A novela Apocalipse da Record chega ao fim na noite desta segunda-feira (25) e a coluna considerou pertinente refletir sobre o contexto da dramaturgia da Record em comparação ao cenário dramatúrgico do SBT, visto que as emissoras encontram-se seguindo caminhos distintos. Enquanto a emissora de Silvio Santos consolida cada vez mais, apesar de alguns equívocos, a estrada de suas tramas infantis, a emissora de Edir Macedo sofre para manter seus folhetins bíblicos no ar, em virtude de várias razões.
Como tratado neste espaço, o SBT peca feio ao preferir prolongar em demasia suas novelas infanto-juvenis. Isto se torna oneroso ao canal, haja vista que o público tende a se dispersar com a dificuldade de manter uma história atrativa em tanto tempo no ar. Todavia, há que se destacar que a emissora tem logrado êxito com suas produções. Além da audiência satisfatória, o caminho das tramas infanto-juvenis tem se consolidado e ampliado seu horizonte, como a abrangência de núcleos mais adultos na atual As Aventuras de Poliana, de Iris Abravanel, o que viabiliza o maior número de atores de renome nas produções do canal, bem como a absorção de um público maior.
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Por sua vez, a Record tem apresentado fragilidades para continuar forte em suas novelas bíblicas. Após o grande fenômeno de Os Dez Mandamentos, a emissora já viu algumas decepções passarem por sua programação, como é o caso de Apocalipse. A trama escrita por Vivian de Oliveira teve que ser encurtada em virtude especialmente dos números de audiência não satisfatórios, na casa dos 10 pontos (meta de 15). Além disso, vale destacar os conflitos internos no decorrer de sua produção. Diálogos inteiros de Apocalipse foram reescritos e levados ao ar sem conhecimento da autora, o que evidencia a influência externa religiosa da emissora em seus produtos – algo totalmente prejudicial.
Nesse contexto, os fatos envolvendo as tramas supramencionadas revelam exatamente os atuais momentos de duas das principais emissoras do país no tocante ao percurso teledramatúrgico. Enquanto Apocalipse teve de ser encurtada, As Aventuras de Poliana tem tudo para se tornar uma das novelas mais longas da história do SBT, de acordo com as previsões de prolongamento da trama infantil dirigida por Reynaldo Boury. Obviamente, há o risco de ônus pela ampliação, mas isso não quer dizer que o prolongamento não seja consequência de um bom retorno da crítica-público.
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As problemáticas na dramaturgia da Record são na verdade reflexos da profunda crise de identidade vivenciada pela emissora nos últimos tempos. Desse modo, torna-se essencial uma postura reabilitadora, um fôlego renovador nos ambientes da Barra Funda, com vistas a melhorias generalizadas que possibilitem uma retomada da emissora, especialmente com corte da influência negativa externa. Já o SBT necessita apenas de reflexões que visem reduzir equívocos e fortalecer acertos da alta cúpula do canal.
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