OPINIÃO | Record começa a obter privilégios após forte campanha bolsonarista
31/10/2018 às 7h44
Como de praxe após a vitória nas urnas, o presidente eleito é alvo de todos os veículos de comunicação, principalmente os canais abertos, os quais tentam mostrar ao seu público, por exemplo, a primeira entrevista do recém-eleito. Nessas eleições, Jair Bolsonaro cedeu entrevistas às principais emissoras televisivas; entretanto, a Record obteve vantagens, como a primeira entrevista exclusiva com o novo presidente do Brasil e também a primeira entrevista com a nova primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro.
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A edição anterior desta coluna aprofundou as razões pelas quais a Record optou por apoiar escancaradamente o candidato Jair Bolsonaro, inclusive com destaque para o comportamento ambicioso e oportunista da emissora de Edir Macedo. Dito isto, os primeiros privilégios obtidos pela Record não chegam a surpreender e só reforçam a relação bastante amigável entre o presidente eleito e a emissora da Barra Funda.
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Após a apuração das urnas, a Record exibiu em seu Domingo Espetacular a primeira entrevista da nova primeira-dama a um veículo de televisão, dessa forma com exclusividade. Entre outras coisas, a entrevistada revelou detalhes de como conheceu e como é Bolsonaro dentro de casa, como marido e pai; Michelle também refutou acusações sobre a postura preconceituosa do novo presidente e aproveitou o espaço para falar de sua vontade de “fazer a diferença” na função que exercerá, com ênfase para seu envolvimento com a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), a língua usada pela maioria dos surdos dos centros urbanos brasileiros para comunicação e expressão.
Já em seu primeiro dia como presidente eleito, Jair Bolsonaro cedeu entrevista para a Record, Band, SBT, RedeTV! e Globo. Como citado anteriormente, a Record teve o privilégio de ser a primeira a exibir uma entrevista com o candidato eleito, tal como ocorreu em eleições anteriores, como de Dilma Rousseff em 2010 e 2014. Todo veículo deseja o feito da Record, por isso esse privilégio é tão comemorado por quem o alcança.
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Para efeito de comparação, Bolsonaro teve entrevista ao vivo de 12 minutos ao Jornal Nacional da Globo, com perguntas de William Bonner e Renata Vasconcellos. Na Record, também ao vivo, o presidente eleito falou por mais de 30 minutos, em conversa com Eduardo Ribeiro, o qual também foi responsável pela entrevista com a primeira-dama.
Como visto, a Record tem tudo para obter muito mais vantagens no novo governo, especialmente quando se analisa a afirmação do presidente eleito de que pretende privatizar ou acabar com a TV Brasil, a rede de televisão pública brasileira pertencente à Empresa Brasil de Comunicação. Nesse cenário, a Record passa a angariar privilégios por ter feito campanha para o candidato do PSL, mesmo que isso arranhe ainda mais sua imagem por se tratar de um veículo de comunicação que deveria ser isento.
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As opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor, não correspondendo, necessariamente, ao ponto de vista do TV Foco
Autor(a):
Danyllo Junior
Escreve artigos de opinião sobre televisão desde 2009. Enfermeiro, Mestrando da UFRN, autor de livro - Morte Gêmea - e contos, e apaixonado pelos afins da televisão. Integra a equipe do TV Foco/iG desde maio de 2013, assinando atualmente a coluna semanal ‘Ligado na TV’, na qual lança seu olhar sobre o curioso universo televisivo. (e-mail: [email protected])