Bizarra. Este é o melhor termo para definir O Outro Lado do Paraíso. A trama do horário das 21h da Globo chega ao fim na noite desta sexta-feira (11) com um acumulado grandioso nos números de audiência associado a variados problemas dramatúrgicos, os quais comprovam a diferença entre audiência e qualidade.
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Vários elementos configuraram-se como problemáticos na novela. Incontáveis furos foram identificados ao longo de sua exibição, como o do melhor advogado do país que não conseguiu tirar a avó-tia do manicômio e a protagonista sedenta por vingança que não sabia como se vingar dos algozes; núcleos com temas importantes foram tratados com humor escrachado e/ou de forma muito equivocada, como o da sexualidade (que envolveu o recente beijo gay), da violência contra a mulher e o nanismo de Estela (Juliana Caldas); houve excesso de personagens e tramas paralelas desnecessárias, como Diego (Arthur Aguiar) e sua namorada; atores de alto nível que foram sub ou mal aproveitados em personagens, como Zezé Motta (Mãe), Nathália Timberg (Beatriz), Lima Duarte (Josafá), Grazi Massafera (Lívia) e Juca de Oliveira (Natanael).
No entanto, em uma análise geral, aponta-se o roteiro de Walcyr Carrasco como o maior problema de O Outro Lado do Paraíso. Sabe-se que uma novela precisa ter linguagem acessível, de fácil entendimento e compreensão. Inclusive, João Emanuel Carneiro quis ousar com uma linguagem mais rebuscada e complexa e acabou tropeçando com sua A Regra do Jogo (2015). No entanto, o roteiro da novela não tem de ser simplista, didático ao extremo e tremendamente bizarro, como foi o da novela atual de Walcyr.
Em resposta aos críticos por meio de entrevista ao Gshow, o autor declarou que “críticos […] procuraram realismo em uma novela que nunca quis ser realista”. Entretanto, cabe uma tréplica. As observações, especialmente por parte da coluna, sempre estiveram atreladas ao roteiro seguindo a premissa de se tratar de um produto dramatúrgico, independentemente de ser ou não uma obra não realística. Nesse sentido, não ser realista não quer dizer que a obra possa errar com furos ou com linguagem simplista e vergonhosa, uma vez que isso rebaixa automaticamente a qualidade geral do produto. Aliás, a escrita de Walcyr nesta obra muito nos lembrou dos melodramas mexicanos.
Ressalta-se ainda que os pilares de O Outro Lado do Paraíso foram: as boas atuações, em especial de Fernanda Montenegro (Mercedes), Marieta Severo (Sophia), Bianca Bin (apesar da fraca Clara), Gloria Pires (apesar da esquecível Elisabeth); mais um grande acerto de Mauro Mendonça Filho numa direção artística altamente audaciosa e caprichosa, ao lado de André Felipe Binder, responsável pela direção geral do folhetim, e também vale destacar a agilidade do roteiro, que se torna um bom atrativo, apesar do nível.
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Que o objetivo de Segundo Sol seja ir além da escalada de audiência às 21h.
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