Opinião | Filme “Os Dez Mandamentos” não passa de um “Vale a Pena Ver de Novo”

29/01/2016 às 14h15

Por: Lucas Medeiros
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Filme "Os Dez Mandamentos" (Foto: Divulgação)
Filme "Os Dez Mandamentos" (Foto: Divulgação)

Filme “Os Dez Mandamentos” (Foto: Divulgação)

Curioso para saber como seria o tão anunciado filme “Os Dez Mandamentos”, longa derivado da novela homônima da Record, resolvi ir ao cinema e acompanhar o trabalho da emissora do bispo Edir Macedo, que por sua vez, também é líder da Igreja Universal do Reino de Deus.

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Para a minha surpresa, as salas estavam lotadas, ao contrário do que diziam algumas matérias que circulavam na imprensa concorrente da Record. No entanto, as salas estavam lotadas de pessoas que pareciam vir diretamente de um culto da igreja parceira da emissora.

Na maioria, eram senhores e senhoras de idade, além de outros cujas roupas deixavam claro que elas eram fiéis da IURD ou de outra igreja evangélica. Até aí tudo bem, nada que ninguém já não soubesse. Mas o que me surpreendeu mesmo foi o conteúdo do filme.

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Se você pretende assistir a superprodução e não está interessado em spoiler, não leia. Se continuou, então vamos falar um pouco da trama. O longa começa com uma cena inédita, porém, dispensável, com o ator Sidney Sampaio, na pele de Josué, contando a trajetória de Moisés.

O texto é simples, para não se dizer pobre, onde ele conta para uma dúzia de soldados a história do seu líder desde o seu nascimento. Para quem assistiu a novela, o filme deu a impressão de que faltava algo, como diálogos importantes que foram cortados sem dó nem piedade.

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O filme foi um verdadeiro compacto das histórias que estão na Bíblia, mas não conseguiu esconder núcleos secundários que fizeram parte da novela, e quem não acompanhou o folhetim, não faz a mínima ideia do porquê deles estarem ali. É o caso da personagem Yunet (Adriana Garambone).

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Ela foi um dos grandes destaques da novela. Seu nome não está no livro sagrado, mas a autora Viviam de Oliveira errou ao colocá-la em sequências fundamentais para a história, como quem conta a Moisés que ele é descendente de Hebreus, ao contrário do que a sua mãe dizia.

No filme, Yunet aparece dando apoio à princesa Henutmire (Vera Zimmermann) em uma cena, dizendo que o príncipe nunca saberá a verdade. Mas na outra, ela conta toda a verdade a Moisés. Nessa cena, o público fica com um sentimento de dúvida, sobre quem seria essa mulher.

O que ela tem contra Moisés? O que ela tem contra a princesa? Por que ela faz essas coisas? Ninguém sabe. Outra cena que fica estranha, até mesmo para quem assistiu a novela, é quando Moisés pergunta a Hur (Floriano Peixoto) sobre os seus antepassados.

Cenas do filme "Os Dez Mandamentos" (Foto: Reprodução)

Cenas do filme “Os Dez Mandamentos” (Foto: Reprodução)

A cena aparece toda picotada, como se tivesse sido pega a original e resumida por um estudante do ensino médio em um programa gratuito de edição. Muitas falas foram cortadas, e a expressão do ator não deixa claro que ele exitou muito antes de falar a verdade para Moisés. Foi bizarro.

Mas a maior surpresa fica por parte da abertura do Mar Vermelho. A quantidade de hebreus que deixa o Egito é impressionante, mas na passagem, não está nem 1/4 daqueles outros. Dada como impecável pelo diretor Alexandre Avancini, a discrepância da quantidade de figurantes de uma cena para outra é grande.

Os efeitos especiais da saga “Os Mutantes” chegam a superar os dessa abertura. Por fim, eles chegam à Terra Prometida, não é mostrado o desfecho do Faraó Ramsés (Sérgio Marone) e de sua esposa Nefertari (Camila Rodrigues), nem do que se tornou o Egito.

É acrescentada apenas uma cena inédita, que é a do povo hebreu se voltando contra Moisés, adorando a um bezerro de ouro. Até mesmo essa cena, que deverá ir ao ar na segunda temporada da novela, se torna incompleta, pela falta de continuidade entre as sequências.

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E o tal “final diferente”, anunciado exaustivamente pela emissora, não passa das cenas das próximas produções, a segunda temporada de “Os Dez Mandamentos”, e da novela “A Terra Prometida”, que entrará na sequência.

Mas se esse filme já bate recorde de ingressos vendidos, o objetivo da Record e da Igreja Universal foi atingido, e pelo menos alguém saiu ganhando nessa história, porque os telespectadores não ganharam nada. Foi uma triste sensação de estar assistindo um “vale a pena ver de novo”.

Por Lucas Medeiros (@iucasmedeiros)

As opiniões aqui retratadas não refletem necessariamente a posição do TV Foco e são de total responsabilidade de seu idealizador.

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