família de Ayrton Senna, porém, levaram o carro a ser rebatizado de “BR800”.
Com preço de $3 mil, o veículo podia ser comprado apenas adquirindo ações da própria Gurgel. Na prática, a empresa buscava meios de se capitalizar, algo que ocorreu com as 8 mil unidades vendidas.
Para os compradores iniciais foi uma boa novidade, dado que 1 ano depois o veículo tinha até 100% de ágio. Ainda assim, o veículo durou pouco.
Porém, nos anos 90, a aposta da Gurgel em “carros populares” encontrou a sua devida concorrência, isso porque o governo de Fernando Collor abriu o mercado isentando de IPI veículos 1.0, atraindo fabricantes como a FIAT.
Começo do Fim …
Vale dizer que a empresa bateu seu recorde de vendas, quando comercializou 3.746 carros em 1991, mas caiu para 1.671 em 1992 devido a greve de funcionários da alfândega brasileira em 1991, que impediu a chegada de componentes da Argentina.
Segundo a Wikipédia, devido a quebra no ritmo de produção quebrou o fluxo de caixa da empresa e as dívidas só se acumularam.
A produção do X12 (único utilitário remanescente desde a abertura das importações no Brasil) foi reduzida drasticamente por conta de abalo entre a concorrência,
Afinal de contas a Volkswagen contava com o modelo 181, similar ao X12, que saiu de linha porque o segundo vendia tão bem que roubou espaço do primeiro. A marca também priorizou a fabricação dos seus carros populares (BR-800 e Supermini).
Foi no ano de 1993, que a Gurgel Motors tentou um acordo com o governador do estado do Ceará, na época, Ciro Gomes, para salvar conseguir salvar a empresa. Mas, foi em vão, e sem apoio do governo, a Gurgel pediu concordata em junho daquele mesmo ano.
Mas de acordo com o portal Blocktends, Ciro afirma que a a história é diferente. A Gurgel Motors tomou um empréstimo de $3,5 milhões no Banco do Nordeste e não pagou, deixando o débito para o governo do estado quitar.
Falência
A Gurgel Motors ainda tentou mais uma vez se salvar, no ano de 1994, quando pediu ao Governo Federal para um financiamento o valor de 20 milhões de dólares à empresa, mas este foi negado, sendo assim, a fábrica foi declarada falida ainda naquele ano.
Em meio à declaração de falida pelo governo, a empresa conseguiu recorrer da decisão de decretação de falência e ficou ativa até setembro de 1996.
Seus últimos projetos foram:
Supermini 1995: Uma versão com traseira mais reta que o Supermini anterior e seria lançado nesse mesmo ano.
Motomachine: Um minicarro urbano pensado como meio de transporte; as últimas versões de Tocantins (que perdurou de 1992 a 1995) com uma ligeira mudança na grade dianteira e Carajás (sem nenhuma mudança relevante)
Motofour – De conceito similar ao Motomachine, teve um único exemplar fabricado. Durante esse período, a marca ainda produziu mais 130 veículos.
Mas o que aconteceu com a montadora após isso?
Ainda de acordo com a Wikipédia, desde o fim da empresa, a fábrica de Rio Claro ficou nas mãos de um escritório em São Paulo.
E desde o ano de 2001 a justiça vinha tentando vender a fábrica, que enfrentava muitos furtos de peças dos carros abandonados e ainda inacabados: pelo menos 30 boletins de ocorrência foram feitos.
Após diversas tentativas de venda do terreno da fábrica e seus veículos abandonados, ela só foi leiloada em 2007, por quase R$16 milhões. O dinheiro serviu como pagamento de dívidas trabalhistas, que chegou a quase R$20 milhões.
A montadora Gurgel deixou um lastro de R$280 milhões em dívidas.
Ao longo das mais de duas décadas em operação levaram a criação de 40 mil veículos que hoje representam uma boa relíquia para colecionadores nacionais.