Na edição passada esta coluna fez um paralelo entre o apoio considerado implícito da Globo ao Fernando Haddad (PT) e o apoio explícito da Record ao candidato Jair Bolsonaro (PSL). Entretanto, notou-se a necessidade de analisar com maior grau de profundidade o apoio descarado da Record ao candidato de extrema-direita, principalmente após reportagem especial exibida ontem (21) no Domingo Espetacular.
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Na supramencionada edição da coluna, houve destaque a alguns fatores pelos quais a Globo foi considerada apoiante de Haddad, porém, ressalta-se que a emissora “recuou” nesse sentido ao minimizar no Jornal Nacional toda a polêmica em torno do suposto crime eleitoral cometido pela campanha de Jair Bolsonaro, revelado pela jornalista Patrícia Campos Mello na edição da Folha de S.Paulo do último dia 18.
Por sua vez, a Record segue com intensidade cada vez mais elevada sua campanha em favor da candidatura de Jair Bolsonaro. A emissora paulista produziu e exibiu, na noite deste domingo (21), uma reportagem especial, veiculada no quadro Reportagem da Semana, na qual, entre outras coisas, mostrou o percurso cronológico desde a facada dada por Adélio Bispo de Oliveira no candidato, até os exames mais recentes feitos pelo presidenciável, com direito a entrevistas com profissionais envolvidos na assistência e imagens e falas inéditas de Jair Bolsonaro diante de seu acompanhamento médico.
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Obviamente, a reportagem foi mais uma peça propositadamente pregada pela Record como forma de humanizar o candidato e mostrá-lo como uma grande vítima dessas Eleições 2018. Não que o candidato não tenha sido vítima de violência, de fato foi. Entretanto, a emissora age de forma parcial e partidária, uma vez que não se identifica por parte do canal da Barra Funda espaço para Fernando Haddad em sua programação, a não ser com reportagens negativas como a exibida no Domingo Espetacular do dia 14 sobre operação da PF envolvendo a Guiné Equatorial, com perspectiva negativa para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e consequentemente para a imagem de Haddad.
Nesse contexto, torna-se fato que o apoio descarado a Bolsonaro comprova a ambição e o oportunismo historicamente atrelados à Record. Para delimitarmos apenas no aspecto político, não custa lembrarmos como a emissora apoiou Lula e depois Dilma, especialmente no sentido de obtenção de entrevistas exclusivas após eventos marcantes, como ocorreu em 2010, por exemplo, após vitória nas urnas da petista Dilma Rousseff.
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Com o “surgimento” de Jair Bolsonaro e sua clara chance de levar as Eleições 2018, a Record optou por seguir seu dono, o qual declarou publicamente seu apoio ao candidato do PSL, provavelmente pelo conservadorismo expresso por Bolsonaro, o que é congruente com os “princípios” da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), de Macedo.
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Entretanto, destaca-se que o conservadorismo de Bolsonaro não deve ser motivo exclusivo da decisão Edir-Record. A emissora estaria de olho num possível aumento de repasse de verbas publicitárias federais em um eventual governo bolsonarista, principalmente após vídeos nos quais o candidato refere possível “corte” de verbas para a Globo. Ressalta-se que o candidato é um claro opositor da emissora carioca, nítido em suas participações nos veículos do Grupo Globo nestas eleições. Além disso, vale destacar que falar de Bolsonaro na atualidade significa angariar números de audiência, como notado pela emissora ao exibir entrevista exclusiva no Jornal da Record no dia do debate da Globo. Resultado? Recorde de audiência do telejornal no ano. Assim, não é ilógico pensar nessas questões quando se analisa o posicionamento da Record.
Reforçam-se a seguir os dizeres desta coluna expressos na edição anterior. Uma concessão pública não deve ou não deveria manifestar apoio a qualquer candidato em uma nação democrática. Sendo assim, com essa atuação, a Record só reforça seus aspectos negativos, os quais provavelmente são responsáveis por não permitir a evolução da emissora. Além disso, a Record entra para a história ao trocar de lugar com a Globo desta vez, ao apoiar um candidato claramente favorável à tortura/ditadura e que homenageia com extremo orgulho em seus discursos coronéis torturadores.